segunda-feira, 31 de maio de 2010

Futebol / Indústria – até quando?

Já há muito que todos constatamos que o futebol deixou de ser um desporto puro, na verdadeira acepção da palavra, para passar a ser uma empresa com fins lucrativos. Assim se explicam os contractos publicitários megalómanos, as apresentações de jogadores, o mediatismo da comunicação social, os estudos de marketing, as manobras de publicidade e merchandising.

Concluímos então, que os clubes de futebol são empresas que têm um fim lucrativo usando os resultados desportivos e os jogadores como alavanca.

Vem isto a propósito da palavra mais badalada nos últimos dias: crise. Como escapa o futebol à crise actual? Deixo no ar algumas questões que por muitas análises que faça, não encontro resposta:
- como consegue um clube pagar 28 mil euros por dia a um treinador?
- como consegue um clube com um passivo brutal obter crédito junto da Banca?
- será possível haver pessoas a viver com menos de 1 euro por dia, e jogadores a receberem muito mais de um euro por segundo?

A grande questão é: até quando estas desigualdades? Até quando é que os clubes e os seus intervenientes (dirigentes, jogadores e treinadores) terão tratamento especial e irão viver num mundo à parte?

Por um lado querem fazer parte da sociedade, ter as atenções da comunicação social, fazer capas dos jornais, ser abertura dos telejornais mas, na verdade, têm tratamento especial pois conseguem-se inscrever nas competições mesmo tendo dívidas, têm crédito junto da Banca enquanto os particulares não o conseguem e, pior que isso, servem muitas vezes para operações de fuga ao fisco e branqueamento de capitais.

Numa altura em que os impostos aumentam, em que as dificuldades se agravam, os clubes não dão sinais de crise. Até quando irão viver à parte da sociedade da qual fazem parte?

sexta-feira, 28 de maio de 2010

Comunicação, um vector essencial


Comunicar produtos e serviços é um dos eixos estratégicos fundamentais para o sucesso de uma empresa. Esta deverá ser uma das apostas de qualquer entidade que procure ser bem sucedida. Sem uma correcta adequação e posicionamento dos produtos/serviços para o mercado, estes não terão o impacto pretendido. Penso que isto é ponto assente entre todos nós.

Tal como no mundo empresarial, também no domínio futebolístico o planeamento e adopção de uma adequada estratégia de comunicação para o exterior é, a meu ver, fundamental para a estabilidade e sucesso de uma equipa. A informação e, concretamente, a forma e o timing com que esta é passada para o exterior, torna-se cada vez mais importante e interessa a um vasto conjunto de grupos: adeptos, comunicação social e os próprios rivais.

Vem este meu post a propósito do “à vontade” mostrado pelo treinador do Benfica ao dar a conhecer publicamente determinadas informações como o interesse na contratação de Huntelaar. Esse tipo de informação deveria ficar dentro do clube e dos responsáveis que se ocupam da pasta das contratações. A menos que a divulgação deste tipo de informações tenha como objectivo desviar atenções de outros assuntos ou ser usada como “contra-informação”, esta deve ser vista como um elemento precioso.

Considero assim que a contratação de um responsável competente que se ocupe da área de comunicação de um clube é fundamental. Delinear o que deve ser passado para fora e o que deve ficar cá dentro e aplicar essa metodologia de forma transversal a todos os elementos integrantes do clube.

Será que devo manter determinadas informações em segredo mas deixar os meus adeptos insatisfeitos por nada ser dito pelo clube? Ou deverei informar adeptos mas prejudicar eventuais interesses do próprio clube com a divulgação de determinadas informações?

Digam de vossa justiça!

terça-feira, 25 de maio de 2010

Post do Leitor: Verdades do Mundial


Começando pelo mais obvio Portugal está em 4º do ranking da FIFA e foi considerada a 5ª equipa mais valiosa do mundial. Não penso que esta seja grande notícia para Portugal visto que estes lugares apenas podem trazer pressão desnecessária. Dito isto, e que a selecção das quinas não parece ser a 4ª melhor do mundo, até porque será sempre uma avaliação subjectiva, não nos esqueçamos que no último mundial Portugal ficou em 4º lugar. Há também um fenómeno curioso no nosso país. Parece que por muito boa que a selecção seja, há sempre quem não confie no seu sucesso! Acho óbvio que isto nunca será um bom princípio, até porque na última década Portugal esteve em todas as competições possíveis sendo que apenas a de 2002 foi notoriamente má.

