segunda-feira, 25 de junho de 2012

Euro escolhas


Por norma, as grandes competições internacionais de seleções revelam-se como montras extremamente interessantes para jogadores até aí pouco valorizados. Diouf (Mundial 2002), Arshavin (Euro 2008) e Muller (Mundial 2010), são alguns dos jogadores que me recordo que viram as suas carreiras seguir um novo rumo – seja pela via de transferências, seja pela aposta nos seus clubes de forma mais regular.
Com exceção de Gebre Selassie e de Václav Pilař, ambos da República Checa, considero que este Euro 2012 tem vindo a contrariar um pouco esta tendência. Ao invés, tem permitido consolidar o estatuto de um conjunto de jogadores já de si reconhecidamente talentosos que, por sua vez, confirma a crescente capacidade dos maiores clubes em descobrir estes talentos fora da “época alta” das grandes competições internacionais.
Assim sendo, deixo aqui o meu onze de eleição deste Euro 2012:
Buffon – Selassie – Pepe – Hummels – Jordi Alba – De Rossi – Moutinho – Ozil – Modric – Gomez – C.Ronaldo.
Espero, sinceramente, que jogadores como Bruno Alves, Fábio Coentrão e Nani conquistem o direito a entrar diretamente para esta galeria de notáveis! E vocês, que equipa escolheriam?

PS: Aproveito para partilhar o sentido texto que Carlos Carvalhal deixou na sua página pessoal do Facebook e que define, na perfeição, tudo aquilo que penso: Orgulho em ser Português!!

Carlos Carvalhal:
“Que mágico País de futebol é este?!!! Com parcas condições, de pequenissmo tamanho e apenas com 10 milhões de habitantes, produz talentos reconhecidos mundialmente!
Treinadores reconhecidos em todas as partes do Mundo! O melhor treinador do Mundo..,
Jogadores contratados para os melhores campeonatos do Mundo! O melhor Jogador do Mundo...
Grandes dirigentes que conseguem com desigualdade de condiçōes ganhar títulos europeus...
Empresários com grande dinamismo que hoje se movimentam em muitos pontos do Globo com grande facilidade. Temos o melhor empresário do Mundo...
Começamos agora a colocar nas equipas a verdadeira figura do director-desportivo, ja começam a ser requisitados no exterior...
Grandes observadores e analistas do jogo. Temos uma verdadeira escola a este nível que passa despercebida aos olhos das pessoas. O chief-scouting do Manchester City campeão Ingles é nosso...
A nossa imprensa apresenta um nível de analise espetacular. Há hoje analises e programas televisivos com um nível que acredito não existir em muitos pontos do Planeta. Com os recursos que tem fazem milagres. Os relatos radiofónicos são absolutamente fantásticos.
Agora uma selecção que espanta o Mundo com a sua qualidade. Em que o céu é o limite do sonho...
Um Povo que adora e vibra com o futebol. Que precisa definitivamente que as organizações criem condições (preço dos bilhetes)) para toda a gente possa ir ao futebol.
Um futebol que muitos esquecem vive autonomamente do poder político desde há muitos anos e que se afirma por si, sem qualquer tipo de ajuda ou beneficio.
Vamos parar de dizer mal e ser pessimistas e assumir que independentemente de irmos à final do Europeu, SOMOS BONS, SOMOS PORTUGUESES! Temos OBRIGAÇÃO de proteger a nossa MARCA, somos LUSITANOS...”

quinta-feira, 21 de junho de 2012

Obrigado Paulo Bento!


Algures a 23 de Maio tinha escrito que era um admirador confesso de Paulo Bento.
Continuo a sê-lo. Hoje mais do que no dia em que o escrevi.
Admiro-o por ser pragmático e pensar pela sua própria cabeça.
Foi capaz de, num grupo de futebolistas com quatro jogadores fora de serie (Coentrão, Ronaldo, Pepe e Moutinho), fazer uma equipa no verdadeiro significado da palavra.
Sente-se e vê-se que mesmo os jogadores suplentes, mesmo aqueles que sabem que nunca serão utilizados, sentem a Seleção e vivem cada vitória como se tivessem marcado um golo, mesmo que ninguém se tenha lembrado que eles lá estão.
 Hoje pouco importa se Manuel Fernandes foi ou não convocado. Ninguém fala do Quim. Bosingwa e Ricardo Carvalho afinal até nem fazem falta. Mais importante: ninguém se lembra do frustrado do Manuel José, do aziado do Carlos Queiroz, do inútil Rui Santos. E ninguém se lembra que foi Paulo Bento que, milagrosamente, nos qualificou quando já nada o fazia prever…
Hoje somos capazes de ver a Seleção como um conjunto que vale muito mais que a soma das partes que a constituem.
Hoje somos capazes de, sem bandeiras nas janelas, sentir a Seleção e vibrar com cada alegria e sofrer com cada tristeza.
Fomos capazes de nos unir em torno de uma causa. Mesmo estando céticos ao início. O que dá ainda mais mérito a quem nos fez acreditar que valia a pena manter acesa a chama da ilusão.
A nós, e aos jogadores.
Porque, tuga que é tuga, acredita.
E, tal como disse a 23 de Maio, “desta é que é”.
Eu acredito.
PS: Eu acredito, mesmo que me faça alguma confusão saber que jogamos sempre com 10 jogadores e o adversário com 12. Em comum, os adversários têm o facto de jogar com um defesa central que se chama Postiga. Mas neste jogo, algures na primeira parte, trocaram e puseram um tal Hugo Almeida. Mérito para este último que conseguiu tirar um golo a Cristiano Ronaldo, após corte que o bandeirinha assinalou fora de jogo…

