terça-feira, 30 de novembro de 2010

Uma nova regra no futebol

O futebol apresenta algumas certezas:
- Quem marca mais golos ganha;
- Um empate vale 1 ponto e a vitória vale 3;
- Uma falta dentro da área dá direito a penaltie;
- Cada equipa começa o jogo com 11 jogadores;
- Etc.…

Mas eis que, em pleno século XXI, surge uma nova regra, faltando apenas aguardar a homologação da mesma por parte do Sr. Blatter:

- Em todos os jogos que AVB esteja a treinar o FCPorto e o seu clube perca pontos, AVB é expulso.

Esta regra tem a particularidade de o árbitro não necessitar de dar a indicação a AVB para se retirar: mal ele tenha a noção que não irá conseguir ganhar o jogo, retira-se do mesmo, ficando ao seu critério dizer ou não as seguintes humildes e honestas palavras, em tom cordial (como ele diz que disse em Alvalade…) “Sr. árbitro, peço-lhe encarecidamente desculpa, mas, sob o meu humilde ponto de vista, enquanto ser Humano participante nesta linda festa desportiva e tendo em conta a minha reconhecida imparcialidade, parece-me que está a ter uma dualidade excessiva de critérios”.

Há uma boa notícia no meio disto tudo para o futebol português: o FCPorto é o único clube que consegue levar um adepto fanático para o banco de suplentes… Contudo, o local dos adeptos é na bancada, razão pela qual ele nem sempre se consegue manter no banco de suplentes.

O que, no meu ponto de vista, é mau… Afinal, já que não podemos contar no nosso campeonato o melhor treinador do mundo, parece-me importante que o campeonato possa contar com aquele que é actualmente, e independentemente das cores clubísticas, o melhor treinador português!

Apesar de jovem, apesar da quase ausência de títulos, penso que é inegável o seu talento, a sua qualidade e a enorme margem de progressão que tem.

Contudo, convém rever alguns comportamentos, pois na História, não existe nenhum adepto que tenha tido sucesso no banco de suplentes...

Por isso, se quer sucesso, convém que se comporte como um treinador e não como um adepto.

domingo, 28 de novembro de 2010

O que se joga aqui?

Gosto de ver um jogo de futebol bem jogado, com muitos golos e levado aos limites. Mas nos jogos em que não entram nem a equipa da qual sou aficionado nem a minha selecção nacional não consigo vibrar verdadeiramente por nenhuma das equipas, nem fico com aquele nervosismo antes dos jogos. Pois bem, esta situação alterou-se. E é com grande ansiedade que aguardo pelo pontapé de saída para o jogo que segunda-feira se vai realizar em Camp Nou entre Barcelona e Real Madrid.

Antes de mais, será para ver como José Mourinho irá passar mais este teste. Mourinho já ganhou tudo o que havia para ganhar nos clubes por onde passou, logo não tem nada para provar. Mas este jogo é diferente. É um desafio único. É a prova de fogo num clube já apelidado de cemitério de treinadores. É o jogo contra o "sempre-todo-poderoso" Barcelona. É o jogo contra o carrossel e o futebol bonito de Guardiola. É o jogo para a competição "melhor equipa do mundo".

É o confronto entre os alternadamente melhores jogadores do mundo Ronaldo e Messi. É o confronto entre os "touros de arena" Ronaldo e Busquets e Piqué (e perdoem-me o fanatismo, que, se for como o Portugal-Espanha, podem vir os dois e ao mesmo tempo que o resultado será sempre o mesmo). É o confronto para melhor guarda-redes espanhol.

É o confronto da região da Catalunha e da sua equipa (e do seu lá nascido treinador) contra o multi-nacionalismo madrilenho e a sua junção de culturas e virtudes futebolísticas. É o confronto para a venda de camisolas às gerações futuras.

