sábado, 27 de fevereiro de 2010

Um mergulho para a imoralidade


No futebol, assim como no desporto em geral, jogar com fairplay é considerado uma qualidade respeitável, no entanto, infelizmente, ainda não é uma qualidade vencedora. Em boa verdade, e na minha perspectiva, o respeito pelo adversário por mais que seja promovido numa equipa torna-se muitas vezes um dos princípios mais difíceis de respeitar em campo. Bons exemplos são os clássicos como o Benfica-Sporting ou um Porto-Benfica em que o espírito de rivalidade imposto pela sociedade, imprensa e adeptos atinge uma dimensão tal que a carga emocional que atinge os jogadores se torna muitas vezes incontrolável. Do difícil controlo emocional patente nestes jogos e da urgência de chegar à vitória custe o que custar, surgem faltas despropositadas, discussões, agressões, insultos aos juízes, manobras de perdas de tempo e os bem famosos mergulhos para o relvado.

Pegando no último ponto do parágrafo anterior, os chamados “mergulhos” são um fenómeno já bem impregnado na cultura futebolística portuguesa. Vemos jogadores importantes a jogar em Portugal e a fazê-lo constantemente: Liedson, Moutinho, Di Maria, João Pereira, Christian Rodriguez, etc. Também um pouco por todos os campeonatos europeus iludir o árbitro é uma prática comum profundamente enraizada, provavelmente muitas vezes incutida pelos próprios treinadores. Mais importante ainda os melhores jogadores do Mundo e verdadeiros modelos de referência no futebol, tais como Cristiano Ronaldo e Messi, são bem conhecidos também pelas suas manobras de teatro.

Para além dos “mergulhos”, outras acções de anti-jogo saltam à vista em inúmeros jogos tais como a provocação dos jogadores adversários de forma a serem expulsos, a simulação de pedidos de assistência médica com o propósito de perder tempo, as demoras de reposição da bola em jogo, entre outras. Verifica-se assim toda uma geração futebolística que vê esta prática como normal e até mesmo como parte integrante do jogo e estrategicamente importante. Será este um bom caminho?

No futebol moderno é visível a filosofia de que tudo vale para chegar à vitória até porque se não é a nossa equipa a fazê-lo outras o farão e os perdedores acabarão por sermos nós. A verdade é que o anti-jogo muitas vezes resulta e dá campeonatos e troféus e o que ficará para a história serão as vitórias, toda a gente esquecerá os “mergulhos” imorais. Deverão as leis do jogo ser mais rígidas para com os infringimento do fairplay? Ou deveremos conformarmo-nos com o facto de que o futebol afinal de contas é um jogo inventado por homens e os homens como sabemos nunca serão puros? Lanço a questão.

quarta-feira, 24 de fevereiro de 2010

Obrigado por seres Português!

Não, não sou daqueles que dizem que Messi é o melhor do mundo apenas porque é estrangeiro; não faço parte dos que dizem que CR9 é um menino mimado que gasta dinheiro incontrolavelmente (quem é que não o fazia com a idade dele e com o dinheiro que tem?); não, também não condeno as aventuras de Ronaldo durante as férias em que se envolve com mil e umas mulheres (presto-lhe sim vassalagem!). Sim caro leitor, também não critico Ronaldo pelo que ele (aparentemente) não rende na Selecção Nacional até porque essa parece-me uma falsa questão. Se vocês fossem seleccionadores, deixariam Ronaldo de fora? Pois, bem me parecia! Afinal alguma falta deve fazer…

Não sei se já todos paramos para pensar na grandeza do jogador, mas ouvir Sir Alex Ferguson dizer que Ronaldo foi o melhor profissional que alguma vez treinou, são palavras tão grandes quanto os jogadores que Fergy já treinou (Cantona, Giggs, Yorke, Ferdinand, Van der Sar, entre outros).
Se tiverem tempo, percam 15m a ver um resumo alargado do Real Madrid – Villareal (sim, imagino que não tenham visto o jogo pois a essa hora os pseudo-campeões - vulgo, pseudo 4º grande de Portugal eram humilhados no Dragão) onde Ronaldo “apenas” fez o seguinte:

1. Marcou um golo do outro mundo;
2. Esteve no lance do penaltie que Kaká converteu;
3. Assistiu Higuain de forma magistral;
4. Isolou Marcelo para este assistir Higuain;
5. …e sofreu o penaltie que Xabi Alonso converteu.

