quarta-feira, 4 de abril de 2012

Ser grande, pensar pequeno


Coração, alma e coragem! Assim se define um português e se caracteriza muito do que é feito em Portugal. Nunca desistir, mesmo quando as contrariedades se sucedem e parecem não ter fim. Por isso é que, mesmo num contexto de crise, somos um povo tão pacífico.
Vem isto a propósito do jogo de hoje. Aquilo que tivemos oportunidade de assistir foi um Benfica imenso que, mesmo contra todos os condicionalismos – antes e durante o desafio – mostrou vontade, querer e muita determinação. Mesmo acabando o jogo sem Cardozo, Maxi, Luisão e Gaitán e com Djaló em campo, a equipa demonstrou que é esse o caminho: sem queixume, seguir em frente!
Acabou por não ser suficiente mas serviu (e bem!) para assustar uma equipa de qualidade duvidosa que acabará, com maior ou menor dificuldade, por sucumbir aos pés de um Barcelona mágico.
No entanto, à semelhança do que acontece com a sociedade em geral – onde a mesquinhez impera – também na esfera futebolística se assiste a manifestações de desresponsabilização constantes. Quando se perde, a culpa será sempre de alguém mas raramente aparece imputada à própria equipa técnica que prepara o jogo ou aos jogadores que executam a estratégia.
Jorge Jesus tem sido capaz de, nos últimos três anos, redimensionar novamente o Benfica a uma escala europeia. Fez crescer o clube nesse aspecto e parece hoje uma equipa mais sólida. Todavia, não raras vezes, assistimos a atitudes do treinador que contrariam esta tendência de pensar e ser “grande”. Ao aludir constantemente ao maior desgaste do Benfica em relação aos adversários (não é isso que todos queriam?), ao criticar o árbitro após o jogo de hoje (não era penálti? Maxi não foi bem expulso?) e ao elogiar o árbitro do passado fim-de-semana, JJ mostra uma mentalidade que não se coaduna com a forma como coloca a sua equipa a jogar.
Transmite opiniões que o desresponsabilizam a ele e aos jogadores quando perde e centra-se na sua pessoa quando ganha. Na minha opinião, Jorge Jesus é um bom treinador mas nunca será excelente por isso – é grande no conhecimento e na forma como coloca a equipa a jogar, é pequeno no que à personalidade diz respeito. E isso a longo prazo faz toda a diferença.
PS: Ver os adeptos gritar hoje por Platini é, no mínimo, curioso dados os episódios ocorridos há uns anos atrás. A vida dá voltas…

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