sábado, 30 de abril de 2011

O jogador-fetiche

Acredito que todo o treinador tem o seu jogador-fetiche.
Por jogador-fetiche, entendo todo aquele jogador que o treinador “leva” com ele quando muda de clube, que põe a jogar e aposta continuamente mesmo que toda a crítica e todo o público adepto não compreenda porquê.
Falando em jogador-fetiche, há um que me vem à memória imediatamente: César Peixoto.
Em Braga era assobiado, na Luz também.
Afinal, desde que joga à bola, o pouco que conseguiu foi ganhar um penaltie contra o PSV em Eindhoven.
Aí, foi classificado pelo mestre da táctica como “o melhor em campo”.
O que estranho é analisar duas das suas características mais fantásticas: não corre e, mesmo não correndo, aos 2m de jogo consegue já estar cansado.
Como diria Paulo Futre, deve ser uma jogada de marketing para que as bancadas do estádio da Luz possuam um nível de beleza superior: bem-haja Diana Chaves!

terça-feira, 26 de abril de 2011

Equipa do ano

Embora o campeonato ainda não tenha chegado (oficialmente) ao fim parece-me boa altura para fazer um balanço dos jogadores que mais se evidenciaram ao longo do ano. É óbvio que muitos caberiam no onze ideal do ano mas deixo aqui as minhas opções. Apoiando-me numa táctica de 4-3-3 aqui vai:

Helton – guarda-redes menos batido e mais constante ao longo de todo o ano. Difícil exigir mais;
Sílvio – apesar da época mais inconstante do seu Braga no campeonato nacional, conseguiu ser um dos jogadores a mostrar um nível exibicional mais elevado;
Rolando – época de confirmação do central portista. Não é um central raçudo como tantos outros que já ocuparam a sua posição mas parece estar a afirmar-se e a ficar mais seguro de si;
Luisão – apesar de já estar presente no campeonato português há alguns anos, continua a demonstrar a sua qualidade época, mantendo a defesa benfiquista mais estável;
Fábio Coentrão – não há muitos adjectivos que possam descrever a qualidade deste lateral. Enérgico e sempre em movimento é um dos melhores laterais do mundo;
Fernando – os seus tentáculos parecem não ter fim e os cortes impossíveis são já a sua imagem de marca; sem dúvida o melhor na sua posição;
Moutinho – mantendo a qualidade do futebol demonstrado em épocas anteriores, conseguiu apresentar-se sempre em alto nível ao longo de toda a época; foi o pilar do meio campo portista;
Belluschi – embora pautado por algum desaparecimento neste final de época, a intensidade e qualidade do meio-campo portista ficou muito a dever à imensa qualidade deste médio. 
Salvio – não fosse a irregularidade do Benfica e algumas lesões e tinha explodido em definitivo. Fica no ar a ideia de que pode fazer (ainda) melhor do que aquilo que vimos este ano. 
Hulk – época pautada por números e exibições… incríveis! Pode não ter exibições tão constantes como outros mas a sua qualidade pode decidir a qualquer momento;
Falcao – certamente um dos melhores avançados de sempre a jogar em Portugal. Não é tão alto como Jardel mas voa tão bem como ele sobre os centrais. Letal a finalizar.

Haveria certamente lugar para muitos outros como João Tomás, Gaitán, André Santos, Rui Patrício e Djalma. Para já ficam estes. Aceitam-se outras opiniões…

sexta-feira, 22 de abril de 2011

O músculo da equipa

Na quarta feira passada tivemos a oportunidade de assistir a uma emocionante reviravolta na eliminatória da taça de Portugal. Era um dos troféus em que o Benfica apostava forte de forma a compensar o insucesso na conquista do campeonato.

Não era de admirar a estratégia de poupança de jogadores que Jesus elaborava nas últimas jornadas do já perdido campeonato. O Benfica tinha vindo a alinhar com a sua “equipa B” com o objectivo de não colocar em esforço os seus jogadores principais.

Por outro lado o Porto não olhou a poupanças. No jogo de Domingo que antecedeu o grande duelo, frente ao Sporting, fez alinhar toda a equipa principal e não deu sinais de qualquer alteração nos ritmos e na forma de jogar da equipa. O Porto jogou para ganhar e conseguiu-o categoricamente.

