Nesta altura em que as dificuldades financeiras estão no
centro da mesa em praticamente tudo o que é a realidade empresarial e social do
nosso país, o futebol não é obviamente excepção. O esforço cabal que os clubes
de média e pequena dimensão andam a fazer para simplesmente se manterem à tona
já não é propriamente uma novidade. Já mais recente será a noção de que até
mesmo os ainda chamados “três grandes” apresentam dados preocupantes e poderão
rapidamente caminhar para um abismo.
A situação do Sporting é crítica e já se revela notoriamente
no rendimento desportivo e no desnorte das políticas de administração do clube.
Já no Benfica, a venda de alguns jogadores cruciais que originou um certo
desfalque no plantel é sinal de uma pesada austeridade que começa a ser imposta
nos gastos do clube e que não duvido que se começarão a ressentir
desportivamente em breve.
Nestes últimos dias, o Futebol Clube do Porto apresentou as
suas contas 2011/2012 e o que revelou é de alguma forma preocupante. Mesmo com
a não contabilização das vendas de Hulk e de Álvaro Pereira, as perdas de 33,5
milhões relatadas poderão revelar uma certa fragilidade na forma como o clube
anda a gerir os dinheiros que encaixa com a venda de importantes jogadores. O
argumento dado relativo ao encarecimento do custo do financiamento bancário é
de facto uma razão legítima, mas na minha opinião não explica tudo.
O clube portista chegou mesmo a comunicar que 22 milhões de
euros associados aos valores de transacção das saídas de Falcao e Guarín destinaram-se
exclusivamente a custos relativos a comissões e outras despesas de intermediação
(fonte: http://www.marca.com/2012/10/20/futbol/equipos/atletico/1350731927.html ). Estes enormes valores associados a comissões sempre me soaram a algo
de vago e ajudam a alimentar uma certa nebulosidade sobre toda a temática da
transparência financeira no futebol. Aquilo que todos sabemos é que o futebol
faz enriquecer muita gente, resta saber se de facto enriquece a quem
legitimamente de direito.
O que é certo, é que de forma transparente ou não, o rumo
financeiro que os nossos clubes estão a ter irá inevitavelmente desembocar no
colapso desportivo se nada se fizer.
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