A selecção portuguesa carrega o fardo de ter de jogar bem. Habituou um país a jogar assim e além disso parece só saber jogar dessa forma. Ora jogar ao ataque é bem mais difícil do que apenas defender e esperar pelo erro do adversário, como é o caso de Itália, Alemanha ou mesmo França. Temos um estilo claramente de ataque muito mais parecido com Argentina, Brasil e Espanha e um problema: não temos os mesmos recursos no que diz respeito a quantidade de jogadores seleccionáveis. A qualidade está lá, faltam bons jogadores de banco talvez.

Na Argentina, Maradona, “el loco”, fez escolhas algo estranhas na convocatória, sendo as mais graves as ausências de Zanetti e Cambiasso. Sempre foi demasiado instável e com escolhas mais emocionais que naturais. Além disso a Argentina apesar de ser muito forte no ataque com Messi, Milito, Tevez e Higuain não tem a mesma qualidade para trás, onde Portugal leva claramente vantagem nomeadamente na defesa. Já falar em Espanha é demasiado fácil, pois individualmente está muito longe de todas as outras, mas sabemos bem que equipas que quase que só defendem e são eficazes vão sempre longe, falamos das clássicas Itália França, Alemanha.

Porém, apesar da campanha de qualificação fraca de Portugal, acho que temos uma equipa com capacidade de jogar futebol ao nível dos melhores como vimos na fase de grupos do último europeu, onde Portugal se encontrava nos favoritos das bolsas de apostas. E temos de nos lembrar que a própria Espanha, actualmente considerada a melhor equipa do mundo, teve muitas dificuldades na qualificação para o último europeu que acabou por ganhar! Tivemos um azar grande no sorteio visto que ao ficarmos em segundo do grupo acabamos a jogar com a Espanha, que é em teoria o teste mais difícil. No entanto a selecção portuguesa não precisa de ter medo de ninguém e apenas de ser esperta porque às vezes basta ser eficaz e não importa a posse de bola ou jogar bem (mourinho esta é para ti).

Pedro Campilho

Agradecemos a contribuição deste nosso leitor. Apelamos aos restantes leitores para que não hesitem em enviar os vossos posts e mostrarem a vossa visão do mundo maravilhoso que é o mundo futebol, nós publicaremos. Podem enviar para futebolstorming@gmail.com.

segunda-feira, 24 de maio de 2010

The man and the legend



Inevitável. É assim que defino o título do meu post, após ter visto a final da Liga dos Campeões deste ano. Como num filme em que todos já prevêem o desfecho, esta final serviu apenas para confirmar o que todos já viam a acontecer: Mourinho ia ganhar a final e fazer o tão almejado "triplete".


Tudo correu bem a José Mourinho esta época. Todas as críticas ao longo da época, além de serem transformadas internamente como força anímica para o seu próprio plantel, serviram de "desculpa" para começar a preparar uma eventual saída de Itália. As críticas subiam de tom e as vitórias continuavam uma constante. Taça e Campeonato mostraram que as vitórias continuavam sempre presentes na carreira de Mourinho. Mas já sabiam a pouco, Mourinho queria mais que isso. Queria ser dos poucos treinadores a ganhar a Champions por dois clubes diferentes. Já vendo mais à frente, Mourinho planeava atingir o Olimpo, chegar onde nunca ninguém chegou. Ganhar Liga dos Campeões por três clubes diferentes.

Mourinho delineava já uma estratégia. Como proteger a equipa de uma imprensa implacável em momentos como este? Nada melhor do que chamar as atenções sobre si mesmo, afirmando que o Real Madrid seduz qualquer treinador e que um dia iria treina-lo. Choveram histórias e suposições, mentiras e afirmações. Nunca mais ninguém se lembrou de "incomodar" um jogador do plantel do Inter. Há medida que afirmava que queria o Real Madrid, mais protegia a sua equipa e mais preparava o terreno para a sua futura equipa. Pensava nesta Champions e na próxima. Atraía o apoio dos adeptos do Real para o ajudarem nesta conquista e nas próximas.

