segunda-feira, 26 de dezembro de 2011

A polivalência no futebol



Os conceitos tácticos no futebol não são estáticos, evoluem. Ao longo do tempo, a forma como o futebol é posto em prática vai sendo modelada e aperfeiçoada. As tácticas usadas, as formações utilizadas, o posicionamento dos jogadores, a marcação do adversário, as transições, etc, tudo é dinâmico e vai-se modificando ao longo das gerações.

Penso que estamos a entrar numa geração em que o futebol já não é construído e jogado com base em posições fixas. Um jogador já não pode esperar jogar só numa posição com uma função específica. A verdade é que hoje em dia a polivalência dos jogadores é uma das características mais apreciadas pelos melhores técnicos do mundo.

Como exemplo, podemos analisar mais de perto as funções dos avançados nas equipas de topo. O avançado moderno já não é o típico jogador fixo de área que delimita o seu posicionamento na área adversária e proximidades. Agora o verdadeiro avançado é o que recua para auxiliar na defesa, ajuda no pressing, vem buscar a bola, assume muitas vezes papel de distribuidor e, inclusivamente, troca de posições e funções com os seus colegas até mesmo a meio de um jogo.

Tanto o Messi como Cristiano Ronaldo são jogadores extremamente completos e polivalentes. Apesar de não serem pontas de lança de raíz, não são raras as vezes em que são chamados a desempenhar essa função e com toda a eficiência.

Na final do mundial de clubes, o Muricy Ramalho achou surpreendente a forma como o Barcelona apresentou o seu jogo sem avançados puros, alegando que jogou num “3-7-0”, referindo também com alguma ironia e crítica ao futebol brasileiro que se alguém implementasse essa estratégia no Brasil seria um autêntico “absurdo” e “caso de polícia”. A verdade é que o Barcelona é o perfeito exemplo da dinâmica de posições do futebol moderno, em que toda a estrutura e filosofia de jogo não perde qualquer tipo de rendimento até mesmo quando se ataca só com médios.

Um desejo a todos os nossos leitores de uma entrada perfeita neste novo ano que se está prestes a iniciar, com muita alegria e bom futebol claro está.

quarta-feira, 21 de dezembro de 2011

Obrigado Barcelona!


Já escrevi sobre o Barcelona antes. E também já referi que não gosto deles.
Mas o momento que me proporcionam, obriga a que, mesmo não gostando, escreva sobre eles.
Não vivi nos anos da laranja mecânica, do Bayern de Beckenbauer, do Ajax de Cruyff ou o Liverpool do Ian Rush.
Mas, daqui a uns anos, poderei dizer que vivi no tempo do Barcelona. E aí surgirá a pergunta: o Barcelona de quem?
Então, a resposta será difícil de dar: será o Barcelona do guarda-redes que mesmo depois de oferecer um golo, arrisca sair a jogar com qualidade? Será o Barça de um treinador que seja por falsa modéstia ou não, é correto e cordial, sem nunca insultar nem agredir verbalmente ninguém? Será o Barça de Messi? Ou o Barça de Xavi e Iniesta? Ou será o Barça onde um jogador com um tumor, foi capaz de se curar e erguer a taça da Champions?  Poderemos dizer que é o Barça de Guardiola?
Para ser sincero, acredito que a resposta mais unânime será afirmar que vivi no tempo do Barça que ganhava sempre ao Mourinho.
Um Barça que, independentemente da perspetiva, é a melhor equipa da atualidade, e permanecerá no museu da imortalidade junto com as melhores de sempre.
Ao lado da fotografia do Barça, deveria sempre estar a foto de Mourinho, como o espelho máximo do que a obsessão pode ser: impeditiva do sucesso!
Ao Barça, e a todos aqueles que estão a escrever esta história inigualável, o meu obrigado por me permitirem saber que estou a viver um momento que mais tarde será recordado.
E eu estarei cá para dizer: eu vivi esse momento!

segunda-feira, 19 de dezembro de 2011

Impossível de ouvir!


Há indivíduos que simplesmente não se suportam. Acredito que isso aconteça com todos nós e que muitos dos leitores estejam já a pensar em meia dúzia deles.
No que ao mundo futebolístico diz respeito, confesso que as segundas-feiras me têm deixado particularmente receoso de que a sanidade mental de algumas pessoas não estará mesmo muito bem. Embora pudesse falar de várias personalidades que, semanalmente nos presenteiam com os seus pontos de vista mirabolantes de lances aparentemente óbvios, irei referir-me em particular ao Rui Gomes da Silva. Se não estão a ver quem seja faço-vos uma vénia. Não perdem nada!
Vice-presidente do Benfica, este senhor é também conhecido pela famosa suposta agressão de que foi alvo na cidade do Porto e por ter sido processado pelo Nacional.
Apesar dos dois restantes convidados do Dia Seguinte não serem particularmente do meu agrado, este indivíduo enche os limites da paciência de qualquer cidadão normal. Escondido sob a sua fina (?) ironia, Rui Gomes da Silva parece uma verdadeira criança a discutir futebol, afirmando pérolas como as seguintes:
·         O Roberge (jogador que foi expulso no Dragão) se calhar não gosta de jogar no Dragão, tem medo.”
·         “O Jesus é o melhor treinador português.”
·         “Trocamos o Nolito pelo Di Maria e ainda ganhamos qualquer coisa”.
·    “O Nolito no 2º golo do Benfica ainda espera que os jogadores do Rio Ave se recomponham por causa do eventual fora-de-jogo.”
Mais do que a própria actuação dos dirigentes, considero que afirmações como a destes indivíduos incendeiam os ânimos entre adeptos, conduzindo a um fervilhar de emoções nada apropriado.
Posso estar muito enganado a respeito deste senhor mas opiniões contrárias também são aceites!

