terça-feira, 29 de novembro de 2011

Os bons valores da nossa Liga

Como é habitual, aos olhos dos espectadores sobressaem sempre os jogadores que actuam nos principais clubes portugueses. Já todos nós sabemos da qualidade inegável que existe na grande maioria dos jogadores dos plantéis de FCP, Benfica, Sporting e Braga.
No entanto, e como diria o outro, “outros valores se levantam”. De facto, o nosso campeonato tem vindo a revelar, ano após ano, uma tendência natural para fazer emergir talentos que, infelizmente, acabam pouco aproveitados por clubes portugueses de outra nomeada.
Entre os clubes que já tive oportunidade de assistir ao vivo, saliento em particular quatro jogadores:
  • Hugo Vieira (Gil Vicente) – avançado móvel, repentista, bom tecnicamente que, todavia, ainda apresenta algumas lacunas na hora de decidir entre passe/remate/finta;
  • Sissoko (Académica) – a sua qualidade foi ainda mais visível no jogo contra o FCP mas já antes tinha demonstrado a sua qualidade. Um poço de força e energia que se aliam a um pé esquerdo de fino recorte;
  • Ruben (Marítimo) – defesa esquerdo português que para além de subir muito bem no terreno, também se posiciona bem defensivamente. É o marcador de livres (lado direito) por excelência e estreou-se recentemente pela selecção sub-21;
  • Sami (Marítimo) – outro jogador maritimista que tem sido uma agradável surpresa. Avançado irrequieto, que mexe totalmente com o ataque insular e com remate fácil.
Sendo certo que poderia mencionar um conjunto de outros jogadores a merecer especial acompanhamento, deixo aqui estes para vossa consideração e para análise futura.
E vocês, quem destacariam?

segunda-feira, 21 de novembro de 2011

A paciência é uma virtude


Há momentos na vida em que simplesmente não nos devemos precipitar, mas sim reflectir seriamente nas oportunidades que nos surgem. A nossa ambição desmesurada e desenfreada poderão toldar a nossa capacidade de racionalizar e gerir o nosso futuro, assim como o nosso sucesso obtido poderá alimentar exageradamente o nosso ego, o que nos encorajará a tomar decisões inapropriadas e impacientes.

Saber adiar a gratificação e esperar o momento certo para ascender, será a melhor máxima para uma gestão sábia de uma carreira no futebol como na vida.

Já não será difícil deduzir o tema do assunto a que quero chegar. Existem imensos exemplos de treinadores e jogadores que, tendo todo o tempo do mundo para amadurecerem, desejam chegar ao topo num ápice, para depois caírem redondamente, mostrando a nu toda a sua imaturidade e desperdiçando oportunidades únicas para brilharem.

Falemos no caso Villas-Boas. Um treinador extremamente jovem (mais jovem mesmo que alguns jogadores no seu comando), chegou a um sucesso incrível numa equipa como a do Porto, logo no ano seguinte aceitou treinar um clube de dimensão galáctica como o Chelsea. Apesar de não ter começado propriamente mal a época, neste momento os resultados desiludem e o seu lugar começa a ser seriamente debatido. Será que se Villas-Boas tivesse decidido “amadurecer” mais uma ou duas épocas no Porto, não saberia lidar melhor com estas fases negativas?

Radamel Falcao é outro exemplo. O seu talento e qualidade são indiscutíveis, mas a decisão repentina de sair para um clube espanhol de quase meia tabela é algo estranha. Impressionou nos primeiros jogos, mas rapidamente está a cair no esquecimento nada ajudado pela fase negativa que o Atlético Madrid ultrapassa. Para além disso perdeu a possibilidade de se mostrar na Champions e incrementar a sua visibilidade. Tudo isto por um salário melhor.

Também se enquadra aqui a situação de Vítor Pereira. Visivelmente sem competência e experiência para “pegar” numa equipa como a do Porto, Vítor preferiu assumir tamanha responsabilidade através de um discurso falsamente prometedor, desembocando em consequências trágicas para a sua carreira, que se vê fulminada neste momento pelo insucesso à vista de todos. Talvez se tivesse pensado em amadurecer antes no comando principal nalguma equipa mais modesta da 1ª divisão este insucesso humilhante poderia ter sido evitado.

São exemplos de como as decisões precipitadas e impacientes poderão pôr em risco ou, pelo menos, atrasar a evolução de carreiras que de outra forma poderiam brilhar bem mais intensamente.