O futuro provavelmente trará o desfecho de um casamento anunciado com a ida de Mourinho para o Real Madrid. Mourinho escolheu o Real que, obviamente, não deixará passar a hipótese de contar com ele. Com um plantel com a qualidade que tem, anseio pelo momento de ver jogar esta equipa. Anseio ver Cristiano Ronaldo treinado por Mourinho e ver se este alcança mais um "triplete"...


quinta-feira, 20 de maio de 2010

Uma verdadeira aposta catalã


Esta semana ficou marcada por uma primeira contratação de relevo no panorama do futebol mundial. A contratação de David Villa ao Valencia por 40 milhões representa uma forte aposta da equipa catalã no ataque a um preço justíssimo na minha opinião.

As características de Villa sempre maravilharam os amantes do futebol e pois claro também os seus treinadores. Combinando a sua capacidade enorme de finalização com uma muito boa velocidade e de uma técnica excelente, Villa é um poderoso avançado moderno de grande polivalência na frente de ataque dada a sua mobilidade.

No entanto, nesta contratação existe um ponto importante de destaque. A contratação de um avançado móvel e de maior sentido colectivo que é David Villa, deslumbra talvez uma qualquer insatisfação do Barcelona naquilo que Ibrahimovic não conseguiu preencher no ataque catalão. Ibra é um poderoso jogador de técnica arrasadora, isso já toda a gente sabe, no entanto em Ibra denota-se um certo tipo de egoísmo no seu estilo de jogo que a meu ver não se compatibiliza suficientemente bem com os valores tácticos e colectivos que o Barcelona costuma apresentar no seu estilo de jogo.

Tenho a convicção que o Barcelona de uma certa forma arrependeu-se do negócio feito com o Inter que implicou a perda de Eto’o. Apesar de Ibrahimovic até ter feito uma época aceitável na Liga Espanhola, o seu sub-rendimento que se viu nalguns jogos importantes, como contra o Inter na Champions, veio confirmar de uma certa forma que Ibra não é propriamente o jogador-tipo do Barcelona como Eto’o conseguiu ser. Já Villa dá-me o feeling que será outra história.

terça-feira, 18 de maio de 2010

Jesualdo: Obrigado!

Penso que todos os adeptos de futebol devem agradecer a Jesualdo. Goste-se ou não, há algo que é inquestionável: o seu profissionalismo, as suas qualidades e os títulos.

Admiro imenso as pessoas que dizem que o Jesualdo apenas foi campeão porque tinha jogadores bons e perdeu o campeonato por demérito dele. Sejamos coerentes: não vamos pedir a um treinador que todos os anos monte uma equipa nova e que essa equipa seja campeã, ganhe a taça e a supertaça e chegue, pelo menos, aos oitavos da Champions.

Independentemente da cor clubísitica, penso que o Professor trouxe mais rigor, profissionalismo e alguma seriedade ao futebol português.

Escrevo sobre Jesualdo pois penso que o FCP (erradamente) não vai manter o treinador. Mais importante que discutir se Jesualdo tem condições para continuar ou não, importa discutir o futuro: se ele sair, alguém vislumbra alguma alternativa credível?

Para terminar apenas uma reflexão: se fizéssemos um ranking dos melhores treinadores portugueses, Mourinho seria o primeiro, Jorge Jesus talvez o segundo, e numa terceira linha apareceriam nomes como Jesualdo, Manuel José, Fernando Santos… Assim, qual o sentido de dispensar aquele que é dos melhores treinadores portugueses? Ou alguém acredita que um estrangeiro chegue cá e vença imediatamente? Eu tenho dúvidas…

Por tudo o que fez pelo futebol português, por ter contribuído para sermos melhores e por ter levado o nome do FCP e consequentemente o nome de Portugal bem longe, termino este texto como comecei: Obrigado Jesualdo!

PS: a última conferência de imprensa do Professor revela alguma desorientação e desnorte, naturais de quem vê a saída do FCP cada vez mais próxima, sem sentir qualquer apoio da administração do clube. Contudo, mesmo assim, deveria ter sabido manter a postura e não agir da forma como o fez. Ficou-lhe mal e, muitos guardarão aquela imagem como a verdadeira face do Professor, o que sabemos que não corresponde à verdade.

domingo, 16 de maio de 2010

Teimosia ou sabedoria?


O Mundial está à porta e com ele todas as ansiedades, expectativas e inevitáveis discussões em torno das convocatórias. Este grande evento futebolístico gera emoções únicas e faz renascer a paixão pelo nosso país. No fundo, trata-se de uma corrida entre vários países do mundo onde queremos que Portugal fique o mais à frente possível e contrarie a tendência negativa de outras áreas onde a nossa imagem para o exterior não é assim tão favorável.