domingo, 17 de junho de 2012

Justifica o que ganhas!



Custa-me defender Cristiano Ronaldo. Um jovem que aos 27 anos factura uma quantia multimilionária ao fim do mês, só equiparada ao rendimento de importantes CEOs de grandes empresas, que têm acesso constante a uma vida de luxos, de mimos, de tratamentos preferenciais só porque sabe jogar futebol, terá que ter um lado sofrível da vida, e esse lado, poderá ser muito bem a pressão que lhe deverá ser imposta todos os dias.

Ora Ronaldo já deu provas evidentes que muitas vezes não consegue lidar com a pressão. Ou por rendimentos fracos em campo, ou por provocações a adeptos, ou então por declarações descabidas que não abonam nada a favor dele (as referência a Messi no final do jogo da Dinamarca foi algo ingénuo e completamente desnecessário).

Cada vez que que se queixa das críticas da imprensa, dos adeptos, dos assobios e manifesta sinais evidentes de se sentir afectado, são uns valentes milhões de euros dos quais aufere que deixam de ter justificação.

Mas também uma coisa é certa. A selecção não é só Ronaldo. De nada serve usufruirmos de um super Ronaldo se temos uma defesa que continua a cometer erros defensivos comprometedores. Um rendimento equilibrado e entrosado da equipa será o factor chave prioritário.

Hoje será um derradeiro teste à nossa capacidade. Prevêem-se importantes modificações no onze inicial da Laranja Mecânica. A armada holandesa vem em peso e já com os canhões apontado para nós. E por favor Ronaldo, deixa-te de lamechices e justifica o que ganhas, cala-nos a todos com a tua exibição!   

quarta-feira, 13 de junho de 2012

Reagir em vez de AGIR


Antes de tudo, importa sublinhar um facto indesmentível. Independentemente da qualidade apresentada, dos jogadores que actuam ou do treinador que a dirige, a selecção nacional de futebol consegue – verdadeiramente (!) – unir o povo português em torno de uma causa. Unimo-nos de tal forma que se a vitória dependesse da nossa devoção à selecção, os jogos estariam ganhos à partida.
Debruçando a nossa atenção sobre os aspectos futebolísticos propriamente ditos, confesso que os dois jogos até agora disputados me deixam com um misto de sensações. Sinto que não falta querer, vontade e garra, mas ela só é visível a espaços durante o jogo. Percebe-se que somos capazes de assumir o jogo mas só o fazemos quando estritamente forçados a tal.
Por outro lado, ao longo da era Paulo Bento, demonstramos sempre um bloco organizado e compacto, isto é, sem grandes distâncias entre sectores. Todavia, agora, assistimos a largos espaços concedidos entre eles, provocando calafrios constantes. No epicentro de toda a polémica está ainda Ronaldo. O talento está todo lá – nós sabemos – mas simplesmente não é colocado em prol da selecção, pese embora já tenha aparecido a espaços nestes dois jogos.
A pró-actividade tem dado lugar a uma atitude muito mais reactiva. De facto, pressionamos quando tivemos a perder com a Alemanha, entramos fortes quando tínhamos que marcar à Dinamarca e voltamos a ser incisivos quando procurávamos o terceiro golo. Acredito que esta não seja a estratégia delineada e muito menos aquilo que os jogadores pretendem executar.
Ainda que estes factos sejam preocupantes, considero que há aqui espaço para optimismo. O contexto dos dois jogos levou a que Portugal tivesse esta atitude de maior reacção perante as adversidades, levando-a a assumir uma postura que, no meu entender, não deverá ser o comportamento padrão. Temos capacidade e qualidade para entrar dominantes, para circular a bola como ninguém, para defender de forma compacta (Ronaldo, não te esqueças!), para marcar e não baixar os braços.
Isso sim é Portugal e nós temos tudo o que é preciso!   
“Alma, garra e dedicação”. Assim se faz um português. Assim se faz a nossa selecção!    