Assim, em 6 golos, Ronaldo participa directamente em 5.

"Pouco", dirão os do costume… OBRIGADO por seres Português, digo eu!

Assim sendo, depois de conquistar Old Trafford, depois de já ter uma estátua em Madrid e de muitas outras coisas, falta apenas conquistar alguns portugueses porque os restantes, adeptos do United e do Real, já se renderam às evidências
!

terça-feira, 23 de fevereiro de 2010

Que saudades!

É Domingo! Passei a tarde toda a consultar o teletexto da RTP para ver os resultados e marcadores do nosso campeonato. Sinto o friozinho na barriga cada vez que actualizo a secção “Resultados e Marcadores”. Será que a minha equipa já marcou?

À noite preparo os livros para amanhã começar mais uma semana de aulas após um fim-de-semana recheado de futebol e golos! Toda aquela expectativa e emoção da tarde era esbatida por um sentimento de revolta por ter que ir aturar uns professores que (achava eu) nada de útil diziam. No entanto, algo de positivo restava para o resto da noite: o Domingo Desportivo. Sim, era aquela a minha única oportunidade de ver os golos da jornada, os peritos a analisar as diversas equipas e, se tivesse sorte, ainda tinha a possibilidade de ver um ou dois resumos de jogos de ligas estrangeiras. Espectacular!! A minha consciência bem me dizia que devia dormir para começar bem a semana mas não dava…aquilo para mim é que era começar bem a semana: a ver futebol! O que tinha ouvido na rádio e o que tinha imaginado durante a tarde estava agora ali à vista! Era impossível perder um programa.

Vem este meu regresso ao passado na sequência de um contraste que sinto: se por um lado acho que o futebol está demasiadamente banalizado, por outro, considero que há um vazio tremendo a nível televisivo no que ao futebol diz respeito. Confuso? Passo a explicar:

1. Actualmente o acesso à informação é algo banal. Não há altura em que não vá à internet saber as últimas do desporto, saber quanto está um jogo que está a ocorrer num outro país qualquer e posso inclusivamente assistir pela net aos jogos que bem entender dos quatro cantos do mundo. É fácil, simples, económico e viciante. Afinal de contas basta carregar em F5 para actualizar (bem mais simples do que andar com comandos da TV para trás e para a frente!). Mas será que com tanta informação à disposição acabamos por retirar o prazer de ver futebol que tínhamos antigamente?! Eu acho que não. A velha máxima de que “só se dá valor quando não se tem” aplica-se que nem uma luva neste caso.

2. No entanto, toda esta facilidade de acesso, acaba por não se reflectir nos programas televisivos dedicados ao futebol. Pelo menos eu, não consigo identificar nenhum que me faça sentir esse gosto pelo futebol jogado como o Domingo Desportivo me proporcionava. Basta enumerar alguns dos que existem actualmente para percebermos o estado de discussão do futebol nacional – “Trio de Ataque”, “Dia Seguinte” e “Prolongamento”. Ofensas e insultos de homens que se apresentam como bem formados? Não, obrigado! O único que me faria parar para ver é o “Pontapé de Saída” onde, de facto, se discute futebol a sério com dois comentadores que considero imunes a pressões. Mas imaginem só: é, de todos os programas que enumerei o de mais curta duração!! Isto de ter que falar de futebol jogado é cá uma chatice…

Enfim, e estamos assim! Mergulhados numa situação que não me parece ter retorno onde o futebol é cada vez mais uma indústria dominada por interesses televisivos e que se alimenta de constantes polémicas.

E que saudades eu tenho daqueles domingos!

domingo, 21 de fevereiro de 2010

É difícil, não era?


Sou uma pessoa que para cada problema gosta de encontrar uma solução. E quanto mais criativa e funcional melhor. Não é para me gabar, mas se houvesse no futebol português mais pessoas a pensar assim, este seria certamente diferente.

Vejamos, então, o caso do futebol português, em que qualquer pessoa que tente analisar os seus problemas se depara com um imenso rol de dificuldades.

