sábado, 26 de dezembro de 2009

Um clássico com pouco futebol...

Ainda no rescaldo do clássico que centrou todas as atenções no passado Domingo, deixamos neste post a análise de cada um de nós ao jogo. Diferentes perspectivas mas unanimidade na justiça do vencedor do encontro. E vocês?

Ricardo:
Num jogo onde as emoções se previam fortes, o clássico acabou por se pobre em futebol e em brilhantismo, acabando com um vencedor que, dadas as circunstâncias, acabou por ser justo. Tendo em conta as opções mais limitadas que o Benfica tinha, JJ acabou por ganhar o duelo táctico com Jesualdo, apostando em Urreta que muitas complicações deu a Fucile, provocando erros atrás de erros quer a nível defensivo quer ofensivo. Por seu turno, Jesualdo manteve a sua habitual estratégia em jogos de maior nomeada, apostando em Guarin e retirando o elemento que melhor poderia definir o último passe e a saída de forma eficaz para os tais contra-ataques que tanto caracterizam o FCPorto. Já começa a ser um erro demasiado batido para Jesualdo continuar a insistir nesta estratégia!
Luisão e David Luiz a muito bom nível, destacando-se ainda o jogo de muito sacrifício por parte de Ramires (que grande contratação!). Maior desilusão: sem dúvida alguma, Hulk! Conclusão: jogo fraco que serviu para demonstrar que o Benfica está mais forte que nos últimos anos e capaz de dar luta renhida ao clube que tem dominado os últimos anos.
PS: Não consigo entender a política de investimentos de um clube (seja ele qual for) de ter dinheiro para contratações atrás de contratações e não ser capaz de perceber a importância de ter um relvado de topo e que resista inclusivamente às fortes chuvadas. Neste contexto, o FCPorto é uma referência que deve ter sido em conta.

Cacha:
Da Luz sai um Porto desolado, que simplesmente não conseguiu impôr o seu jogo e o seu estilo. Muitos factores se apontam para explicar a desilusão azul e branca, desde o terreno em más condições até à arbitragem “mesquinha” de Lucílio, a verdade é que apenas um factor se destaca e é indiscutível: a melhor abordagem ao jogo por parte do clube encarnado.
Perante as ausências importantes de Aimar e Di Maria, o que surpreendeu neste Benfica foi a sua capacidade de mesmo sabendo das suas limitações, conseguir impor a sua atitude ofensiva e de manter os seus ritmos de jogo de alta intensidade que tanto o têm caracterizado esta época, perante um adversário que normalmente pressiona bem e cuja defesa tipicamente se organiza de forma sólida. Mas um outro aspecto ainda mais determinante na minha óptica, foi a forma como os encarnados conseguiram travar as temíveis transições ofensivas rápidas já bem conhecidas da formação portista. A pressão forte exercida sobre Raul Meireles e Guarin, e o eficaz bloqueio das linhas de passe para Hulk (completamente desinspirado) e Christian Rodriguez, puseram a descoberto as limitações do modelo de jogo azul e branco que pouco melhorou com a entrada de Varela, culminando assim naquilo que chamo de vitória táctica de Jesus neste jogo.
O Benfica amplia assim merecidamente a sua vantagem para 4 pontos na tabela classificativa, o que obviamente não decide nada, pois os campeões não se fazem apenas com vitórias em grandes jogos, mas sim com a regularidade dos resultados positivos.

Tres:
O impensável aconteceu: entre castigados, lesionados, falta de favoritismo, o Benfica venceu. Num jogo mal jogado (por culpa do relvado…) mas com uma intensidade fantástica, ganhou a equipa que acreditou mais. O Benfica, acreditou que podia ganhar, consciente das limitações, das dificuldades e do poderio do adversário. Acreditou na raça de Javi, na imponência de D. Luiz, na crença de Saviola e no talento inesperado de Urreta.
O Porto, jogou como já há muito não se via: desinspirado, com falta de solidez defensiva e sem a garra e a vontade que caracterizam a melhor equipa nacional dos últimos 10 anos nestes grandes jogos. Jesualdo inventou e falhou. Tentou emendar o erro ao intervalo, mas já era tarde.
Quem marcasse primeiro ganhava, uma vez que, qualquer equipa, faria o que o Benfica fez: não jogar à bola. Paragens, faltas, quezílias, etc… Assim, podemos considerar o Benfica um justo vencedor? Penso que sim. Os jogadores fizeram o que lhe competia e lutaram com as armas que tinham e, caso fosse o Porto que estivesse em vantagem, faria o mesmo que o Benfica fez.
Uma conclusão: este Benfica deve ser tido em conta mas, mais do que isso: ninguém se deve esquecer que é uma equipa em construção. Estes jogos dão força à equipa, mas também a fazem subir. E quanto maior é a subida, maior pode ser a queda.
Três medalhas que me apetece atribuir: a de ouro a D. Luis (imperial, simplesmente!); a de Lata a Hulk (a grande desilusão da noite…) e a César Peixoto: o elo mais fraco deste Benfica.
E para vocês, quem decidiu o clássico?
Afonso:
Grande jogo se esperava do clássico. Porto em recuperação, Benfica com vontade de provar que a excelente época que tem vindo a fazer não está a ser por mero acaso.
Talvez por estar em recuperação, não se esperava que Jesualdo Ferreira, mesmo estando a jogar na Luz, entrasse de início com 3 médios ofensivos. Por sua vez, Jesus não mexeu muito tacticamente e até correu riscos ao lançar um jogador que ainda não tinha jogado nenhuma vez este ano, Urreta. Aposta ganha, pois o miúdo entrou com vontade de mostrar serviço e muito pressionador, tal como a táctica de Jesus o exigia.
O jogo começou equilibrado, talvez com algum ascendente do Porto. Depois o Benfica equilibrou o jogo até ao golo e depois deste praticamente só se viu o Benfica. Como um clássico foi um jogo disputado mas sempre muito calculista tanto a atacar como a defender.
Não referindo questões de arbitragem, a meu ver há penalty na mão de Rodriguez e o corte de César Peixoto é limpo. Não houve outros casos muito polémicos dignos de destaque.
Como melhor em campo colocaria David Luiz, que claramente está a tornar-se num jogador que Dunga deveria ter debaixo de olho. Defende muito bem e sabe como sair a jogar.

1 comentário:

  1. Sim senhora
    bem analisado.
    Um bem haja para vocês e para o vosso blogue pois demonstram que sabem ver futebol
    Um bom 2010 pra vocês

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