Coração, alma e coragem! Assim se
define um português e se caracteriza muito do que é feito em Portugal. Nunca desistir,
mesmo quando as contrariedades se sucedem e parecem não ter fim. Por isso é que, mesmo num contexto de crise, somos um povo tão pacífico.
Vem isto a propósito do jogo de hoje. Aquilo
que tivemos oportunidade de assistir foi um Benfica imenso que, mesmo contra
todos os condicionalismos – antes e durante o desafio – mostrou vontade, querer
e muita determinação. Mesmo acabando o jogo sem Cardozo, Maxi, Luisão e Gaitán
e com Djaló em campo, a equipa demonstrou que é esse o caminho: sem queixume,
seguir em frente!
Acabou por não ser suficiente mas
serviu (e bem!) para assustar uma equipa de qualidade duvidosa que acabará, com
maior ou menor dificuldade, por sucumbir aos pés de um Barcelona mágico.
No entanto, à semelhança do que
acontece com a sociedade em geral – onde a mesquinhez impera – também na esfera
futebolística se assiste a manifestações de desresponsabilização constantes.
Quando se perde, a culpa será sempre de alguém mas raramente aparece imputada à
própria equipa técnica que prepara o jogo ou aos jogadores que executam a
estratégia.
Jorge Jesus tem sido capaz de, nos últimos
três anos, redimensionar novamente o Benfica a uma escala europeia. Fez crescer
o clube nesse aspecto e parece hoje uma equipa mais sólida. Todavia, não raras
vezes, assistimos a atitudes do treinador que contrariam esta tendência de
pensar e ser “grande”. Ao aludir constantemente ao maior desgaste do Benfica em
relação aos adversários (não é isso que todos queriam?), ao criticar o árbitro
após o jogo de hoje (não era penálti? Maxi não foi bem expulso?) e ao elogiar o
árbitro do passado fim-de-semana, JJ mostra uma mentalidade que não se coaduna
com a forma como coloca a sua equipa a jogar.
Transmite opiniões que o desresponsabilizam
a ele e aos jogadores quando perde e centra-se na sua pessoa quando ganha. Na
minha opinião, Jorge Jesus é um bom treinador mas nunca será excelente por isso
– é grande no conhecimento e na forma como coloca a equipa a jogar, é pequeno
no que à personalidade diz respeito. E isso a longo prazo faz toda a diferença.
PS:
Ver os adeptos gritar hoje por Platini é, no mínimo, curioso dados os episódios
ocorridos há uns anos atrás. A vida dá voltas…
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