domingo, 30 de outubro de 2011

Ver para além dos números

O FCP está em primeiro lugar, possui o maior número de golos marcados nos últimos 60 anos do clube nas 8 primeiras jornadas, etc., mas, há algo que não se reflete nos números: sente-se, vê-se e analisa-se.
Quando o todo é inferior à soma de todos os talentos individuais, e quando esse todo já rendeu (muito…) mais no passado, a culpa tem que ser de um só indivíduo: o treinador!
Ver João Moutinho a jogar a este nível horrendo, ver James ser uma sombra do que já foi, sentir que Rolando é um central banal, são constatações apenas passíveis de serem feitas após a liderança de Vítor Pereira.
Com AVB as análises eram outras: João Moutinho era pretendido por Chelsea e Inter, James viu o contrato revisto, aumentando exponencialmente a cláusula de rescisão e Rolando era pretendido pela Juventus.
Para além do que se vê dentro de campo, acresce o facto de as conferências de imprensa serem de um nível a que os adeptos do futebol não estão habituados, vindo do lado do dragão.
Vítor Pereira vai-se valendo de uma estrutura ímpar em Portugal, demasiadamente bem oleada, de um passado recente em que AVB deixou a equipa em níveis quase perfeitos, dos bons jogadores que possui e do facto de não haver uma alternativa credível para o banco do FCP (apesar de em alguma imprensa se ler que nos bastidores da torre das Antas, já se fala em Paulo Bento…).
Um clube da dimensão do Porto não pode ter no Banco alguém da dimensão de Vítor Pereira.
Deixo apenas uma questão: que diferenças positivas se notam no FCP com a troca de AVB por Vítor Pereira?

quinta-feira, 27 de outubro de 2011

Quando os factos contrariam as evidências

Olhamos para este novo FCPorto e todos pensamos o mesmo – o que lhe aconteceu de tão grave para tal instabilidade na qualidade futebolística? Afinal de contas, apenas Falcao e AVB abandonaram o clube.

A insegurança é notória em cada passe; as desmarcações não acontecem; a defesa parece insegura e o ataque ineficaz; o meio-campo nem ataca nem defende. Esta é a ideia que transparece a quem vê o clube jogar.

O treinador procura constantemente diferentes combinações para combater a baixa forma com que alguns jogadores se apresentam e isso acaba por retirar fluidez no jogo portista.

Tudo isto é verdade e disso creio que poucos terão dúvidas. Vamos agora aos factos. O FCPorto está em primeiro lugar com melhor ataque e segunda melhor defesa do campeonato. Apresenta, aliás, o maior número de golos marcados dos últimos 60 anos do clube nas primeiras 8 jornadas. Na Liga dos Campeões, pese embora os recentes desaires, mantém-se na luta para o apuramento. Na Taça de Portugal cumpriu a sua obrigação.

Este é o verdadeiro caso que demonstra que nem sempre os números estão certos. Importa contextualizá-los.

Todo este alarido se deve a dois motivos – por um lado, a estranheza que causa o facto de o clube não estar a aliar os resultados com boas exibições; por outro, os seus rivais estão fortes e a jogar bom futebol, aguçando o apetite voraz e sedento dos media na mudança da história recente do futebol português.

Terá esta equipa – técnica e de jogadores – capacidade para inverter a situação?

terça-feira, 18 de outubro de 2011

Uma luta menos desigual


Exceptuando as conquistas muito esporádicas que o Benfica tem conseguido, parece unânime dizer que o panorama do futebol português tem sido dominado por uma única equipa, o FCPorto.
Pese embora esteja em completo desacordo com aqueles que preconizam a desgraça portista esta época, considero que a nação portista deverá estar consciente da séria concorrência (de salutar!) desta época.
Assistimos a um Benfica compacto, cheio de soluções, com garra e com maior cultura táctica. Aliado a isto, apresenta um guarda-redes que, verdadeiramente, vale pontos e isso acaba por fazer a diferença. Com a nota artística que o treinador costuma proclamar, a equipa encarnada está, progressivamente, a impor respeito.
Por seu turno, seja ou não devido às frentes frias que o ponta-de-lança parece estar a provocar, o Sporting está num patamar competitivo muito mais elevado em relação à época transacta. Olhamos para o último onze do Sporting no campeonato e vemos que tinha 8 jogadores novos! Tarefa nada fácil que Domingos e o espírito combativo dos jogadores têm permitido atenuar e manter o Sporting na luta.
Tudo isto contribui para um crescente interesse no nosso campeonato. Todavia, continuo a considerar o FCP o principal candidato a revalidar o título.
E vocês? Quem acham que chega em primeiro?

