Olhamos para os dados da tabela classificativa nacional e
chegamos à conclusão que Porto e Benfica andam de mãos dadas em golos marcados
e, sobretudo, em golos sofridos.
Se é óbvio que para este baixo registo em muito contribui
a enorme diferença existente para a maioria dos restantes clubes, não podemos
deixar de elogiar a postura defensiva de uma e outra equipa que, ainda assim,
diferem bastante entre si.
O modelo defensivo de Jorge Jesus baseia-se sobretudo em
excelentes processos de transição defensiva. Os extremos fecham rapidamente,
Jonas junta-se ao duo do meio-campo, Lima pressiona mais à frente e Samaris e
Pizzi/Talisca/A.Almeida cerram os dentes. Tudo isto complementado por um
quarteto defensivo solidário com Luisão e Maxi como expoentes da cultura tática
defensiva benfiquista. É assim que JJ quer as suas equipas, rápidas nas duas
transições – ofensiva e defensiva. Da capacidade do grupo responder a isto
estará o sucesso do Benfica.
Por outro lado, no Porto de Lopetegui, a defesa é feita
essencialmente pela posse de bola. A lógica de que tendo a bola 60%/70% das
vezes em minha posse, o adversário terá menos probabilidades de marcar parece
uma evidente conclusão matemática mas, no entanto, muito difícil de concretizar
na maioria dos jogos. O Porto deste ano tem conseguido manter níveis
impressionantes neste domínio. Olhamos para Casemiro, Herrera, Maicon e
Marcano/M.Indi e não vemos jogadores individualmente fortes do ponto de vista
defensivo mas que, no entanto, participam num processo colectivo muito bem
trabalhado que permite muito poucas ocasiões ao adversário.
Se tivesse que escolher um dos modelos optaria pelo
segundo já que defende ofensivamente, (tendo bola) e parece-me menos exposto à
mais-valia dos adversários (como em jogos da Champions onde as fragilidades
benfiquistas foram gritantes). Para além disso, depende menos da reacção
individual de cada jogador ao que tem que fazer aquando do processo defensivo e
mais de um modelo que se baseia na interligação de vários jogadores.