A equipa do FutebolStorming agradece
toda a disponibilidade demonstrada pelo Carlitos para a realização desta
entrevista. Aqui fica um exemplo de como é possível continuar a ser
bem-sucedido a nível profissional depois de terminar uma carreira futebolística
já de si recheada de êxitos.
Parabéns Carlitos!
1) Começa e termina a carreira no Gil Vicente. Que palavras lhe
merecem este clube?
Foi o clube que me fez para o
futebol. Estou muito agradecido por tudo que me deu.
2) Consegue explicar o porquê do calvário de lesões que sempre o
assolou?
Foram situações inexplicáveis que se deveram,
sobretudo, a desequilíbrios a nível muscular.
3) Karel Poborsky, foi uma sombra que o impediu de triunfar, ou
um ídolo com quem aprendeu?
Foi um prazer ser companheiro de
Karel Poborsky. Admirava-o como jogador e não considero que tenha sido uma
sombra, antes pelo contrário. A partir da 3ª jornada comecei a jogar e
alternávamos algumas vezes. As coisas começaram a correr-me muito bem que
quando chegou o Mourinho não me tirou e meteu o Karel a jogar interior direito.
Entretanto as coisas não estavam a sair-lhe bem (porque eu continuei a jogar) e
ele em Dezembro pediu para ir embora.. E foi para titular da Lazio:)
4) Jupp Heynckes foi o treinador que o trouxe para o
Benfica, clube onde teve 5 treinadores: Toni, Jesualdo, Camacho, Chalana,
Heynckes e Mourinho. Que opinião guarda deles? Muito diferentes? A opinião que
passou para a opinião pública é que Camacho era o que mais apostava em si.
Concorda?
São todos treinadores diferentes, cada
um com as suas ideias e os seus métodos. Jupp foi o treinador que me foi buscar
e tinha tanta confiança em mim que à 3ª jornada me meteu a jogar a extremo
esquerdo. Considero-o o meu melhor treinador de campo já que é profissional a
1000%. Em tudo! Passe, remate, receção de bola, cruzamentos! Treinador alemão,
frio… Mas do melhor em termos de campo.
Toni era muito sentimental. Era um treinador
amigo demais para ser grande treinador de um grande. Mas o que é certo foi
campeão pelo Benfica. Mas os tempos mudaram e, hoje em dia, um treinador tem
que ter pulso forte. Senão “morre”:)
Jesualdo igualmente bom treinador,
bom em termos de ensinamentos a nível posicional. Bom amigo.
Chalana: ama o Benfica e isso
prejudicou-o. Por curiosidade, relembro um pequeno episódio. A primeira
palestra dele ficou marcada por uma expressão: “futebol é o momento! Pensam na
canção Pedro Abrunhosa – O Momento:)” Era uma pessoa fantástica. Mesmo! É meu
grande amigo… Aliás todos os treinadores são meus amigos, embora seja verdade que
uns mais do que outros.
Camacho foi sem dúvida um Grande
treinador. Um dos 3 treinadores que mais me marcou no futebol. Treinador com
grande categoria mesmo e, sem dúvida, treinador de clube grande.
Mourinho: chegou com a sua
personalidade que é reconhecida… Agressivo... Sem medo... “Quem trabalha e quem
está melhor é que joga”, dizia ele. Para ele não havia nomes e referia “quem
gosta gosta, quem não gosta que vá embora!”. Disse-o muitas vezes nas palestras.
Lembro-me do intervalo de um jogo em que disse para mim e para o Miguel: “A
jogarem assim, para a semana vocês são titulares!” O Sabry, que era a pérola do
Egipto, e o Karel Poborsky não jogaram mais e assim aconteceu. Por sinal, o
jogo que se seguia era o grande jogo com o Sporting que ganhamos 3-0 e a seguir
ao qual ele foi embora...
Ninguém previa que este iria ser o
GRANDE treinador, o melhor do mundo. Mas sentíamos que estava ali um possível
treinador de top. O que o diferencia dos demais é como ele trabalha o
psicológico dos jogadores. A emoção que dá, o incentivo de dizer constantemente
o quanto somos bons. “Somos jogadores do Benfica e somos melhores que os outros”,
dizia ele. A forma como ele trabalhava o psicológico é determinante e faz dele
o melhor do mundo. Joguei com todos. Ainda assim, mais com o Mourinho do que com
os outros…
5) Algum episódio em particular que nos queira contar?
Várias mas tive um jogo no Belenenses
e o treinador era o Fernando Festas. Ao intervalo estamos a perder 3-0, ele
desceu ao balneário e estivemos 5 minutos todos calados à espera que ele
falasse. Começamos a olhar uns para os outros e quando ele levanta-se disse: “olhem
para mim!” Tirou a placa de dentes da boca meteu no chão e partiu com o pé. E
disse: “isto é a vontade que tenho de fazer a cada um de vocês!”
Subiu para o relvado e não disse mais
nada… Conclusão, perdemos 4-0:)))
PS: Caros leitores, não percam a segunda parte da entrevista. Entre outros temas como Benfica, Real Madrid e Selecção, saberemos qual o onze que Carlitos escolhe como os melhores com quem jogou.
Ah, e novidades sobre o seu novo projeto profissional! Promete...
Devia ter uma Opção "GOSTO"!!
ResponderEliminarA historia dos dentes, genial !!!
ResponderEliminarBoa entrevista, dum GRANDE 2jornalista"...
ResponderEliminarParabéns caro André "Três" Barros...
Na próxima lanço o desafio de entrevistares o Helton...mas convida-me a ir contigo se conseguires...