Comecemos pelo mais recente, o caso da demora na aplicação dos castigos. É impensável que castigos para jogadores de uma competição profissional demorem 2 meses a sair. É revoltante. Pelo castigo aplicado, ficou provado a má conduta de Hulk e Sapunaru sendo que Hulk até apanhou uma pena inferior ao mínimo previsto, mas se estas decisões ivessem sido tomadas de forma mais célere, como é possível tomar (vejam o caso de Pepe em Espanha) teria sido evitada muita polémica.

Depois há a questão da arbitragem. Os árbitros têm na arbitragem um hobby, não é a sua verdadeira profissão. Consequentemente não passam a semana a preparar-se devidamente para o jogo de uma competição mais que profissionalizada. Para quando a profissionalização da arbitragem, para que os árbitros se preparem devidamente e vejam penalizadas as suas regalias (salariais ou não) quando os seus objectivos mínimos de eficiência não forem atingidos?

Aumentar o número de árbitros também deveria ser considerado. Dois árbitros em pleno relvado, um principal e outro auxiliar (para quando estivessem em contradição) e a capacidade para cada equipa recorrer à análise vídeo em um lance em cada parte. Traria mais verdade ao jogo em si, e acabariam os penalties mal marcados sobre Aimar e os guarda-redes expulsos no Dragão com bolas na cara...

Sou totalmente a favor da verdade desportiva e que quem ganhe o faça verdadeiramente por merecer, seja qual seja o clube. Que ganhe quem efectivamente merece.

Assim, acabaria muito do retirar de mérito que se vê fazer a quem vai na frente e acabaria muito do sentimento de injustiça que se vê por aí em algumas conferências de imprensa...

sexta-feira, 19 de fevereiro de 2010

Uma Rivalidade Viciante


O futebol é um jogo de regras simples, no entanto a competição que se trava dentro de um estádio não poderia ser mais complexa. Uma partida de futebol não se resume a uma disputa entre 2 equipas adversárias que tentam marcar mais golos que a outra, é muito mais que isso. Há toda uma aura de rivalidade num jogo de futebol que mexe com as nossas emoções e nos faz gritar de alegria ou de fúria, faz-nos viver intensamente o jogo em que de uma certa forma defendemos a nossa própria identidade.

Em plena semana de competições europeias é frequente ver adeptos portistas a desejar a derrota ao Benfica na Liga Europa assim como também se vê imensos benfiquistas a desejar o mesmo ao Porto na Champions. Muitos questionam se isto será correcto, chegando mesmo a apregoar que é por causa deste tipo de mentalidade que Portugal se atrasa cada vez mais no ranking europeu. Eu não vejo assim. Sim é um desrespeito perante o nosso rival desejar-lhes o mal numa competição que nem envolve a nossa equipa, mas é um desrespeito mais que esperado e natural na minha óptica. O clima de ódio entre os adeptos benfiquistas e portistas na minha opinião é o que dá aquela pimenta agradável ao nosso tão amado futebol.

No dia do próximo embate entre Porto e Benfica, qual será o portista que não pensará noutra coisa senão dizimar os encarnados para depois no dia a seguir atirar na cara do amigo benfiquista mais próximo que afinal o super Benfica de Jesus afinal não é assim tão super? Qual será o benfiquista que não desejará ansiosamente que o seu Di Maria, Saviola e Cardozo espalhe o terror na baliza azul e branca para depois confrontar o portista tristonho que afinal o Glorioso é quem domina? Este conflito Norte-Sul por vezes assume uma proporção tal que às vezes parece que temos a sensação que há uma espécie de guerra civil iminente no país. Todos sabemos que não é verdade, embora as nossas emoções cheguem ao rubro. Lemos os jornais desportivos, os blogs, assistimos aos debates na TV e na Rádio, ouvimos os presidentes dos nossos clubes, vivemos as desconfianças e as polémicas estaladas, chegamos à conclusão que todo o mundo desportivo com toda a sua rivalidade parece quase doentio, porém a verdade é que vai ser um mundo que provavelmente irá continuar a ocupar uma boa parte das nossas vidas, e ainda bem.

Discute-se, zanga-se e insulta-se até mesmo entre família e os amigos mais íntimos por causa do futebol, as pessoas parecem que se transformam em monstros irreconhecíveis quando discutem o lance perdido, o roubo do árbitro, a má escolha do treinador, grita-se, esbraceja-se, perde-se o controlo e por vezes chega-se mesmo a roçar a agressão. No fim as coisas acalmam, muda-se de tema, apertam-se as mãos e voltam os beijos, amigos voltam a ser amigos, família volta a ser família. Foram os nossos 90 minutos. É esta a beleza do futebol.

terça-feira, 16 de fevereiro de 2010

Sporting: o início do fim?