Ora o que se passou então quarta feira faz-nos colocar inevitavelmente determinadas questões relativamente à importância de optar por descansar jogadores. O Benfica não pareceu ter beneficiado tanto quanto isso do descanso a que se sujeitou nos jogos de fim de semana. Não me pareceram mais rápidos nem mais expeditos. Certamente houve jogos em que o Benfica se apresentou com melhor frescura física. Por outro lado, o Porto não se apresentou nem melhor nem pior, apenas esteve igual a si próprio com o seu estilo de jogo e ritmos  habituais.

A questão que me coloco é que se será de facto a frescura física um factor assim tão determinante para o sucesso? Muitos treinadores vivem obcecados em manter os seus jogadores no estado de forma mais apurado possível, desenvolvendo muito das suas estratégias e processos de treino em torno de conceitos relacionados com “picos de forma”. As novas formas de pensar o treino e o jogo cada vez mais se afastam do componente físico do jogo, centrando-se cada vez mais na criação de rotinas tácticas e posicionais da equipa e também na cristalização de processos e filosofias de jogo. Acredito que foi esse o verdadeiro “músculo” que deu a impressionante vitória de quarta feira à equipa de André Villas-Boas.   

quarta-feira, 20 de abril de 2011

Avé Porto!


A cultura deste blog não passa por crónicas, mas hoje é inevitável falar do brilhantismo de uma equipa: FCP!

Não sei como se faz uma vénia por escrito, mas presumo que seja assim: “AVÉ PORTO!”

O jogo de hoje representa uma grandeza, uma cultura de vitória, uma sede de vencer, um orgulho em representar e sentir aquela camisola que, confesso, invejo e admiro!

Mais do que toda a cultura, importa referir o trabalho de AVB.

A pujança física da equipa, a serenidade, a posse de bola, a crença, merecem ser realçadas.

Tudo isto é inveja? Não. É reconhecer mérito a quem o tem.
Parabéns aos melhores.

PS: não, não digam que o SLB é fraco. Eles deram o máximo (sim, o máximo deles hoje era só mesmo aquele). Para bem deles, que não se apurem para a final da Liga Europa sob pena de serem humilhados pela terceira vez pelo mesmo adversário.

PS1: HALA MADRID! Podemos antes dizer Hala Ronaldo ou Hala Mourinho?

segunda-feira, 18 de abril de 2011

Personalidade táctica


A passagem de três equipas lusas às meias-finais de uma competição europeia é um feito tremendo. Para além disso, é sinal visível da importância de um clube ter uma personalidade vincada – estrutural e futebolisticamente falando – e de uma gestão que não seja de “navegação à vista”.

Assim, temos um Braga que joga mais na expectativa, com linhas recuadas e sectores muito juntos, saindo de forma exímia em ataques rápidas. É esta a sua matriz de jogo embora consiga assumir o jogo quando é necessário.

Por sua vez, o Benfica apresenta um futebol sempre atractivo, suportado numa dinâmica ofensiva muito forte e que, por conseguinte, se expõe mais defensivamente. Independentemente do adversário, o Benfica joga sempre da mesma forma.

O FCPorto apresenta um futebol de posse de bola e troca de posições de forma constante, procurando o melhor instante para desferir o golpe fatal nas defesas contrárias. Não tem medo de assumir o jogo e de ter o controlo do jogo, ficando na expectativa quando necessário.

Olhamos para a forma de jogar de cada uma destas equipas e somos capazes de identificar um traço de personalidade distinto em cada uma delas mas que não se altera consoante o palco ou o adversário a defrontar. É esta consistência que dá segurança e confiança aos próprios jogadores, fazendo-os acreditar no trabalho diário.

Esperemos que para o ano o Sporting seja igualmente capaz de entrar neste lote…

sábado, 16 de abril de 2011

Um país Special

Existem treinadores que mesmo sendo impossível vislumbrar a forma como lidam com os jogadores no balneário e nos treinos, apresentam visivelmente aquele carisma e aquela ligação de cumplicidade e de confiança com os elementos do grupo.