Como tal, todos queremos que o nosso país se apresente na máxima força. Conjecturamos cenários e seleccionamos os nossos 23 magníficos que nos parecem os indicados. No meio desses, consideramos que existem sempre um conjunto deles que são demasiado óbvios para ser escolhidos. Nem sequer equacionamos a sua não inclusão!

Vem isto a propósito de uma série de decisões de seleccionadores que me deixaram muito confuso. Acredito piamente que esse cargo não é fácil porque se tem que conjugar diversos factores que, por vezes, ultrapassam a própria capacidade futebolística do jogador. Todavia, há casos que parece que só os seleccionadores é que compreendem.

Embora pudesse enunciar uma vasta lista de jogadores que têm sido mais que falados na comunicação social, existe um que, a meu ver, encontra-se no topo das situações incompreensíveis. Falo de Cambiasso: um dos médios defensivos mais completos do mundo, do qual nunca houve qualquer relato de indisciplina nos clubes por onde passou, bem pelo contrário. O seu profissionalismo (reflectido em cada jogo) foi sempre elogiado e foi sempre considerado pedra essencial na equipa dos seus diversos treinadores, tendo certamente lugar em qualquer selecção do mundo.

Das duas uma, ou os seleccionadores nacionais sabem coisas que mais ninguém sabe ou então procuram uma sede de protagonismo que não se coaduna com os interesses de uma nação. Como não consigo compreender enquanto mero adepto do futebol a não convocação de jogadores como Cambiasso, aposto na 2ª hipótese.

Num campeonato onde estão as melhores selecções deverão estar igualmente os melhores jogadores e é isso que cada seleccionador deverá procurar. Esperemos para ver quem tem razão…será teimosia ou sabedoria?!

sexta-feira, 14 de maio de 2010

Nova época novelística


Acabou o Campeonato Nacional e vem aí o fim da Taça de Portugal. Não fosse o Mundial estar aí à porta e já se sentiria o cheiro a férias no mundo do futebol. É chegada aquela altura em que os vencedores dizem que foram claramente os melhores enquanto rezam para que os seus melhores jogadores se mantenham no plantel e os vencidos arranjam pretextos (sejam eles válidos ou não) para justificar uma pior prestação esta época. Estes dizem que para o ano é que é, que de certeza que vem aí “sangue novo” para fazer o regresso aos tempos de glória.

Pessoalmente esta altura fascina-me, pois gosto de uma amena cavaqueira acerca de novas e possíveis contratações. Quando era mais novo, a primeira coisa que lia nos jornais de fim de época/ início da seguinte eram as tabelas que traziam as saídas e entradas de jogadores. Tentava perceber quais as ideias dos treinadores para a época seguinte, tentava arranjar justificações para saídas aparentemente injustificáveis. Tentava prever a época seguinte e arranjar maneira de demostrar que o meu clube ia ser claramente dominador.

O futebol é uma paixão que não pára e que leva a uma constante discussão. Toda a gente defende que as contratações do seu clube são as melhores, defende que se a época passada foi boa, a próxima será certamente melhor. Toda a gente gosta de se vangloriar perante os seus amigos e conhecidos ao mesmo tempo que exibe uma contratação de um jogador de classe internacional do seu clube. Tenta deitar abaixo qualquer grande contratação do adversário mas, secretamente, gostava de muitas vezes contar com o jogador em questão. Toda a gente gosta de pensar que vai partir na linha da frente para a próxima época.

Como em tudo, não tenho muita paciência para o exagero. Mas admito que até certo ponto gosto destas “novelas”. Apesar de ofuscada pela Mundial, esta temporada está aí a começar. Esperemos para ver como tudo se repete.

quarta-feira, 12 de maio de 2010

Jogadores Intemporais


O futebol é um desporto exigente fisicamente, no entanto mais importante que o físico será a inteligência e a técnica com que se joga. Nada é mais eficaz no futebol do que uma leitura de jogo rápida, do que um posicionamento inteligente, um remate colocadíssimo ou uma técnica de passe fantástica daquelas que nunca se esquece. São esses dotes que fazem determinados jogadores simplesmente brilhantes e intocáveis à medida que os anos passam.

