quarta-feira, 23 de maio de 2012

Coerência – até onde?


Sou um confesso admirador de Paulo Bento.
Tem (ou tinha?) uma característica que pouca gente tem: coerência. Todas as suas opções na convocatória foram devidamente justificadas e não se escondeu atrás da desculpa fácil de só falar de jogadores convocados.
Certamente poderíamos trocar Ruben Micael por Manuel Fernandes ou Nélson Oliveira por Vaz Té. Eventualmente Miguel Lopes por Nélson.
Contudo, mesmo não concordando a 100% com eventuais escolhas, somos capazes de as aceitar.
Já não sou capaz de aceitar o seguinte: Hugo Viana.
Terá que haver sempre jogadores suplentes dos convocados, contudo, Hugo Viana não foi convocado tendo em conta que não se enquadrava no estilo de jogo da Seleção, dado que, e passo a citar, “Moutinho, Meireles, Veloso, M.Fernandes e Ruben Micael se enquadram melhor no modelo de jogo da Seleção”.
Ora, se Hugo Viana não se enquadrava no modelo de jogo da Seleção na convocatória inicial, eis que, após a lesão de Carlos Martins, irá surgir um de dois milagres:
  • Hugo Viana passou a possuir qualidades para o modelo de jogo da Seleção;
  • O modelo de jogo da Seleção vai mudar para que Hugo Viana se enquadre no mesmo.
Assim, quero apenas expressar a minha desilusão sobre o facto de, pela primeira vez, ter notado que “coerência”, é por si só, uma palavra que apenas tem sentido no dicionário.
Mesmo que seja dita com tranquilidade!

sexta-feira, 18 de maio de 2012

Parabéns Proença!



Ontem foi um dia especial para o futebol português. A Uefa confirmou a decisão de apontar Pedro Proença como árbitro da final da Champions de amanhã. A arbitragem, sendo parte integrante do jogo e de papel vital na qualidade de um jogo de futebol, é sem dúvida a função mais ingrata e injustamente desprezada no mundo futebolístico.

Elogiado por alguns, mas acima de tudo odiado e criticado por muitos outros (como qualquer árbitro em Portugal), Proença consegue atingir um sonho que para ele e muitos colegas deverá significar atingir um topo na carreira. O seu trabalho tanto a nível nacional como internacional vê-se agora reconhecido, devendo ser motivo de orgulho para todos nós.

É completamente aceitável na nossa sociedade insultar o árbitro com todas as palavras, tanto por parte dos jogadores, adeptos, treinadores e dirigentes. É o árbitro a figura que habitualmente serve de bode expiatório de muitos fracassos desportivos de vários clubes. Lamentavelmente, vivemos numa cultura em que facilmente se associa a imagem de um árbitro à corrupção e à injustiça no futebol.

Toda a vida de um árbitro se desenvolve sob uma pressão intensa, tanto no decorrer do jogo, como nos rescaldos, também nos debates televisivos é alvo de todo o escrutínio ao pormenor a partir de imagens televisivas que se repetem sem fim, infinitamente ampliadas e a ilustrar todos os ângulos possíveis. Na sua vida privada é ameaçado, recebe telefonemas anónimos, é agredido em espaços públicos, insultado, vaiado. Mesmo com o passar dos anos os seus erros ou decisões mais polémicas continuam a ser debatidos e a ser tema de conversa.

Para atingir o topo na arbitragem, é preciso ter uma psicologia de verdadeiro aço e ser um verdadeiro herói. Por tudo isto congratulo com toda a honestidade: Parabéns Pedro Proença!

segunda-feira, 14 de maio de 2012

Futebol é emoção!


“Já vi pessoas ficarem cinco horas discutindo sobre futebol, mas não sobre sexo”, disse o escritor Paulo Coelho aquando da apresentação do Brasil como organizador do Mundial 2014.
Ainda que porventura exagerada, esta afirmação ilustra bem toda a dimensão emotiva que está intimamente ligada ao desporto-rei, o futebol. Embora nos deparemos diariamente no limbo entre o binómio razão/emoção, torna-se óbvio o peso que a segunda dimensão tem no domínio futebolístico. O futebol desperta sentimentos únicos – e, por vezes, inexplicáveis – que contribuem para que se mantenha como desporto predilecto da maioria.
Este fim-de-semana tivemos a oportunidade de assistir a momentos verdadeiramente incríveis que para sempre perdurarão na memória futebolística de muitos. Desde o golo salvador de Tamudo (quem mais poderia ser?) no Rayo Vallecano, ao golo de Edinho que salvou a Académica, foram vários os pedaços de história que se eternizarão.
Como expoente máximo está, obviamente, o duelo de titãs entre os rivais de Manchester. Anteriormente apenas referido da boca para fora, a expressão “passar do inferno ao paraíso” assume agora uma dimensão real para os diabos…azuis. Se dúvidas ainda existissem, dissiparam-se por completo. A verdade é só uma – no futebol tudo é imprevisível, inexplicável e, sobretudo, emocional. Tudo muda com um simples transpor da bola sobre a linha de golo. Os adeptos das equipas vencedoras andam mais alegres, produzem mais e transbordam optimismo. Por seu turno, os derrotados ficam frustrados, angustiados e, por vezes, de mal com a vida.
É neste efeito agregador e transversal do futebol que reside o seu grande poder e que, por conseguinte, nos faz ser “viciados” neste desporto. Ao provocar uma roda-viva de emoções, o futebol está a contribuir para muito mais do que 90 minutos à frente de uma televisão. Contribui para que sejamos competitivos, atentos e cada vez mais emocionais num mundo que nos apela, constantemente, à razão!