Serei muito breve nesta minha análise até porque penso que está quase tudo dito e escrito acerca de um dos grandes (?) do futebol Português.

Gostaria apenas de saber a vossa opinião, estimados leitores, acerca de quem é o principal culpado da actual situação do Sporting. Já ouvi opiniões que defendem que a situação já se arrasta desde o tempo de Dias da Cunha, já ouvi “comentadores profissionais” (como o Sr. Rui Santos gosta de se apelidar…) dizer que Paulo Bento ainda tem responsabilidades nesta situação e já ouvi pessoas ilibarem o actual presidente (que, coitado, apenas é remunerado, e teve direito a umas férias merecidas no Brasil, abandonando o seu clube a humilhantes derrotas!).

O camarada e amigo “Cacha” já escreveu sobre o Sporting num artigo recente em que ele diz que é necessário dar voz aos inconformados. Eu, antes de partir para as soluções, prefiro tentar encontrar os culpados, tentar perceber como foi possível o Sporting chegar à situação ridícula em que se encontra (sim, nem que joguem muito bem na Liga Europa, isso não apagará os problemas graves que este clube tem).

Penso que há dois problemas fundamentais neste Sporting que se identificam.

1. É inegável que o plantel tem jogadores de qualidade! No entanto, ninguém pode dizer que Liedson, Moutinho, Veloso, M.Fernandez, entre outros, estão a render o máximo das suas capacidades. A questão é simples: porque é que estes jogadores não rendem?
Talvez pela mesma razão que Di Maria, Aimar e Cardozo não rendiam com Quique Flores…

2. O outro problema, e esse parece-me que JEB é o único responsável, prende-se com a escolha de um treinador fraco. Pode ser um óptimo mestre de tácticas, um óptimo filósofo mas, numa equipa à deriva, penso que é preciso ser um bom condutor de homens, alguém que chame a si a responsabilidade e saiba unir um grupo, que saiba arranjar motivação onde ela já não existe, que acredite quando todos atiram a toalha ao chão, que faça o público acreditar, e acima de tudo, que acredite nele próprio. Carlos Carvalhal nesse aspecto é simplesmente ZERO.

Assim, identificados que estão dois problemas do Sporting, gostava de ler as vossas opiniões. Comentem e digam de vossa justiça: quem são os principais responsáveis por esta crise? O SCP já bateu no fundo, ou isto será apenas, o início do fim?

domingo, 14 de fevereiro de 2010

A mente no futebol

Tal como acontece em muitos meios informativos, também eu vou eleger a frase da semana: “Cristiano é como eu: o ódio motiva-o!” – Hugo Sanchez.

A meu ver Cristiano Ronaldo é o melhor exemplo para demonstrar por A+B a forma como o domínio psicológico pode ser revertido a nosso favor ainda que possamos estar perante situações menos agradáveis. Basta relembrar todos os episódios pelos quais já passou, todas as críticas que lhe são feitas, os augúrios da desgraça que lhe vaticinam e qual é o resultado? Continua a marcar golos e a dar espectáculo! O resto são fait-divers que nada têm a ver com o que interessa para o futebol.

Ao contrário do que muitos pensam, eu considero que o grande potencial dos jogadores não está na técnica ou na cultura táctica que possuem mas acima de tudo na capacidade mental. Por “capacidade mental” entendo um conjunto de aptidões que envolvem não só a inteligência em campo como também a capacidade para saber lidar com a pressão e a habilidade para perceberem que a profissão que escolheram dura pouco tempo e tem que ser levada realmente a sério. Por mais que os treinadores incidam nesta vertente, a palavra final está sempre do lado do jogador.

Quaresma, Postiga, Dani e Miguel são apenas alguns dos exemplos nacionais que podem ser referenciados. De facto, estes jogadores não têm denotado capacidade para saber lidar com todas as exigências que o futebol actual impõe. Se nos dois primeiros casos tem-se tornado por demais evidente a oscilação psicológica (que se reflecte em campo) quando lhe são dirigidas críticas, os dois últimos enquadram-se no tipo de jogador que não conhece as responsabilidades que estão associadas à profissão. De madrugada normalmente não há jogos de futebol.