Um dos verdadeiros exemplos é Javier Zanetti. O lateral experientíssimo de 36 anos é um dos jogadores sagrados para o onze da equipa de Mourinho, e a sua justificação claramente se observa em pleno relvado. A entrega e profissionalismo que Zanetti impõe no jogo acompanhados de um estilo de jogo composto não de uma vistosa técnica, mas de um posicionamento fantástico e de decisões maduras, racionais e eficazes, fazem com que este jogador mereça uma estátua.

Ainda envolvendo a equipa do Inter, lembramo-nos todos perfeitamente de Luís Figo, que nos últimos anos embora tenha apresentado um compreensível decréscimo de velocidade e capacidade de choque físico, nos maravilhava ainda com a sua capacidade de posse de bola, habilidade de ganhar no um para um e os seus inesquecíveis cruzamentos sempre com sabor a golo.

Viajando um bocadinho para Portugal, gostaria de destacar um jogador que me surpreendeu muito pela positiva nos seus últimos anos de jogador. Toda gente se recorda do impacto que Rui Costa teve aquando o seu regresso ao Benfica. Após a rescisão do contrato com o Ac Milan, o regresso do “Maestro” foi visto com desconfiança por alguns, mas estes logo ficaram convencidos quando Rui Costa protagonizava a sua meia distância sempre certeira e as suas assistências inteligentes e determinantes. A sua influência na máquina de jogo benfiquista foi de uma dimensão tão supreendente que ninguém no fim ficou com dúvidas que Rui Costa é um dos génios intemporais.

De seguida só o próprio nome nos faz fazer uma vénia. Ryan Giggs! O ala que fez toda a sua brilhante carreira apenas num único clube é todo ele uma história de compaixão clubística e personagem de forte destaque na história de toda uma geração da Premier League. Ainda não há muito tempo podíamos ainda todos observar as suas arrancadas fenomenais e os seus dribles fabulosos repletos de experiência. Embora mais recentemente se note a chama do Red Devil um pouco mais apagada, toda a sua utilidade que têm ainda em campo e a sua ainda disponibilidade para serviços internacionais pelo País de Gales mostram toda a sua intemporalidade.

Muitos mais jogadores poderia falar aqui. Poderia eventualmente falar de Verón, o médio fantástico de 35 anos cuja magia ainda sobrevive e que ainda vemos no lote de convocados da Argentina para o Mundial. Também poderia referir Francesco Totti cuja técnica faz ainda a Roma acreditar no Scudetto. Ou no igualmente italiano Di Natale, o avançado da Udinese que lidera largamente a lista de melhores marcadores em Itália aos 32 anos.

São todos exemplos que apenas demonstram que a inteligência e a experiência são atributos determinantes para a beleza do futebol e a sua intemporalidade.

domingo, 9 de maio de 2010

(Ir)Realismo Nacional

Há dias falava com um amigo sobre as reais possibilidades da selecção nacional no campeonato que se avizinha. Sendo, tradicionalmente, um povo lutador, sofredor e que se bate como ninguém contra as adversidades, somos simultaneamente uma nação sonhadora e que, muitas vezes, acaba por não ter os pés bem assentes na terra. Vem isto a propósito da necessidade de encarar o valor da nossa selecção tal como ela é.

Todos sabemos as campanhas notáveis que a selecção efectuou nos últimos anos. Imbuída num espírito nacionalista, de coragem, fé, união e (alguma) sorte à mistura, a selecção de todos nós conseguiu superar todas as expectativas e “obrigações” que tinha para com o povo português. Se todo este sucesso teve repercussões positivas, também não deixa de ser verdade que deixou uma responsabilidade enorme para a geração (de treinadores e jogadores) que sucederam a esta equipa. Mais do que isso, o adepto “comum” já não se contenta com uma “mera” passagem aos oitavos de final e, muitos de nós, deixaram de ter consciência de que os últimos 6 anos não são a regra, mas sim a excepção ao que a nossa história indica.

O sentimento geral que se criou no adepto nacional e que é suportada nos rankings recentemente anunciados é a de que equipas como Holanda, Itália, Alemanha, entre outras, são selecções ao nosso nível ou até inferiores. Não concordo (longe disso!). Já que temos o hábito de fazer a comparação posição a posição no campeonato português para determinarmos quem tem a melhor equipa, peço que façamos o mesmo exercício ao nível de selecções. Aí perceberemos que não podemos “exigir” que ganhemos a este tipo de selecções que possuem muito mais de meia dúzia de jogadores de categoria mundial.