É o futebol em tudo o que tem de melhor...

quinta-feira, 25 de novembro de 2010

Quando a motivação fica para trás…

O futebol é, muito provavelmente, a área de actividade que mais se pode assemelhar a uma verdadeira montanha russa de emoções, paixões e opiniões. Tão cedo se está no topo como, logo de seguida, nos encontramos em queda vertiginosa. No meio de toda esta turbulência, nem todos os envolvidos reagem da mesma maneira aos fracassos e expectativas goradas associadas à profissão. Os jogadores são, com toda a certeza, aqueles que mais são influenciados por esta roda-viva de sentimentos.

Se é verdade que um colectivo potencia o individual, também é certo que a soma das partes também condiciona (positiva e negativamente) o colectivo. E quando essas partes não se encontram motivadas e com espírito de fazer mais e melhor, todo o colectivo padece. Neste momento, David Luiz parece-me o expoente máximo do que a desmotivação provoca no rendimento de um jogador e, consequentemente, numa equipa.

Creio que ninguém tem dúvidas do excelente central que é – a presença e titularidade na selecção brasileira assim o confirma. No entanto, se fizéssemos o simples exercício de esquecer o que está para trás e avaliar o jogador pelo que está a fazer esta época, diria que nem 10 milhões valeria. Seja pela expectativa falhada do salto para um campeonato mais competitivo, seja por se considerar maior que a própria equipa ou por achar que já ganhou o que tinha a ganhar, o que é indesmentível é a atitude pouco profissional que o atleta está a ter para quem lhe paga todos os meses.

A pressão dos adeptos, a vontade de revalidar o título e de valorizar ainda mais o jogador, fez LFV rejeitar um conjunto de ofertas no início do ano. Embora não acreditando na loucura dos 35 milhões tão noticiados, tenho a certeza que o Benfica irá perder dinheiro por não ter vendido D.Luiz nesta época.

Este problema de falta de motivação é, aliás, um dos constrangimentos mais notórios nos mais variados clubes. Muito mais do que avaliar tácticas e decidir quais os jogadores a actuar, gerir os egos dos jogadores é, muito provavelmente, a gestão mais difícil de se fazer.

Cabe aos líderes de um clube - seja pela voz do seu presidente, do treinador ou de outra pessoa – dar um aviso sério quando os primeiros sinais de desmotivação começam a aparecer.

E quando este tipo de pensamentos começam a "invadir" a dimensão psicológica de um jogador, a sua carreira é a primeira a correr no mesmo sentido da sua motivação - em sentido descendente!

domingo, 21 de novembro de 2010

Um novo fenómeno no Futebol


São duas da tarde, e num relaxado momento pós-almoço de domingo decido mudar para a Sport Tv deparando-me com mais um jogo da Serie A italiana, Chievo-Inter. Tendo em mente os últimos resultados negativos da equipa liderada por Rafa Benítez, fico por um bocado a assistir com curiosidade o que realmente mudou numa equipa que no ano passado ganhou tudo que tinha para ganhar.

A equipa de Milão mantém os mesmo jogadores do ano passado só que agora com algumas caras novas. Continuam lá os experientes Lúcio, Maicon (apesar de não ter jogado hoje), Cambiasso, Sneijder Stankovic, Zanetti agora misturados com algumas novas figuras como os jovens Coutinho e Biabiany. Mas a verdadeira mudança está na figura que orienta a equipa neste momento, o espanhol Rafa Benítez.

Numa primeira observação da forma de jogar da equipa Nerazzurra nota-se claramente a quase ausência de pressão sobre os jogadores oponentes. Não eram raros os momentos em que os jogadores do Chievo passeavam a bola junto à área do Inter. Lembro-me bem na época passada da forma como Cambiasso, Lúcio, Samuel, Maicon lutava cada metro do relvado por ganhar uma bola e barrar a progressão dos organizadores e avançados adversários formando uma espécie de muro de betão intransponível e digna do maior respeito e que mostraram o seu auge no duelo com o Barça. A entreajuda patente na filosofia de que todos defendem é uma característica que simplesmente não está presente no Inter de Benítez. Os jogadores mostram-se bem mais passivos na fase defensiva do jogo, o bloco desce demasiado dando muito espaço e tempo para o adversário pensar as suas jogadas.