Por tudo isto, já não ligo muito aos rankings que normalmente surgem dos jogadores com mais futuro, nem considero benéfico todo o endeusamento que é feito aos jovens portugueses que normalmente tem acabado em prestações péssimas nas categorias inferiores. Considero que Cristiano Ronaldo deverá ser uma referência no que diz respeito à perseverança, à capacidade de resistir às críticas, a vontade de vencer e de encarar a profissão em que se insere. Se dura tão pouco tempo deverá ser aproveitada devidamente para que não se chegue aos 40 e se diga: “Eu podia ter sido dos melhores do mundo mas tive azar!”

E quantos de nós não gostariam de ter as oportunidades que estes jogadores tiveram…

sexta-feira, 12 de fevereiro de 2010

Pare, escute e reflita...


Este meu post não será muito extenso. Não será muito extenso porque vou escrever sobre um tema que me enfastia desde há muito tempo, seja qualquer que seja o assunto em questão. É o facto de se recorrer a argumentos para tentar contrariar os factos ou o arranjar de desculpas para justificar determinadas acções ou previsão de acontecimentos. Senão vejamos.

No fim do último jogo, Jesualdo Ferreira queixou-se de que os adeptos do Porto têm de fazer 600 km para ver a final da Taça da Liga. Então os do Benfica não têm de fazer 300 km, que, apesar de ser uma distância menor, é também uma distância considerável para qualquer adepto? Quereria ele que o jogo fosse no Dragão? Quero com isto dizer que a distância é grande para os dois clubes e seus adeptos e que estas declarações me parecem um bocado "mania da perseguição", a juntar às declarações de que o jogador Mossoro vai voltar precisamente contra o Porto.

Um pouco difícil de acreditar foi também a desculpa do treinador adjunto do Benfica para se ter deslocado ao hotel da equipa do Sporting de Braga, dizendo que foi para trocar uma mala Louis Vouitton com o jogador Renteria. A ser verdade, deveria ter esperado pelo fim do jogo para se dirigir lá, para que não se levantasse o subsequente clima de suspeição, tão comum hoje em dia.

Como já foi referido neste blog, a amnésia do jogador Vandinho, que não se lembra de quem o treinou o ano passado, também é, no mínimo, caricata.

E isto para já não falar em fruta, escutas e túneis.

Será pedir muito que as personalidades ligadas ao futebol, se dediquem a isso mesmo, ao FUTEBOL, no seu estado mais puro, sem artimanhas ou desculpas de qualquer género?

quarta-feira, 10 de fevereiro de 2010

O Desnorte de Alvalade


Perante a chegada de um novo treinador e das suas novas ideias acompanhados de uma viragem radical da política de contratações do clube, tudo parecia bater certo para um renascer de um novo Sporting esta época. Os primeiros resultados da era Carvalhal assim o provavam começando com uma boa prestação em Alvalade perante o poderoso Benfica (empate a zero), passando depois por um sinal forte de recuperação, chegando mesmo a arrecadar sete vitórias consecutivas.

Parecia haver provas convincentes de que a formação leonina tinha acabado de entrar de novo numa espiral positiva, assimilando novos mecanismos, novos princípios de jogo, um novo sentido colectivo positivo. Ao mesmo tempo, importantes contratações vieram reforçar o já cronicamente fraco sector defensivo leonino assim como também no ataque, cuja compra de Sinama Pongolle por 6,5 milhoes de euros foi prova máxima de um virar de página da nova filosofia do clube, que não abrangeu o infortunado Paulo Bento.

Mas de repente, tudo parece desmoronar-se mais uma vez. A demissão de Sá Pinto foi um reflexo de uma estrutura directiva extremamente frágil, ao mesmo tempo dentro de campo a evolução do modelo de jogo sportinguista parece ter estancado, os jogadores já parecem não se entender e não conseguem pôr em prática as novas ideias com a eficácia dos primeiros jogos. Mas pior que isso e talvez seja o mais alarmante, é a apatia e falta de vontade dos jogadores em querer mudar o rumo das coisas. Isso foi notório perante o Porto na semana passada, e agora contra o Benfica viu-se que as coisas continuam na mesma, apesar de terem jogado com menos um jogador com base num acto inexplicável de João Pereira.