Não digo que tenhamos que pensar pequeno, isso não! Já que criamos patamares de exigência em níveis mais elevados é preciso saber mantê-los. Mas isso não nos deve criar uma euforia desmedida, que nos faça perder a noção do que realmente valemos e podemos fazer. Temos um conjunto de jogadores médio/bom, alicerçado num dos melhores jogadores do mundo que pode fazer a diferença enquanto equipa e é isso que esperamos.

Apesar de não me deixar embalar por este pensamento sonhador e, por vezes, irrealista, não deixo de ser um adepto fervoroso que estará sempre ao lado da selecção de todos nós!

Que este “feeling” que parece servir de mote à participação portuguesa, inspire jogadores e equipa técnica para uma prestação condizente com o tamanho da alma do povo nacional! Boa sorte!

quinta-feira, 6 de maio de 2010

Balanço 2009 / 2010

Dizer que este campeonato terá um campeão justo, parece-me mais do que óbvio… Mas, e que balanço fazemos das individualidades que o constituem? Desde jornalistas, a árbitros, adeptos, futebolistas e treinadores… Assim, aqui fica o meu balanço (por tópicos…) da época que está a terminar:

Equipa do ano: Braga
Treinador do ano: Jorge Jesus
Jogador do ano: Falcão
Revelação do ano: Fábio Coentrão
Frase do ano: “Os quatro dedos, eram para sinalizar que a defesa se devia posicionar em linha”, JJ após o 4-1 contra o Nacional de Manuel Machado
Jornalista do ano: Sérgio Pereira e o seu espaço “Box-to-box”, no site maisfutebol
Fiasco do ano: Caicedo
Derrotado do ano: Sporting
Adeptos do ano: “Os guerreiros do Minho”
Desilusão do ano: Belenenses
Árbitro do ano: Pedro Proença

Gostaria de deixar uma palavra ao Olhanense de Jorge Costa que assegurou a manutenção praticando um futebol com alguma qualidade; uma palavra para André Villas Boas que é o típico produto fabricado pela imprensa – afinal, esteve a lutar para não descer de divisão; para o Domingos, menos arrogância, pois depressa se esquece que existiam troféus como Liga Europa, Taça Portugal e Taça da Liga (para os quais não jogou…); para Jorge Jesus, mais humildade e para Jesualdo Ferreira, um adeus que não deixa saudades: aparenta ser um bom profissional, um bom treinador e um bom mestre mas uma pessoa que não deve valer a pena conhecer…

Acabo dizendo que é lamentável o clima de ódio e crispação vivido no futebol e que por vezes se arrasta a outros sectores da sociedade. Enquanto cada um de nós não for capaz de notar mérito no adversário e demérito na sua própria equipa, analisando o futebol, em vez de analisar o clube, nunca seremos capazes de nos poder proclamar apaixonados pelo futebol como os adeptos da terra de sua majestade.

Somos apaixonados pelo clube, mesmo sendo tratados como animais selvagens que precisam de escolta policial para se comportarem decentemente dentro dum recinto desportivo onde qualquer ser racional não ousa levar as crianças: isto não é futebol!

terça-feira, 4 de maio de 2010

A Selecção de Todos Nós


Este será afinal o meu último post acerca do tema da Selecção Nacional. Tendo referido já aquelas dúvidas que me surgem na cabeça e que, muito provavelmente, também atormentam os leitores, venho desta forma fazer um apelo a todos. Discutam as possíveis escolhas do seleccionador até ao dia da convocatória. Pronto, até um ou dois dias após a convocatória ser conhecida. A partir daí não ponham em causa a qualidade e empenho dos escolhidos, façam-nos sentir apoiados e em condições de se prepararem com a maior tranquilidade possível. Façam-nos sentir uma equipa de todos Nós (o que até para eles pode ser difícil dado as suas personalidades e proveniências diversas).

A força de uma Selecção Nacional reside não só nos seus 23 ou 11 jogadores, mas no 12º jogador que eles sentem no seu país. O saudoso Euro 2004 foi disso o melhor exemplo, e neste Mundial, apesar de muito longe daqui, pode ser muito semelhante a isto. Os jogadores sabem e sentem o que se passa no seu país, têm acesso a todo o tipo de informação.

Por isso é esta a mensagem que aqui deixo, depois de contribuir para uma saudável discussão acerca da qualidade futebolística de alguns jogadores para que a nossa Selecção possa estar na máxima força: APOIEM INCONDICIONALMENTE A SELECÇÃO DE TODOS NÓS...