domingo, 21 de outubro de 2012

Austeridade no futebol




Nesta altura em que as dificuldades financeiras estão no centro da mesa em praticamente tudo o que é a realidade empresarial e social do nosso país, o futebol não é obviamente excepção. O esforço cabal que os clubes de média e pequena dimensão andam a fazer para simplesmente se manterem à tona já não é propriamente uma novidade. Já mais recente será a noção de que até mesmo os ainda chamados “três grandes” apresentam dados preocupantes e poderão rapidamente caminhar para um abismo.

A situação do Sporting é crítica e já se revela notoriamente no rendimento desportivo e no desnorte das políticas de administração do clube. Já no Benfica, a venda de alguns jogadores cruciais que originou um certo desfalque no plantel é sinal de uma pesada austeridade que começa a ser imposta nos gastos do clube e que não duvido que se começarão a ressentir desportivamente em breve.

Nestes últimos dias, o Futebol Clube do Porto apresentou as suas contas 2011/2012 e o que revelou é de alguma forma preocupante. Mesmo com a não contabilização das vendas de Hulk e de Álvaro Pereira, as perdas de 33,5 milhões relatadas poderão revelar uma certa fragilidade na forma como o clube anda a gerir os dinheiros que encaixa com a venda de importantes jogadores. O argumento dado relativo ao encarecimento do custo do financiamento bancário é de facto uma razão legítima, mas na minha opinião não explica tudo.

O clube portista chegou mesmo a comunicar que 22 milhões de euros associados aos valores de transacção das saídas de Falcao e Guarín destinaram-se exclusivamente a custos relativos a comissões e outras despesas de intermediação (fonte: http://www.marca.com/2012/10/20/futbol/equipos/atletico/1350731927.html ). Estes enormes valores associados a comissões sempre me soaram a algo de vago e ajudam a alimentar uma certa nebulosidade sobre toda a temática da transparência financeira no futebol. Aquilo que todos sabemos é que o futebol faz enriquecer muita gente, resta saber se de facto enriquece a quem legitimamente de direito.

O que é certo, é que de forma transparente ou não, o rumo financeiro que os nossos clubes estão a ter irá inevitavelmente desembocar no colapso desportivo se nada se fizer.

Sem comentários:

Enviar um comentário