O Sporting precisa de um grito de um herói, de um verdadeiro líder que saiba reunir as forças e injectar doses consideráveis de ânimo na equipa. A cara impávida e as vezes quase conformada de Carvalhal perante os jogos mostra que não é ele esse líder, talvez seja um treinador muito competente na abordagem técnica do jogo, mas o papel de treinador requer um componente psicológico que envolve saber liderar, saber comunicar com a equipa para a não deixar ir abaixo e acima de tudo tomar as decisões certas no momento certo em pleno jogo, e nesse ponto Carvalhal parece falhar redondamente.

Perante momentos difíceis, o inconformismo destaca-se e no meio do tristonho grupo leonino há uma pequena luz de comando com vontade virar as coisas. Parte dessa luz será Liedson. De personalidade forte e espírito combativo, o Levezinho parece ser dos únicos que não desiste perante a situação negativa da equipa, atacando e também defendendo com garra, Liedson mostra uma atitude contagiante, chegando mesmo a ter que acordar os adeptos amorfos de Alvalade. Também Moutinho fará parte dessa luz, o irrequieto criativo mostra ter iniciativa e vontade de querer abalar a apatia. Talvez a solução sportinguista passe por dar destaque a estes inconformados.

domingo, 7 de fevereiro de 2010

“Hablar de los árbitros es perder el tiempo” - Guardiola

Esta frase pertence a alguém que aprendi a admirar desde os tempos de jogador e que se tornou num treinador admirado e respeitado por todos, não só pelos títulos que conquistou, como também pela sua forma de estar na vida e no futebol.

Partilho inteiramente do pensamento de Guardiola, por achar que não é falando dos árbitros que o futebol evoluirá. Creio, inclusive, que quanto menos se falar de árbitros, melhor será o futebol.

Recentemente, assistimos a uma partida fantástica do Setúbal contra o clube proclamado campeão pela imprensa e adeptos, em que tacticamente os homens de Manuel Fernandes (MF) foram fantásticos, lutando até à exaustão. No final do jogo, o seu treinador (que muito admiro, e que seria uma boa solução para o SCP, mas isso já é outro assunto…) vem falar do árbitro, de um golo (mal) anulado ao seu clube. Não está em causa se ele tem ou não razão, porque a tem, mas o que ganhou ele com essa afirmação? O futebol melhorou? A equipa cresceu com isso? A classificação alterou-se?

Penso que nós, adeptos, também somos agentes desportivos pois sem nós, o futebol não existiria. Ele existe para nós, e por nós. Assim, entendo que temos responsabilidades em tornar o futebol melhor e não é criticando os árbitros que o futebol vai evoluir. Podem ter a certeza!

Seria muito mais prático MF dar os parabéns à sua equipa e mostrar a sua satisfação por conseguir roubar pontos àquela que é neste momento, de longe, a melhor equipa deste campeonato.

Da mesma forma que a JJ, só lhe ficava bem reconhecer que a sua equipa perdeu pontos porque o adversário foi defensivamente muito superior, que não teve a estrelinha do seu lado e que se a sua equipa não foi capaz de praticar o futebol fantástico que tem praticado e ao qual todos os adeptos que gostam de futebol se têm rendido, foi muito por mérito do Setúbal. Ou alguém acreditava que o Benfica não iria perder mais pontos até final do campeonato?

Falar de mãos na bola de Zoro, de penalties de Di Maria, de golos mal anulados, de hipotéticos cartões, de simulações, de mãos na bola ou bola na mão, de foras de jogo em linha, etc.., apenas serve para discutir o acessório e não o essencial: o futebol, a táctica, os golos, a emoção!

PS: apenas quero deixar a minha opinião acerca de um tema sobre o qual ainda não me pronunciei e ire fazê-lo agora pela primeira e última vez: os túneis. Tenho pena do Braga pois, nesta altura, possui na sua equipa jogadores bastante jovens que já sofrem de Alzheimer. Os meus pêsames ao Vandinho que já não se consegue recordar do seu treinador adjunto da época passada…

sexta-feira, 5 de fevereiro de 2010

Os túneis da discórdia

É inevitável não falar nos túneis. Tentei evitar comentar em posts anteriores este tema mas começa a ser demasiadamente falado para passar ao lado deste assunto. Sem qualquer tipo de folclore e indo directo assunto! Será assim este texto.