É certamente irónico. Um país deprimido que vive numa fase muito complicada e cujo maiores problemas que defronta se devem à falta de uma liderança forte e objectiva, é ao mesmo tempo um país fértil na produção de líderes competentíssimos no futebol.

Temos neste momento quatro treinadores portugueses presentes nas meias-finais das competições europeias. Este facto certamente tem algum significado. José Mourinho, André Villas-Boas, Domingos e Jorge Jesus representam certamente toda a seriedade com que o futebol português dá ao estudo e metodologia do treino e às competências de liderança de uma equipa.

Todos apresentam pontos em comum: são estrategas inteligentes, os jogadores adoram-nos, são comunicativos natos, sabem manipular as conferências de imprensa a seu favor, defendem todo o seu grupo de trabalho com unhas e dentes.

Outro ponto importante de salientar é que, com a excepção de Jorge Jesus, estes treinadores portugueses de sucesso fazem parte de uma geração jovem rejuvenescida em termos de ideias e métodos que  são capazes de marcar uma nova geração de treinadores.

Afinal temos líderes de qualidade em Portugal, pena só existirem no futebol.

quinta-feira, 14 de abril de 2011

Benfica TV – a inutilidade da televisão

Faz sentido um clube Mundial, da dimensão do Benfica, ter o seu próprio canal? Sim. É, simultaneamente, causa e consequência da grandeza do clube.

Contudo, aquilo que inicialmente parecia ser um projecto aliciante, representa hoje o mais desenfreado e irracional fanatismo cujos limites parecem não existir.

O que perdurará na história será o clube e não aqueles que o conduzem.

Assim, daqui a uns anos, o Benfica será recordado por todos os imbecis a quem foi dado tempo de antena no canal do clube. E ninguém se lembrará dos nomes desses imbecis: irá ser lembrado o nome Benfica.

Que a Direcção do clube seja capaz de perceber que aquele canal é um barril de pólvora que todos os dias alimenta a crispação, o ódio, o fanatismo e que, na verdade, nada de positivo acrescenta à história daquele que é, de muito longe, o maior clube português.

Que o canal esteja à altura do clube e inverta o rumo que tem seguido desde a sua criação, ou será a Benfica TV o início de um fim de um passado grandioso?

segunda-feira, 11 de abril de 2011

Competições europeias - Divagações

Entramos em mais uma semana europeia. Para muitos jogos europeus decide-se o que já está praticamente decidido, dada a vantagem alargada conquistada na primeira mão. Entra-se também numa fase decisiva que costuma salvar as épocas, ou não, para muitas equipas e treinadores.

A aposta no sucesso nas competições europeias são muitas vezes um escape ou tentativa de compensar aquilo que uma equipa não conseguiu conquistar internamente. Para o Real Madrid, por exemplo, ganhar a Liga dos Campeões seria uma forma de colmatar o fracasso do objectivo em ser campeão da liga espanhola. Algumas outras equipas encaixam-se perfeitamente neste perfil.

De qualquer das formas aproximamo-nos de momentos mágicos da época em que os grandes jogos e duelos se aproximam. Dando um maior destaque ao sentimento patriótico, será esta a semana em que teremos a oportunidade de colocar três equipas portuguesas nas meias-finais da Liga Europa. Pegando na afirmação de um comentador desportivo, o futebol já é das poucas actividades em que Portugal se vai aguentando no rating.

Será também uma oportunidade de vermos o Barça e Real a caminharem a passos largos para o que será o grande duelo do ano. O confronto entre os rivais espanhóis na Liga dos Campeões será uma espécie de tira-teimas para todas as assimetrias que separam as duas equipas em termos de filosofias e de formas de estar no futebol. Argumentos tais como “o Real ainda é uma equipa em construção” já não se poderão usar de forma tão explícita.

Por último, será uma semana em que se confirmará o contraste em todo o esplendor que se verifica numa equipa que ano passado arrasou com a conquista do triplete e que agora possui um nível de jogo que nem aos calcanhares chega daquilo que era nos tempos de Il Speciale. O Inter já não é o mesmo. 

sexta-feira, 8 de abril de 2011

Coincidências a mais

O dia futebolístico de hoje fica marcado por situações, no mínimo, insólitas e que contrariam o estado de graça que o futebol português vive desde ontem.