Quem não se lembra dos passes teleguiados de Sneijder cheios de convicção para a correria de Milito e de Etoo? Pois bem, no Inter que se apresenta agora Sneijder mostra-se muito mais apagado e isolado dos restantes colegas. Muitas vezes recorre-se ao jogo directo ineficaz que simplesmente significa na maior parte das vezes dar a bola ao adversário.

Que é feito de Diego Milito? O goleador talentoso que se mostrou tardiamente ao mundo futebolístico mas que apresentou performances invejáveis que culminaram numa exibição de luxo na final da Champions. Simplesmente já não se ouve falar dele.

Dá-se o apito final, e uma performance Nerazzurra desastrosa permite uma vitória mais que merecida do Chievo. De repente, o Inter tornou-se uma equipa banalíssima que neste exacto momento já vai a nove pontos do seu rival directo Ac Milan cuja magia dos seus jogadores aquece um pouco o frio calcio da Serie A.

Em poucos meses, a imediata transição de uma equipa fantástica que esteve no Céu para uma equipa que desceu à terra em queda livre fez-me inevitavelmente pensar em comparações com o que similarmente aconteceu no Fc Porto e no Chelsea. Reflicto e facilmente concluo que há um novo fenómeno no futebol digno de ser estudado e até já lhe dei um nome: o fenómeno Pós-Mourinho.

sexta-feira, 19 de novembro de 2010

Portugal em 90 minutos

Vi o jogo Portugal-Espanha. Inicialmente, temia uma goleada, (mais) uma humilhação… As poucas pessoas na Bancada não eram um bom prenúncio, o adversário era “só” o campeão mundial, e a FPF tinha pago a módica quantia de € 700.000 (um preço de amigo, já que o cache da Espanha são € 1.500.000…) para se dar ao luxo de defrontar a Espanha.

Eis que, sem ninguém acreditar nem perceber muito bem como, Portugal faz um resultado fabuloso, uma exibição a roçar a perfeição, encanta os adeptos e deixa os próprios Espanhóis rendidos a nós!

Não será este o reflexo do País em que vivemos? Ora vejamos alguns pontos em que a realidade e o futebol se tocam de forma perfeita (Mundo Real vs Futebol):

- ausência de um líder em quem confiemos – Cavaco Silva /Sócrates vs Carlos Queiroz;
- facilidade em duvidar de tudo e de todos, até daqueles que o mercado reconhece como valores seguros, fortes e indiscutíveis – Vítor Constâncio / Teixeira dos Santos vs CR7
- o mundo olha para nós como fracos, achando que necessitamos de ser ajudados e incapazes de atingir as nossas metas – PEC vs EURO 2012
- não somos capazes de fazer frente aos mais fortes, temendo-os – Alemanha vs Espanha
- sentimos que apenas e só uma entidade/pessoa nos pode salvar e tirar do buraco em que estamos – FMI vs Mourinho
- não estamos unidos, não acreditamos, não apoiamos, discutimos, criticamos mas somos incapazes de apresentar alternativas viáveis e justas – Greve vs Vazio nos estádios
- não somos capazes de por os interesses do país à frente dos nossos – Partidos vs Clubes
- sentimo-nos menos mal, olhando para a desgraça dos outros – Irlanda vs França

Foram muitos os pontos em que o futebol nos mostrou que a solução está cá, parte da crença, da vontade, da convicção, do querer… Que o futebol seja um exemplo para a grave crise que vivemos, e que sejamos capazes de a ultrapassar com o mesmo brilho que a selecção o fez!


Que levantemos hoje de novo, o esplendor de Portugal, porque também no mundo real, existem líderes fabulosos com uma capacidade invulgar de união, motivação e crença!

Que no mundo real apareça depressa o nosso Paulo Bento, fazendo-nos sentir aquilo que todos sentimos no final do jogo com a Espanha: orgulho em sermos Portugueses!
Eu acredito, e vocês?

quarta-feira, 17 de novembro de 2010

União ou talvez não!