sexta-feira, 18 de novembro de 2011

Bosingwa e Ricardo Carvalho: o essencial e o acessório



A um treinador são pedidas vitórias.
Paulo Bento, pegou na Seleção, e foi capaz de fazer o que poucos acreditavam: apurá-la para o Euro 2012.
Após um início desastroso e miserável com Carlos Queiroz, Paulo Bento foi capaz de criar um grupo unido, sério, trabalhador e responsável. Um grupo onde “não cabem desertores nem simuladores de lesões”.
Foram palavras duras e exageradas? Parece-me que sim.
Contudo, se as palavras são ou não exageradas, parece-me algo completamente acessório.
Penso que o essencial está lá: o apuramento!
Paulo Bento é selecionador nacional, contudo, isso não o obriga o treinador a justificar publicamente as suas decisões em púbico. Se Paulo Bento entende que Bosingwa e Ricardo Carvalho não têm lugar na Seleção, não penso que esteja obrigado a vir falar em público sobre os seus critérios.
Há uma coisa que nem sempre os treinadores de bancada são capazes de vislumbrar: quem mais contribui para o espírito de grupo. E se Bosingwa e Ricardo Carvalho não fazem parte desses, que sejam então belos espectadores no Euro 2012.
Parabéns a Paulo Bento pelo apuramento e pelo grupo que criou, contudo, aproveitar o momento para pressionar a Federação a tomar uma decisão sobre o seu futuro, parece-me uma decisão egoísta e uma tomada de posição de força de alguém que está com o ego em cima.
Para quem tinha feito um percurso quase imaculado até à data, esta pressão feita através da imprensa não é propriamente um bom tónico para os tempos que se avizinham…
A ver vamos se o essencial continua a ser superior ao acessório, para que os abutres que sobrevoam Paulo Bento não o sintam como uma presa fácil de atacar!

quinta-feira, 3 de novembro de 2011

Egos em cima, comissões elevadas


Já vai longa a discussão sobre a influência que os empresários têm no mundo do futebol. Por vezes, parece inclusivamente, que são eles os protagonistas do espectáculo. Que todos os fins-de-semana querem estar no onze titular para ajudar a sua equipa. Puro engano, como é óbvio.
Exceptuando alguns casos (muito) pontuais, os empresários constituem-se como o grande entrava à estabilidade dos plantéis. O caso mais recente é o de Guarín. Pese embora considere erradas muitas das decisões de Vítor Pereira, tem, na minha opinião, toda a “razão” do seu lado.
Importa dizer ao Sr. Empresário que não (!), não é por culpa do Guarín que o clube tem estado uns furos abaixo. No entanto, as suas performances ainda conseguiam estar abaixo da mediania dos restantes colegas. Sendo assim, mostrando pulso firme, o banco é a melhor solução. Acontece a ele e tem, necessariamente, de acontecer com todos que estiverem numa forma miserável.
Numa perspectiva oportunista, as declarações do empresário não podiam vir em melhor altura – o clube está em turbulência, o jogador não está a jogar e o empresário quer ganhar dinheiro com uma transferência que, na sua óptica, já deveria ter acontecido.
Quem fica mal acaba por ser o jogador, ficando numa posição mais fragilizada e, sobretudo, menos bem visto junto da massa associativa. De facto, estas situações começam a ser recorrentes e traduzem os valores pelos quais a sociedade se move – interesses, dinheiro e fama.

terça-feira, 1 de novembro de 2011

Citizens: o céu é o limite



Por terras inglesas assistimos neste momento à solidificação de uma nova potência futebolística mundial, o Manchester City. Suportada em grande parte, claro está, pela injecção financeira multimilionária que têm sido sujeita desde que os seus endinheirados donos assumiram as rédeas do clube em 2008.
O dinheiro, entre muitas injustiças competitivas que possa criar consegue porém fazer o milagre de juntar numa só equipa grandes estrelas mundiais que se unem para produzir um futebol de enorme qualidade. Aliar jogadores como Aguero, Balotelli, Toure, Dzeko, Gareth Barry, David Silva, Clichy entre outros a um treinador minimamente competente e experiente faz com que tudo de bom possa acontecer a um clube.
O verdadeiro momento de afirmação da equipa, que já há muito tempo que vem fazendo esquecer clubes imutáveis como o Arsenal no panorama inglês, foi sem dúvida a goleada por 6-1 em pleno teatro dos sonhos perante os Red Devils. Podemos dizer que foi um dia histórico de grande simbolismo e que vem marcar uma nova era para a Premier League que agora assume verdadeiramente um novo candidato ao título poderosíssimo.
Uma das características de relevo que têm sido determinante para o sucesso consiste no equilíbrio da qualidade distribuída em todas as posições do terreno.
Embora os centrais sejam talvez o sector mais discutível da equipa, jogadores como Kompany tem impressionado com a sua fiabilidade. Uma força verdadeiramente maior encontra-se nos laterais. Micah Richards é um verdadeiro talento com toda a sua qualidade técnica e Clichy com toda a sua classe é capaz de neutralizar e fazer esquecer jogadores como Nani. O meio campo é de uma enorme qualidade, apresentando verdadeiros talentos tanto no sector mais recuado ( Barry e Touret) como adiantado, sendo David Silva um verdadeiro prodígio que na minha opinião merece uma muito maior atenção por quem gosta de ver inteligência e talento em campo. Juntando isto tudo à criatividade, força e técnica proporcionados por Balotelli, Dzeko e Aguero (que finalmente acordou para o futebol), nasce uma nova potência em Inglaterra e no mundo.