quarta-feira, 12 de outubro de 2011

Agilidade mental

Na sua globalidade, o desporto permite-nos adquirir/melhorar algumas faculdades que seriam mais difíceis de obter por outras vias. A habilidade para decidir de forma rápida é uma dessas benesses que a prática dos diversos desportos nos dá.
Seja no basquetebol, no andebol, no futebol ou no hóquei em patins, os vários intervenientes – árbitros, treinadores e jogadores – têm de tomar decisões em fracções de segundo. Mais do que isso, têm que ter estrutura mental suficiente para saber lidar com o erro em cada uma destas decisões, sabendo reerguer-se na jogada seguinte.
Acredito que este é um dos factores decisivos no sucesso de um jogador e de um treinador.  
Assim, um jogador será tanto melhor quanto mais eficazes forem as suas decisões ou quanto mais forte for a recuperar psicologicamente de um erro. Por seu turno, quanto mais ágil um treinador for a ler o jogo e a perspectivar as suas tendências, mais perto estará do sucesso.
Obviamente, não teremos um jogador nem um treinador de top mundial se apenas for bom neste tópico. No entanto, mais do que nunca, esta é uma dimensão que deve ser trabalhada intensamente nos clubes, a par das questões técnico-tácticas.
Resiliência, inteligência e perspicácia são, deste modo, vertentes cada vez mais valorizadas e tidas em conta na altura de contratar.
Um futebol tão dinâmico como o actual não se compadece com jogadores apenas dotados nos pés. Que o diga Balotelli…

domingo, 2 de outubro de 2011

Génio vs Bom


Geniais são geniais. Fareja-se à distância um prodígio. Nos pequenos pormenores encontramos perfeição, nas decisões tomadas uma paixão ardente e ao mesmo tempo uma racionalidade intuitiva da mente prodigiosa.

No Fc Porto temos a oportunidade de distinguir um treinador prodígio do mero bom treinador. Naqueles momentos em que a intervenção de um mister é mais explícita para o espectador, não se nota o toque mágico de prodígio. Após a expulsão de Fucile frente ao Zenit, a simples acção de fazer entrar Souza e deslocar o trinco Fernando para lateral direito revelou-se de uma mediocridade surpreendente e cujo resultado foi uma nulidade. É apenas um exemplo das substituições pouco coerentes que têm acontecido em jogos recentes.

Para além das substituições, determinadas decisões e estratégias confusas na equipa marcam já uma diferença do Porto de Villas-Boas. O porquê de utilizar Souza como trinco em quase todos os jogos de pré-época quando na verdade é agora Fernando em termos de titularidade é uma questão confusa, assim como o porquê da não inclusão de Walter para a Champions League é outro tema polémico. Também o facto de termos iniciado a época sem colmatar o claro défice de qualidade em termos de pontas de lanças deixou muito a desejar.

Para acrescentar à lista de imperfeições neste Porto, as declarações e reacções de Vitor Pereira nas conferências de imprensa tanto em termo de trocas de palavras com treinadores adversários como referências a questões de arbitragem revestem-se de uma banalidade e um tanto de artificialidade que não era característico com Villas-Boas. As mais recentes declarações proteccionistas de Luís Felipe Vieira deram um ar cómico à situação que a meu ver tresandaram a ironia.

Em muitos aspectos Vítor Pereira dá sinais que não controla perfeitamente a situação, mas claro está poderá ser apenas uma impressão minha.