Em dia de jogo marcado pelos interesses da candidatura ibérica e no dia em que foi publicado o relatório efectuado pela FIFA, dei por mim a pensar nos benefícios que Portugal poderá retirar de tudo isto. Poderá efectivamente o nosso país tirar o devido usufruto da organização partilhada deste evento? Tenho as minhas dúvidas.

Tal como acontece em muitos outros domínios da nossa vida – pessoal e profissional – as parcerias “estratégicas” são sempre vistas como algo que nos possa transportar para um patamar que, sozinhos, não conseguiríamos (tão facilmente) atingir. No entanto, em cada uma destas “junções” rapidamente nos apercebemos que existe sempre uma parte mais fraca. Ou é uma empresa que adquire outra em falência, ou uma multinacional que compra uma pequena empresa; pode ainda ser o caso do “patinho feio” de um grupo que sente que só se juntando com os que têm mais sucesso na escola poderá singrar.

Neste ponto do texto já todos devem ter compreendido em qual destes eixos enquadro Portugal e Espanha na organização deste Mundial. É óbvio que os dois países têm a ganhar: traz prestígio para o país, aumenta o número de visitantes e aumenta certamente o comércio local tradicional. Ainda assim, os benefícios serão igualmente repartidos? E quem dá mais a quem?

Vejamos dois dos pontos citados como pontos fortes da candidatura ibérica:
- A experiência em organização de eventos anteriores (Portugal – Euro 2004);
- Transportes, em especial a construção prevista na candidatura da linha de alta velocidade (Portugal).

E como é que nós somos retribuídos? Com os jogos que menos visibilidade terão! Em Espanha realizar-se-ão, entre outros, o jogo de abertura e de encerramento do torneio. O nosso país acolherá porventura meia dúzia de jogos com reduzido impacto.

Mesmo sabendo que Portugal não terá que suportar grandes custos com infra-estruturas uma vez que os estádios a usar estão construídos e que quase tudo seriam proveitos, confesso que fico um pouco reticente quanto à posição de “inferioridade” que Portugal pode passar para o exterior. Mais do que nunca Portugal precisa de transmitir uma imagem segura de si mesma e de que se pode equiparar à sua congénere espanhola.

Se for esta a imagem que ficar do nosso país para o exterior contem com um apoiante. Caso se verifique o contrário, não entrarei nesse clima de euforia. E hoje demos quatro boas razões a Espanha para demonstrar que também estamos “vivos”…

terça-feira, 16 de novembro de 2010

Os altos e baixos do futebol



Toda a gente sabe que o mundo da alta competição, principalmente o mundo do futebol, é um mundo injusto e muitas vezes com "memória de peixe". É incrível a velocidade com que as pessoas passam de bestiais a bestas e vice-versa. Jorge Jesus está agora a viver uma altura da sua carreira onde diariamente se depara com estas palavras.

Senão vejamos. Jorge Jesus ganhou inequivocamente e justamente o campeonato do ano anterior. O Benfica praticou o melhor futebol e nem "super-heróis" estariam a altura de impedir o Benfica de ser campeão. O estádio enchia-se e recebiam de pé o timoneiro da equipa que empolgava com o seu futebol.

Pois bem. Esta época o Benfica perdeu 2 jogadores fundamentais e Jorge Jesus não conseguiu colmatar estas ausências (apesar de Gaitan mostrar que poderá vir a ser um jogador muito interessante), perdendo pontos atrás de pontos no início da época. Um erro táctico crasso contra o Porto (a culpa não é só de David Luiz por não ter conseguido parar Hulk) foi a gota de água para muitos adeptos que foram pedir explicações a Jorge Jesus. Jorge Jesus falou com eles, ouviu-os e prometeu continuar o trabalho. A resposta veio no jogo deste fim de semana.