PS: Entretanto os campeonatos terminaram e parece já ficar a saudade, a vontade de ter os fins-de-semana carregadinhos de jogos para ver. E parece ainda faltar tanto para que o Euro comece…

segunda-feira, 7 de maio de 2012

José Eduardo Simões - o novo João Bartolomeu do futebol Português


Edinho falha golos com a baliza aberta; Peiser vai fazendo o que pode, mesmo tendo pela frente uma defesa que roça o miserável; Pedro Emanuel conseguiu passar a mensagem de um gentleman enquanto as coisas correram bem; a Académica não vence desde 18 de Dezembro de 2011 (!); este fim-de-semana, podem ficar matematicamente condenados à descida.
Mas, de quem é a culpa?
A culpa é da Liga, da liguilha, do alargamento, do campeonato da mentira e da falsidade. É de todos os que querem o alargamento.
É do Sérgio Conceição que tem problemas mentais.
É da Mancha Negra que atira ovos à equipa.
É do líder da Mancha Negra. Porque publica a sms que o capitão da equipa lhe enviou a pedir desculpa por mais uma miserável exibição.
Alguém me consegue explicar o porquê desta loucura contra a Liga, Federação e afins?
“Alargamento? Esta é a época da mentira e da falsidade.”
Gostava de estar com este senhor e, explicar-lhe, que, com o alargamento, existe a possibilidade de a Académica não descer de divisão. Sem alargamento, pode ficar já este fim-de-semana condenado a disputar o campeonato da segunda divisão.
Se o objetivo deste senhor (com “s” pequeno) é ser como João Bartolomeu, está lá perto. Contudo, tenho pena.
Pena por ser tão pequeno e representar um clube tão grande. Um clube que, em toda a sua história, se pauta por valores que ele nunca conheceu. Não os pode ler nem aprender. Porque são valores que se sentem.
Por isso, se quiser ser pior que João Bartolomeu, faça apenas o que disse: vá disputar a final da Taça de Portugal com 7 jogadores.
Assim teremos (mais…) um palhaço no futebol português. O circo continua.

terça-feira, 1 de maio de 2012

Obrigado Pep!


Começo este texto por este vídeo. Se já viu reveja, se não viu peço que ganhe 1:34 a vê-lo.
Todos nós sabemos e sentimos o poder agregador que Mourinho tem nos cidadãos portugueses (desde que deixou o nosso país). Se assina pelo Chelsea todos sintonizamos a antena no futebol inglês; se se transfere para o Inter, passámos a observar com detalhe um campeonato desinteressante e assinando pelo Real Madrid somos madrilistas desde nascença.
Todas estas constatações não podem toldar o reconhecimento da excelência do que Guardiola nos proporcionou - a todos, sem excepção (!) - nos últimos quatro anos. Um futebol verdadeiramente maravilhoso, atraente, sedutor, capaz de acreditar que os níveis de qualidade de uma equipa de futebol podem, efectivamente, chegar à excelência! Para além de conjugar um ataque demolidor, construiu todo um processo defensivo que lhe permite potenciar o seu jogo marcadamente ofensivo.
Guardiola foi ainda capaz de contrariar vários mitos futebolísticos: afinal de contas, parece ser possível jogar sem ponta-de-lança e jogar com três defesas passou a ser exequível em alta competição. Para além destes factos, importa sublinhar a valorização dada aos jogadores da cantera, jogando habitualmente com 9/10 jogadores da formação. Agora tudo isto é óbvio? Recuemos 4/5 anos e pensemos que, nessa altura, Guardiola teve coragem de “dispensar” Ronaldinho, Deco e Etoo.
O facto de ainda ter muito que mostrar em outros campeonatos não deverá minorar o trabalho de valor realizado. Embora agora todos digamos que neste Barcelona qualquer um era campeão, não nos devemos esquecer quem o construiu assim.
Por tudo isto, considero que todos nós devemos a Pep Guardiola um Obrigado imenso. Afinal de contas, daqui a uns anos poderemos contar que vimos uma equipa perfeita a jogar e saberemos explicar o que é o eterno tiki-taka catalão!
Gràcies Pep!