O castigo aplicado a Jorge Jesus e transmitido hoje à opinião pública faz-nos relembrar o ridículo a que, muitas vezes, o nosso futebol chega quando comparado com o que acontece noutros campeonatos. Após quase 2 meses e meio do incidente e com imagens televisivas capazes de suportar todo e qualquer tipo de acusação, não se consegue compreender como só agora o castigo sai.

Mais do que isso, o timing e duração do castigo deixam (muitas) dúvidas no ar que parecem ser mais do que resultado do acaso. Primeiro o castigo surge logo após o campeonato estar decidido; em segundo lugar, Jorge Jesus apanha exactamente 11 dias (!!) de suspensão… um dia antes do clássico Benfica-FCPorto. Estranho.
Não bastasse isto, a decisão sai apenas para uma das partes e a outra parece (para já) ficar-se a rir. Ao decidir-se para um dos lados, deveria dar-se a conhecer de imediato o castigo de ambos, acabando-se com as polémicas.

Soube-se igualmente hoje o resultado do relatório de observação de Duarte Gomes relativamente ao clássico do último fim-de-semana. “Muito bom” foi a nota dada que corresponde à segunda melhor arbitragem da época. Mas será que estes senhores viram um jogo diferente e acham que toda a gente não sabe as regras?

Mais do que as incoerências, o que deve preocupar mais é o facto de estes organismos nunca serem norteados por um rumo claro. Ao invés, o seu caminho é orientado por outros interesses que redundam em coincidências demasiado óbvias…

quinta-feira, 7 de abril de 2011

O FMI do futebol

Sim, parece-me inevitável misturar o futebol e a política num dia como o de hoje. Afinal, ficará na história como o dia em que pedimos ajuda ao resto do mundo por mostrarmos que não somos capazes de resolver os nossos problemas.

Contudo, penso que seria de bom tom aproveitar já e pedir também aos outros (sejam europeus ou americanos) que nos ajudassem também no futebol. Ou alguém acredita que seja possível resolver o estado vergonhoso a que chegou a guerra (sim, infelizmente já é uma guerra) entre Benfica e Porto?

Não está em causa quem é o culpado: os dois! Desde não entrar com as crianças do Benfica, apedrejar o carro de LFV, apagar a luz do estádio (que episódio ridículo!), ligar a rega (para imitar o Barcelona…), bolas de golfe, tiros, sangue, polícia e cães para tomar conta de jagunços, palhaços, javardos, inconscientes, anormais, vulgo, claques organizadas, tudo isto são episódios que devem envergonhar toda a gente.

Mais grave que isto, é ouvir adeptos do Benfica dizer que acharam bem o apagão e a ligação da rega. Isto faz-me acreditar que esses adeptos deveriam ser internados numa casa de saúde mental…

Uma vez que não vejo ninguém neste país com capacidade para resolver este problema, e a tendência é a violência aumentar exponencialmente (o próximo episódio será na eliminatória da Taça) penso que seria bom pedir a José Sócrates que incluísse também um pedido de ajuda para que alguém mostre a LFV e PC que violência gera violência e que a violência pode ser incitada através de simples (?) comunicados…

Desenganem-se aqueles que pensam que este pedido de ajuda está longe, revestindo-se de carácter utópico e desnecessário: também um dia ousamos achar que iríamos ser capazes de resolver os nossos problemas enquanto país – hoje verificamos que, afinal, não somos tão capazes como um dia achamos.

Que chegue depressa o dia em que sejamos humildes para pedir ajuda para que adeptos e dirigentes saibam como se comportar.

segunda-feira, 4 de abril de 2011

Restam dúvidas?


"Quem reconhece os próprios erros prova que hoje tem mais sabedoria que ontem."
O jogo de ontem entre os dois melhores clubes portugueses, permitiu dissipar quaisquer dúvidas que pudessem restar entre os adeptos de futebol. Aqueles que não conseguem reconhecer as evidências acabam por cair no ridículo.

