quarta-feira, 4 de julho de 2012

Entrevista a Carlitos - Parte I


A equipa do FutebolStorming agradece toda a disponibilidade demonstrada pelo Carlitos para a realização desta entrevista. Aqui fica um exemplo de como é possível continuar a ser bem-sucedido a nível profissional depois de terminar uma carreira futebolística já de si recheada de êxitos.
Parabéns Carlitos!

 1) Começa e termina a carreira no Gil Vicente. Que palavras lhe merecem este clube?
Foi o clube que me fez para o futebol. Estou muito agradecido por tudo que me deu. 
2) Consegue explicar o porquê do calvário de lesões que sempre o assolou?
 Foram situações inexplicáveis que se deveram, sobretudo, a desequilíbrios a nível muscular.
3) Karel Poborsky, foi uma sombra que o impediu de triunfar, ou um ídolo com quem aprendeu?
Foi um prazer ser companheiro de Karel Poborsky. Admirava-o como jogador e não considero que tenha sido uma sombra, antes pelo contrário. A partir da 3ª jornada comecei a jogar e alternávamos algumas vezes. As coisas começaram a correr-me muito bem que quando chegou o Mourinho não me tirou e meteu o Karel a jogar interior direito. Entretanto as coisas não estavam a sair-lhe bem (porque eu continuei a jogar) e ele em Dezembro pediu para ir embora.. E foi para titular da Lazio:)
4) Jupp Heynckes foi o treinador que o trouxe para o Benfica, clube onde teve 5 treinadores: Toni, Jesualdo, Camacho, Chalana, Heynckes e Mourinho. Que opinião guarda deles? Muito diferentes? A opinião que passou para a opinião pública é que Camacho era o que mais apostava em si. Concorda?
São todos treinadores diferentes, cada um com as suas ideias e os seus métodos. Jupp foi o treinador que me foi buscar e tinha tanta confiança em mim que à 3ª jornada me meteu a jogar a extremo esquerdo. Considero-o o meu melhor treinador de campo já que é profissional a 1000%. Em tudo! Passe, remate, receção de bola, cruzamentos! Treinador alemão, frio… Mas do melhor em termos de campo.
Toni era muito sentimental. Era um treinador amigo demais para ser grande treinador de um grande. Mas o que é certo foi campeão pelo Benfica. Mas os tempos mudaram e, hoje em dia, um treinador tem que ter pulso forte. Senão “morre”:)
Jesualdo igualmente bom treinador, bom em termos de ensinamentos a nível posicional. Bom amigo.
Chalana: ama o Benfica e isso prejudicou-o. Por curiosidade, relembro um pequeno episódio. A primeira palestra dele ficou marcada por uma expressão: “futebol é o momento! Pensam na canção Pedro Abrunhosa – O Momento:)” Era uma pessoa fantástica. Mesmo! É meu grande amigo… Aliás todos os treinadores são meus amigos, embora seja verdade que uns mais do que outros.
Camacho foi sem dúvida um Grande treinador. Um dos 3 treinadores que mais me marcou no futebol. Treinador com grande categoria mesmo e, sem dúvida, treinador de clube grande.
Mourinho: chegou com a sua personalidade que é reconhecida… Agressivo... Sem medo... “Quem trabalha e quem está melhor é que joga”, dizia ele. Para ele não havia nomes e referia “quem gosta gosta, quem não gosta que vá embora!”. Disse-o muitas vezes nas palestras. Lembro-me do intervalo de um jogo em que disse para mim e para o Miguel: “A jogarem assim, para a semana vocês são titulares!” O Sabry, que era a pérola do Egipto, e o Karel Poborsky não jogaram mais e assim aconteceu. Por sinal, o jogo que se seguia era o grande jogo com o Sporting que ganhamos 3-0 e a seguir ao qual ele foi embora...
Ninguém previa que este iria ser o GRANDE treinador, o melhor do mundo. Mas sentíamos que estava ali um possível treinador de top. O que o diferencia dos demais é como ele trabalha o psicológico dos jogadores. A emoção que dá, o incentivo de dizer constantemente o quanto somos bons. “Somos jogadores do Benfica e somos melhores que os outros”, dizia ele. A forma como ele trabalhava o psicológico é determinante e faz dele o melhor do mundo. Joguei com todos. Ainda assim, mais com o Mourinho do que com os outros…
5) Algum episódio em particular que nos queira contar?
Várias mas tive um jogo no Belenenses e o treinador era o Fernando Festas. Ao intervalo estamos a perder 3-0, ele desceu ao balneário e estivemos 5 minutos todos calados à espera que ele falasse. Começamos a olhar uns para os outros e quando ele levanta-se disse: “olhem para mim!” Tirou a placa de dentes da boca meteu no chão e partiu com o pé. E disse: “isto é a vontade que tenho de fazer a cada um de vocês!”
Subiu para o relvado e não disse mais nada… Conclusão, perdemos 4-0:)))

PS: Caros leitores, não percam a segunda parte da entrevista. Entre outros temas como Benfica, Real Madrid e Selecção, saberemos qual o onze que Carlitos escolhe como os melhores com quem jogou.
Ah, e novidades sobre o seu novo projeto profissional! Promete...

3 comentários:

  1. Devia ter uma Opção "GOSTO"!!

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  2. Pedro Campilho05 julho, 2012 18:28

    A historia dos dentes, genial !!!

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  3. Boa entrevista, dum GRANDE 2jornalista"...

    Parabéns caro André "Três" Barros...

    Na próxima lanço o desafio de entrevistares o Helton...mas convida-me a ir contigo se conseguires...

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