domingo, 30 de setembro de 2012

O Predestinado





Todos nós conhecemos um amigo, ou amigo de amigo, em que ficamos com a sensação que é alguém que está inevitavelmente predestinado para o sucesso. Ou porque é um génio na escola, ou porque se envolve em várias actividades com afinco, ou porque parece que faz tudo bem, com paixão, revelando ao mesmo tempo uma grande maturidade e sentido de responsabilidade desde muito novo.

A nossa sensação quase sempre acaba por bater certo no fim. E é exactamente esse feeling que tenho quando observo o jovem jogador portista de 21 anos, James Rodríguez, a jogar em campo.

Neste momento em que finalmente conquistou a titularidade, James é o jogador que puxa a equipa para a frente e demarca-se pela diferença mesmo quando os colegas parecem adormecer (o que tem sido frequente recentemente). Ele é bom nas alas, é elegante como organizador, tem muito talento nas bolas paradas, demonstra uma grande visão de jogo e um sentido posicional excelente para a idade. Basicamente, James consegue ser o puto maravilha, bom em tudo.

No entanto o aspecto que penso que é mais determinante, está na sua maturidade e assertividade com que joga. Não é exibicionista, joga sempre para a equipa, transmite confiança ao adepto de que com ele a bola será bem tratada e a jogada não se perderá. Por fim, podemos dizer que James não é um propriamente um miúdo que se perderá na carreira com irreverências e rebeldias, o juízo e a disciplina parecem estar presentes.

Tenho a certeza que não faltará muito para vermos James singrar num clube de topo, de um campeonato de topo (esperemos que o campeonato russo não seja o triste e frio destino).

domingo, 23 de setembro de 2012

Sá Pinto e o SCP – e agora?




Ninguém duvida do sportinguismo de Sá Pinto. Ninguém põe em causa que sofre imenso pelo Sporting. Também penso que ninguém equaciona que faz o melhor que está ao seu alcance para que o Sporting encontre o sucesso. Contudo, tudo isto que foi dito a respeito de Sá Pinto, pode também ser dito a respeito do famoso roupeiro Paulinho.

Com esta comparação quero dizer que ser Sportinguista e sofrer pelo clube às vezes pode não chegar.

Todos se lembram de Toni e Chalana no Benfica. Ninguém duvidava do seu benfiquismo. Mas no que se refere às competências para estarem à frente da equipa, aí a história já era outra.
Contudo, no caso do SCP parece-me que, apesar de o treinador não ser o único culpado, tem uma grande dose de culpa no que se está a passar.

É visível o mal-estar na relação entre jogadores e treinador, são públicos os relatos de palestras e sessões de vídeo intermináveis e o modelo táctico assim como a escolha de jogadores não impressionam.

Acresce a tudo isto o facto de Sá Pinto ter “abdicado” Onyewu, Polga, Matias e João Pereira.
Contudo, posto isto, restam três questões:

1)    Há uma solução melhor que Sá Pinto para o lugar de treinador de SCP?
2)   Mesmo que haja, alguém se quer sentar no banco de um clube que está na falência e que não tem a mínima hipótese de ombrear sequer com os rivais internos?
3)  Godinho Lopes teve mais do que tempo para conhecer Sá Pinto. Renovou-lhe o contrato. Com que argumentos agora o vai despedir?

Parece-me unânime que a saída de Sá Pinto representa o descalabro do SCP. Eleições antecipadas serão o único caminho, sendo que não se vislumbram candidatos. Um clube que ficará ainda mais à deriva, sem rumo, com dificuldades financeiras incríveis e quase não passíveis de serem solucionadas e que ainda não se mentalizou que precisa de passar alguns anos sem querer ombrear com os clubes de topo.

Convém ter a noção que querer ser grande sem condições para tal, só tornará o SCP pequeno ainda mais depressa.

segunda-feira, 10 de setembro de 2012

O poder é quem mais ordena!

Estivesse Zeca Afonso ainda entre nós e estaria certamente envergonhado com a reviravolta que as suas palavras de ordem tomaram. Nos dias de hoje, o povo já nada ordena e o poder manda cada vez mais. Aos restantes, sobra a opção de obedecer como se nada fosse. Afinal de contas, a liberdade de expressão tem-se retraído em demasia e as revoltas populares já lá vão. Infelizmente, dirá a maioria.
Pese embora estas palavras pudessem ser destinadas exclusivamente a questões extra futebolísticas, o presente texto serve para relembrar que o poder (instâncias com capacidade de decisão) no futebol português segue o mesmo rumo do país. Decisões pouco claras e toldadas por interesses obscuros.
O recente castigo decretado a Jorge Jesus é um dos maiores absurdos de que me recordo de tão engendrado que foi. Esperar meio ano para atribuir um castigo que vai impedir o treinador de Benfica de orientar a sua equipa em zero (!!) jogos é realmente uma punição assinalável. Não fosse este facto já de si verdadeiramente deplorável, uns dias depois aparece o agora presidente do Conselho de Disciplina da FPF a realçar que afinal era Jorge Jesus quem tinha razão em protestar, contribuindo para o esclarecimento da sua posição clubística.
Adicionalmente, temos o distinto tratamento dado aos casos Hulk/Sapunaru e Luisão. Vamos a factos: Hulk e Sapunaru foram acusados de agressão a seguranças através de câmaras internas, enquanto Luisão está a ser acusado de agressão a um árbitro através do recurso a imagens televisivas. Resultado: Hulk e Sapunaru ficaram suspensos preventivamente durante 4 e 6 meses respetivamente, Luisão está a jogar até saber a sua “pena”. Ora tudo isto é muito estranho e em nada contribui a tão apregoada justiça desportiva.
A verdade é que este CD não augura nada de positivo para uma época que se avizinha bastante renhida.
Ahh, para terminar mais um conselho ao Conselho de Disciplina da FPF. Quando algum clube tiver de perder pontos por atos provados ilícitos, que isso não aconteça quando o campeonato já está ganho… Aí já não serve de punição nenhuma!