quinta-feira, 7 de junho de 2012

O Tuga e a Selecção



Sim. Sou Tuga. Com todo o orgulho e defeitos que nos caracterizam. 
A Seleção não tem culpa do desemprego que existe no país, dos salários milionários dos políticos, da (falta de) justiça, da impunidade dos corruptos, da frieza da Merkel, da situação da Grécia e da alta taxa de juro das obrigações que o Estado emite.
Mas somos tugas. E temos que ter em quem libertar as nossas frustrações. Quem é que está mais a jeito? A Seleção.
E como todos os tugas, afirmo à boca cheia que Portugal no Euro vai ser uma vergonha!
“Não vamos fazer um único ponto, vamos ser cilindrados pela frieza alemã, apanhados de surpresa pela velocidade, talento e genialidade holandesa e surpreendidos pelo cinismo dinamarquês”.
“Se passarmos o grupo já é uma vitória! Cristiano Ronaldo? Uiii… Esse não vai marcar nenhum golo. Nem de penaltie!”
E se por acaso passarmos os grupos, vamos dizer:
“Com o dinheiro que gastaram no hotel, não fizeram mais que a obrigação! Mas agora somos já eliminados. Passamos porque os adversários não jogaram nada e tivemos sorte…”.  
E se eles ganharem o Euro?
“A ganhar o que eles ganham até eu. São tratados como reis. Já viste o que custa o hotel deles? Quero lá saber da Seleção…”
Se, por acaso, eles ficarem pela primeira fase, aí iremos afirmar com todo o orgulho do mundo:
“Eu já sabia! Eu tinha dito. Andavam sempre em festas. E aquele Ronaldo? Sempre com bons carros!”
(deve haver uma relação inversa entre o que cada um joga e a qualidade do seu carro. Se assim for, deixem-me que vos diga: sou o próximo bola de ouro!)
Como todos os tugas, também eu digo que não ligo nenhum à Seleção, que não vamos fazer nada de jeito, que eles gastam milhões nos hotéis.
Mas, como todos os tugas, Sábado, irei estar colado à TV. Porque se há uma coisa que o Tuga tem é esperança.
E, no fundo, todo o Tuga acredita que “desta é que é”.
Eu acredito.

sexta-feira, 1 de junho de 2012

Nova época, novas questões



Como é habitual antes de uma nova época, várias questões surgem sobre o que de novo virá. Destacarei algumas.

A primeira terá a ver com o próximo destino de Pep Guardiola. É uma das temáticas que obviamente estará a criar uma das maiores expectativas no futebol. Para onde seguirá o jovem treinador que certamente marcou uma geração no futebol, o líder que comandou uma equipa que simplesmente produziu (e produz para já) um futebol de beleza divinal e incomparável? As hipóteses são imensas, e será realmente interessante observar se o jovem treinador conseguirá implementar um pouco do seu estilo tiki taka em campeonatos de cultura futebolística diferentes tais como na Premier League, ou na Serie A italiana.

Outro destaque irá para o Incrível. Tenho o feeling que chegou a hora. De alguma forma já me convenci que será esta época que Hulk partirá para uma nova aventura noutro campeonato. A estrela portista tem todas as qualidades e potencial para arrasar num clube de maior dimensão, e certamente que o assédio será forte por parte de importantes emblemas europeus.

Nesta nova época será também interessante observar como é que os clubes, essencialmente os pequenos, definirão as suas políticas de investimento perante as dificuldades financeiras e o “fechar de torneira” por parte de importantes fontes de financiamento, como as entidades bancárias. Notícias recentes anunciam que uma importante e reputada equipa grega, o AEK, viu vedada a sua participação nas competições pela Federação, devido ao montante enorme de dívidas em que se vê afogado. Será um acontecimento que tenderá a ser cada vez mais recorrente? Muitas equipas portuguesas da 1ª liga apresentam um estado financeiro em estado crítico. Como irão aguentar?

Como último ponto destacarei uma não mudança, de facto há coisas que parecem nunca mudar. Em Itália deparamo-nos mais uma vez com um escândalo relacionado com manipulação de resultados e negócios envolvendo apostas desportivas. Já existe um leque enorme de jogadores, treinadores e dirigentes envolvidos neste esquema de corrupção e cada dia que passa, a lista parece crescer cada vez mais. O mais impressionante é que parece que não se aprendeu nada com o vergonhoso CalcioCaos que se desenrolou há alguns anos. A mentalidade de misturar futebol com negócios corruptos parece continuar a proliferar em Itália, sendo talvez algo representativo da mentalidade ainda predominante na sociedade italiana. Até que ponto chegará este novo escândalo?

Mas para já, resta-nos desfrutar do emocionante Euro 2012 que está aí à porta. Desejo uma muita boa sorte à nossa selecção que terá certamente que trabalhar muito se quiser deixar uma boa impressão.