segunda-feira, 12 de dezembro de 2011

Herói e Vilão



Este fim de semana tivemos oportunidade de assistir a mais um duelo titânico espanhol, e como num típico filme hollywoodesco, o herói acabou por ser inevitavelmente o mesmo. O grupo blaugrana viu-se envolvido em condições de extrema hostilidade, mas com habilidade, alguma sorte e uma boa dose de magia alcançou mais um final feliz.

Perante um Real Madrid que é claramente uma evolução de ano passado, a equipa de Guardiola foi fiel aos seus princípios de jogo e até quando tudo indicava que a estratégia de posse de bola, lenta e construtiva, parecia não estar a dar resultado, o Barcelona foi persistente, manteve a sua forma de jogar e guiado pela luz invocada pelo mágico Messi, chegou ao sucesso.

Hoje em dia assistir a um clássico entre Real e Barça é quase similar a assistir a um filme de acção de Hollywood em que há um herói, de personalidade coerente, valores morais inquestionáveis e, munido de uma habilidade inabalável, constrói e impõe a sua filosofia de forma a alcançar os seus nobres objectivos. Por outro lado, temos um vilão de personalidade indecifrável e misteriosa ao espectador, cujas intenções principais parecem centrar-se na destruição da obra do herói.

Como num filme de acção, há um enredo em que o vilão consegue colocar o herói numa situação de dificuldade extrema, em que tudo parece indicar um desfecho trágico para o nobre e bondoso personagem. Mas como se fosse guiado por uma força quase divina, o herói consegue evitar a estocada final e depois lutar corajosamente através de acrobacias impossíveis, fazendo o que mais ninguém consegue fazer e claro com uma dose de sorte à mistura que só ilumina a personagem bem intencionada.

É certo que novos capítulos virão, e que muito há ainda por lutar, mas também é uma realidade indiscutível que o Barcelona neste momento continua a apresentar uma melhor qualidade tanto a nível individual como em equipa comparativamente a este Real em evolução crescente. No entanto, há hoje em dia uma tendência cinematográfica em Hollywood que começa pôr em causa o final feliz como um desfecho certo. Aguardaremos para ver…

sexta-feira, 9 de dezembro de 2011

Lima!


Diria o Sr. Valdemar Duarte da TVI que Lima se encontra em má forma e que só um Nuno Gomes muito mau é que não consegue tirar lugar ao primeiro. As suas considerações (sempre sábias) foram ditas por volta dos 75 min do jogo contra o FCP, mesmo antes de assinar os dois golos da equipa. Hoje fez mais dois.
Mais do que estes factos que se traduzem em golos, Lima é um jogador que me agrada particularmente. Por vezes parecendo desligado do jogo, aparece de forma decisiva nos espaços vazios, e cai muito bem em qualquer uma das alas, dando profundidade ao jogo da equipa.
Para além disto, possui uma facilidade de remate incrível tanto de pé direito como de pé esquerdo. A meu ver, é um daqueles jogadores mal-aproveitados pelos chamados três grandes que vai acabar por deixar o futebol português para um clube qualquer com pouca expressão.
É uma pena!
PS: Alan está um jogador fabuloso!

terça-feira, 6 de dezembro de 2011

Oh tempo, volta p`ra trás


Primeiro no Campeonato, em lugar apurável na Champions, em disputa na Taça de Portugal e na Taça da Liga. Este era o Porto de Vítor Pereira há (muito pouco…) tempo.
Era um Porto que jogava mal, que era assobiado pelos adeptos no próprio estádio, onde o treinador era insultado pela claque do clube, onde todos os jogadores eram postos em causa.
Quase todos os portistas queriam a demissão de Vítor Pereira.
Hoje, o Porto é primeiro no Campeonato, e luta pela Taça da Liga. Vai poder lutar pela revalidação de um título do ano passado (a Liga Europa) e já disse adeus a duas competições (LC e Taça Portugal).
Um Porto que hoje fez um jogo absolutamente estrondoso, brilhante, o melhor da época, onde só não goleou por milagre e manifesto azar.
Perante uma plateia sempre exigente, não foram vistos lenços brancos, ninguém insultou o treinador, ninguém assobiou os jogadores e no final ouviram-se, imaginem, aplausos!
Perante isto, apetece-me perguntar: qual o melhor Porto? O dos resultados, ou o que vai de encontro às emoções irracionais dos adeptos?
Parece-me que a resposta é clara: ó tempo, volta p`ra trás.