Ponto prévio: considero que neste momento Benfica e Braga são as equipas que merecem estar na frente com todo o mérito e mais algum. Jogam bem, entusiasmam e dá gosto vê-las jogar!

Todavia, essa minha constatação não invalida outras considerações. Vamos a factos. Este ano a palavra “túnel” tem sido variadamente repetida e sempre com o mesmo protagonista envolvido: o Benfica! Estranho ou não, a verdade é que de todas as confusões que vieram a público têm um denominador comum, o clube da Luz. O Benfica tem-se posto mais que a jeito para estas situações, criando ou envolvendo-se em confusões que nada têm a ver com o futebol dentro das 4 linhas. A balbúrdia em que o futebol português está mergulhado neste momento é deprimente: assistem-se a publicações diárias de vídeos na SIC e na Abola aos quais mais ninguém tem acesso, incentivando a que esta discussão se mantenha. O Jogo responde em jeito de contra-ataque. Que mais dizer? Ridículo!

Nacional, Braga e FCPorto - todos eles viram-se envolvidos em confusões com jogadores/staff/stewards ligados aos encarnados. Alguns destes jogadores suspensos indefinidamente (Hulk e Sapunaru), outros castigados numa fase crucial do campeonato (Mossoró e Vandinho). No entanto uma coisa é possível notar: temos duas equipas, confusão entre elas e os castigos nunca saem para os jogadores ou staff do Benfica! (Sim, excepção ao Cardozo).

Confesso que me faz muita confusão este “critério” (?) de castigos que têm sido aplicados e o timing de aplicação dos mesmos. Estes últimos aplicados ao Vandinho e ao Mossoró fazem corar de vergonha todos aqueles que gostam de campeonatos ganhos dentro das quatro linhas, com o mérito devido. Dar a conhecer os castigos precisamente um dia após o fecho das inscrições indicia que algo não bate certo.

E assim, justa ou injustamente, o Benfica está-se a pôr muito a jeito para ser ligado a manobras de bastidores! E não precisa disso já que tem tido futebol suficiente para ser considerado um justo campeão…

quinta-feira, 4 de fevereiro de 2010

Tens o que é preciso?


Depois de analisar com atenção os últimos jogos do Braga e o seu percurso esta época, venho aqui levantar uma questão: o que precisa um clube de ter para ser considerado um grande? O que precisa um clube para não ser uma daquelas "pessoas" a quem todos atribuem capacidades mas que nunca se consegue suplantar?

Comecemos pelo início e mais importante: para ser "grande" um clube precisa de bons resultadose mais do que isso, precisa de os manter durante um período de tempo considerável. Pois, caso contrário, arrisca-se a nunca ter esse estatuto de grande, com o exemplo que mais salta a vista a ser o Boavista que mesmo ganhando um campeonato e tendo ido às meias finais da Taça UEFA nunca atingiu o estatuto de um "grande".É também inegável que um grande tem também de ter história, que advém também de resultados passados. Mas como nem só de história se faz um "grande" o Belenenses cai também fora desta categoria.

Ponto seguinte, clube "grande" tem de ter capacidade de manter e mobilizar uma grande massa associativa, tem de provocar paixão nos seus adeptos quer nos bons, quer nos maus momentos. O Guimarães é disto um bom exemplo, sendo no entanto o único dos requisitos para ser "grande" que possui.

O protótipo de clube "grande" tem também de provocar ao jogador de futebol vontade de vestir a sua camisola, curiosidade em sentir o que é estar do lado de lá da barricada. Creio que isto o Braga já conseguiu, como está patente nas suas contratações desta época. Posto isto, fica claro que Benfica, Sporting e Porto são clubes inegavelmente "grandes".

Fica também claro que um clube com feitos recentes como o Boavista, com a história do Belenenses, a paixão do Vitória de Guimarães e o plantel do Braga seria "grande" e lutaria taco-a-taco com os 3 clubes referidos.
Mas a pergunta pertinente para actualidade futebolística é: terá o Braga condições para atingir estes requisitos? Será o Braga considerado um clube grande dentro de 5 anos? No meu entender tudo leva a crer que sim, analisando o rumo que o clube e os seus resultados levam. E acho também que o futebol português precisa de um Braga grande..
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