Esta resposta muito provavelmente não veio a tempo. Benfica e Sporting (e Guimarães e Braga) vão continuar a lutar mas, muito provavelmente, já é tarde demais para recuperar a desvantagem para o Porto. Quero com tudo isto dizer que Jorge Jesus não passou a ser um mau treinador com tudo o que aconteceu. Cometeu erros que lhe custaram caro, mas já tomou outras decisões que deram vitórias ao Benfica. Jesus é um treinador que faz falta ao Benfica e onde, com certeza, vai voltar a ganhar títulos... Não se pode esquecer assim de repente tudo o que de bom o Benfica fez a época passada com Jorge Jesus ao leme...

sábado, 13 de novembro de 2010

Voltou o brio portista


Suspeitava-se que algo de especial poderia estar ali a nascer logo após a conquista da Supertaça perante o Benfica. Os primeiros jogos do campeonato não poderiam correr melhor, cujas vitórias permitiram o aproveitar dos deslizes precoces dos adversários directos. As vitórias continuaram, incluindo nos jogos europeus que apesar de não serem ao nível da Champions permitiram continuar a não conhecer o sabor da derrota. Vitória após vitória, a crença reforçava-se e para muitos no fim-de-semana passado confirmou-se com uma vitória retumbante perante o seu principal rival.

Uma coisa é certa. Já não há sinais de Jesualdo nesta equipa. Em lugar de uma aposta em transições rápidas, a equipa portista assenta numa inteligente construção mais lenta mas também mais madura do seu jogo. Alguns jogadores sem particular destaque no ano passado, surgem como uma surpresa positiva tais como Belluschi e Sapunaru. A verdade é que o plantel principal é praticamente o mesmo só com uma pequena grande diferença no meio campo, João Moutinho. Desde a saída de Lucho que o Porto já não tinha um jogador tão polivalente no meio campo. Moutinho faz o chamado “jogo invisível” com uma eficácia tremenda: compensa os espaços, pressiona bem os jogadores-chave do meio campo adversário, distribui bem o jogo, em suma, desempenha com alta eficácia as funções de um moderno número 10 que já não só se limita a distribuir jogo mas assume cada vez mais funções polivalentes no apoio ao ataque e à defesa.

Outro pormenor determinante é na forma inteligente como o Porto defende. É inevitável de uma certa forma elaborar aqui umas comparações com as equipas de Mourinho. Nota-se uma clara preocupação dos jogadores portistas em travar o mais rápido possível os movimentos do adversário formando uma pressão intensa que começa logo na área adversária e que muitas vezes obriga o iniciador da jogada da equipa contrária a não ter alternativa senão optar pelo passe directo.

Claro que toda esta máquina só é possível muito por culpa da qualidade técnica do plantel e da elevada forma que alguns jogadores têm apresentado. Um deles é claramente Hulk. O seu poderio, que assenta muito no físico é verdade mas deixa transtornado qualquer defesa e se bem que por vezes revele alguma imaturidade táctica, há momentos em acontece exactamente o contrário e nos surpreende. É por causa desses momentos que acredito que o Porto tem em mãos um jogador que, com algumas arestas limadas, tem tudo para atingir o topo do futebol mundial. Outro jogador obviamente será Falcão, que com toda a sua inteligência de posicionamento e desmarcação consegue ser uma ameaça constante.

Com toda a qualidade do plantel aliada a um treinador que apesar da idade não é de todo ingénuo e mostra escola, há razões aqui para considerar que o Porto voltou a redescobrir os seus valores, mas essencialmente um em particular: a cultura da vitória. Será cedo demais para falar? Terão os adversários capacidade para dar a volta? Não sabemos. No futebol tudo acontece.

quarta-feira, 10 de novembro de 2010

Quem é a maçã podre?


Nasci no mesmo dia e no mesmo ano que João Moutinho, com a única diferença que ele já foi apelidado de maçã podre e eu (ainda) não…

Vi Moutinho jogar no SCP e vejo-o agora no FCP e tenho a estranha sensação que o jogador não é o mesmo: a garra, a vontade, o querer, as marcações, as recuperações de bola, o trabalho invisível, a pressão alta, os passes, os golos, são algo que vi Moutinho fazer no FCP.