Assim, entre aquelas mais notórias, ressalvo as seguintes:

1.O FCPorto é, nos últimos 20 anos, a equipa mais consistente e mais preparada para o sucesso de continuidade. Se listarmos os 20 vencedores das edições passadas, reparamos que o nome do FCP aparece 14 vezes. Coincidência? Não me parece.

2.Apesar das mensagens erróneas passadas por linhas e travessas, os factos mostram que o FCP é o clube que melhor futebol pratica. Inteligente tacticamente com bola e sem bola, a equipa adapta-se às necessidades que o jogo apresenta. Tem mais golos marcados e menos sofridos. Mais 16 pontos que o 2º classificado e mais 31 que o 3º. Quando isto acontece acho pouco compreensível dizer-se o contrário.

3.Comportamento incorrecto por parte dos adeptos existe (infelizmente) por todo o país. O Norte de Portugal não possui maior concentração por m2 de insurrectos do que nas restantes regiões do país. As bolas de golfe, os isqueiros e objectos afins lançados durante o jogo assim o demonstram.

4.Caiu a máscara aos auto-denominados “defensores da verdade desportiva”. O comportamento vergonhoso a que todos assistimos no final do jogo deixa transparecer mau perder que só deixa ficar mal quem o pratica. Afinal de contas acabou por ser uma experiência nova para os vencedores…

5.Por norma, os jogadores do FCPorto têm mais capacidade para aguentar os momentos de maior pressão. O desnorte visível em muitos dos jogadores do Benfica – reflectido em agressões – traduz o menor estofo que possuem para lidar com estes jogos.

Estes são alguns dos pontos que o jogo de ontem permitiu clarificar. Só os mais desatentos não se rendem a tamanhas evidências e reconhecer os erros só mostra inteligência.

Afinal de contas, nunca é tarde para ficarmos com as ideias mais…iluminadas!

sábado, 2 de abril de 2011

Um apoio descontrolado


O verdadeiro sentido de existência do futebol, como qualquer desporto, depende na sua globalidade da sua natureza competitiva que incute em quem o pratica e em quem o acompanha como adepto. Ora tendo como base este pressuposto indiscutível, nada é mais natural no futebol do que o nascimento de grandes rivalidades entre clubes. Aliás toda essa rivalidade corresponde à grande parte da emoção que o desporto rei nos dá o prazer de desfrutar.

Até aqui tudo bem. Ora o problema surge quando toda a rivalidade natural do futebol é, por assim dizer, usada e abusada por certas organizações cuja lógica de funcionamento e organização transformam a competição natural e saudável entre clubes em autênticas guerras perigosas perpetuadas entre facções organizadas. Falo claro está das claques.

Qual o verdadeiro sentido da existência de uma claque organizada no futebol? Organizações como os Super Dragões, Diabos Vermelhos, Juve Leo, etc têm toda a legitimidade para existir quando toda a essência da sua actividade é ajudar na organização e manutenção do apoio à sua equipa e, de uma certa forma, dar uma voz ao adepto anónimo. No entanto, quando uma claque se transforma em algo mais que isso, tudo se torna perigoso e descontrolado.

Quando se atiram pedras para cima de viaturas em plena auto-estrada, quando se incendeiam autocarros, quando se assaltam estações de serviços impunemente, quando elementos rivais se confrontam e se espancam violentamente, quando se levam constantemente materiais proibidos para as bancadas como petardos e bolas de golfe e ninguém dá a cara e se responsabiliza, tudo justificado com base no apoio e paixão incontestável pela sua equipa, toda a verdadeira essência de existência deste tipo de organização deixa de existir.

Uma claque tornou-se hoje em dia símbolo de delinquência e decadência, de actividades ilegais, de corrupção e favorecimentos, de estatutos e hierarquias rígidas que vivem num mundo aparte. Quando isto acontece, todo o mundo futebolístico se torna mais perigoso. É por isso que digo que grande parte das claques em Portugal deveriam ser erradicadas, pelo bem da transparência, pelo bem do desportivismo, pelo bem da preservação de certos valores civis, morais e éticos da nossa sociedade que nunca deveriam ser infringidos por causa de um desporto.