No SCP parecia um jogador franzino, com muito querer mas com pouca consistência, com garra desenfreada mas inconsequente, com um discurso fraco, choramingão, com um sentimento de vítima.

Alguém me explica como é possível um jogador transformar-se tanto? Sim, tem Fernando e Belluschi a seu lado e uma frente de ataque mais do que temível, mas será apenas isso que fez Moutinho transformar-se? Não acredito!

Acredito mais numa mudança de mentalidade, na entrada de uma estrutura forte, poderosa, ganhadora, onde as palavras “derrota”, “perder” e “desistir” não constam no dicionário…. Moutinho cedo percebeu onde estava, cedo se enquadrou e conseguiu aí sim mostrar o melhor de si. Mostrar que é um jogador fabuloso, que é capaz de alcançar os altos voos que desde cedo prometeu…

Cresceu como jogador, regressou à Selecção, voltou a fazer exibições de gala, voltou a ser admirado pelos adeptos de futebol (excepto aqueles que têm palas pintadas de verde e branco…) e é hoje unanimemente considerado um dos melhores jogadores do nosso campeonato, dando ao meio campo portista uma dinâmica fantástica, fazendo jogadores como Falcão, Varela e Hulk sobressaírem com a consciência tranquila de que atrás deles está uma retaguarda forte e sólida, dando todas as garantidas de sucesso.

Apetece-me perguntar duas coisas:

- JEB, quem é afinal a maçã podre? Será possível uma maçã podre brilhar tanto?
- Tendo em conta que nasci na mesma data que João Moutinho, será que se for jogar para o FCP, terei o sucesso que ele está a ter?

segunda-feira, 8 de novembro de 2010

As Lideranças Invisíveis


Para quem já teve oportunidade de estudar os diferentes tipos de estruturação de uma organização, sabe que esta pode assumir duas tipologias no que diz respeito à sua gestão interna: “bottom-up” e “top-down”. Em termos genéricos, a primeira defende os colaboradores como pilar da organização e, por seu turno, a segunda assume que é a partir do líder que a organização se desenvolve.

Embora seja apologista de um modelo organizacional suportado na força dos colaboradores (não fizesse eu parte deste grupo!), considero que é no segundo modelo que se deve basear todo e qualquer clube de futebol. Certamente que nomes como Peter Hill-Wood, Martin Broughton, Khaldoon Al Mubarak e Sheik Abdullah Al-Thani, não diz nada a nenhum de nós. Pois bem, são, respectivamente, os presidentes de Arsenal, Liverpool, Manchester City e Málaga e representam exactamente o papel de um líder sem nunca o ser verdadeiramente. Se os dois primeiros são exemplos de presidentes de grandes clubes que não o são no campo, os dois últimos representam exemplos paradigmáticos de que o futebol se tornou numa verdadeira indústria à qual os investidores multimilionários estão atentos.

Nenhum destes consegue ser identificado como um verdadeiro líder, capaz de promover uma estratégia e de promover consenso entre os adeptos.

Mais do que em qualquer outra área, considero que num clube de futebol é essencial haver uma voz de comando única e claramente identificada que personifique a identidade de um clube. Por muito dinheiro que possa haver, por muitos adeptos que um clube possa ter, só poderá ter sucesso se essa liderança estiver bem vincada. Por estar “bem vincada”, não digo que deva estar constantemente a intervir em praça pública ou ser um líder intransigente. No entanto, deverá ser alguém que intervenha quando tem que intervir e que seja respeitada por todos no seu universo.

Um presidente não pode simplesmente “passar” pelo cargo de forma invisível. Tem que ser activo, perspicaz e com capacidade para unir. Embora o futebol também seja uma verdadeira economia, a “mão invisível” de Adam Smith não se pode aplicar ao mundo futebolístico. Ao contrário do que este defende para as economias de mercado, um clube não se faz sem “uma verdadeira entidade coordenadora”.

E essa entidade tem que ser, sem dúvida alguma, o Presidente!

sábado, 6 de novembro de 2010

Fim-de-semana de Clássico


Um jogo chamado clássico, entre qualquer dois dos grandes clubes nacionais, nunca é um jogo normal, por mais chato e aborrecido que possa ser dentro do campo. Começa vários dias antes do apito inicial do árbitro e prolonga-se após o seu final durante alguns dias e até semanas. Estamos longe do fim da época, mas ganhar os jogos clássicos mesmo sem ganhar o campeonato é algo que fica na retina. As pessoas lembram-se de quem foi o campeão nacional mas também se lembram quem ganhou os jogos entre os grandes nessa época.

Um clássico não é um jogo racional. Há quem não o consiga ver com família ou amigos mesmo sendo todos do mesmo clube e há mesmo quem não consiga ver o próprio jogo. É um jogo que deturpa até algumas análises aos lances, pois ninguém quer ficar por baixo num jogo destes. Defende-se a sua equipa com unhas e dentes sem muitas vezes olhar a argumentos.

Mas afinal qual é o maior clássico? Os jogos entre Benfica e Porto, Benfica e Sporting ou Sporting e Porto? Co Adrianse, antigo treinador do Porto, chegou a afirmar que em Portugal haviam 3 campeonatos: o campeonato nacional, o Porto-Benfica e o Benfica-Porto. Em Lisboa garantem que não há jogo que dê mais gozo ganhar do que um Benfica-Sporting. Creio que estas opiniões têm mais a ver com razões sociais do que futebolísticas, o que ajuda ainda mais à irracionalidade de um derby. Muito se pode discutir acerca disto sem nunca se chegar a consenso.

Racional ou irracional, espero um clássico de elevada qualidade no Domingo, sem casos e incidentes. Um clássico, na sua verdadeira essência.

terça-feira, 2 de novembro de 2010

A fragilidade de um clube


Um dos aspectos que me chama mais a atenção no futebol consiste na fragilidade que um clube de futebol apresenta. Enquanto que numa época podemos assistir a um enorme rendimento desportivo de um clube, já na época seguinte rapidamente essa equipa já estará a desiludir e a lutar por não descer.

O futebol nunca foi tão volátil neste aspecto e bastam pequenos pormenores para todo o figurino de uma instituição dar uma volta incrível. A saída de um jogador importante, a mudança de um treinador, a entrada de um novo presidente são todos factores que por si só podem mudar de forma incrível a situação de uma instituição futebolística Mas o que penso que determina realmente o futuro de um clube é certamente a sua saúde financeira.

Todos os dias ouvimos falar dos enormes passivos que os clubes de futebol da nossa liga vão acumulando. São dívidas de tal ordem que a sua gestão passa a ser a preocupação central de um clube em detrimento do seu rendimento desportivo. E à medida que a dívida se acumula vai-se criando uma situação de tal forma explosiva que toda a sobrevivência de um clube por mais histórico que seja vai sendo posto cada vez mais em causa.

Como exemplo paradigmático temos o caso do Sporting. Um clube de enorme história em Portugal, ainda considerado como um dos três grandes clubes portugueses mas bastante distante do potencial do FC Porto e do Benfica. E isto porquê? Simplesmente porque as políticas do clube leonino vivem obcecadas com a gestão do passivo astronómico que detém. Todos os movimentos em termos de contratações e investimentos são seguidos bem de perto e completamente controlados pelos seuss credores. E vendo um Sporting assim de mãos tão atadas, penso que mais cedo ou mais tarde a situação estalará.

E sendo assim num clube de dimensão como o Sporting, será fácil imaginar as consequências de uma derrapagem financeira nos frágeis clubes de média e pequena dimensão. Tendo em conta que os nossos estádios andam cada vez mais vazios, que os sócios pagam cada vez menos as suas quotas, que futuro terão os nossos clubes? Que futuro terá a qualidade do nosso campeonato?