domingo, 31 de janeiro de 2010

Futebol Total – Harmonia no Futebol


Era 31 de Maio de 1972 quando se virou uma página importante na história do futebol mundial. Em Roterdão jogava-se a final da Taça dos Clubes Campeões Europeus (agora denominada Liga dos Campeões). De um lado tínhamos o Inter, equipa fortemente influenciada pelo futebol ultra defensivo e pragmático criado pela ideologia tornada famosa por Helenio Herrera, do outro era o Ajax cuja magia de Cruijff representava uma perspectiva completamente oposta do futebol. O Ajax vence de forma convincente por duas bolas a zero, dominando a maior parte do jogo. Deste choque de ideologias mostrou-se ao mundo uma nova forma de ver o futebol - O Futebol Total prevalece sobre o Catenaccio.

Nascido na Holanda pelas mãos de Jack Reynolds, mais tarde fortemente desenvolvida por Rinus Michels, o sucesso da implementação do Futebol Total numa equipa será talvez o expoente máximo de mecanização e trabalho de equipa de uma formação de futebol. O sistema consiste essencialmente na compensação de espaços, em que quando um jogador sai da sua posição que ocupa terá que ser imediatamente substituído por outro, mantendo assim a estrutura e coesão táctica da equipa. Para além disso, não existem propriamente funções de jogo exclusivamente atribuídas a cada jogador, ou seja, basicamente qualquer jogador poderá assumir a função de central, médio ou avançado. O futebol vai-se construindo a partir de princípios de manutenção de posse de bola, através de uma mobilidade total dos jogadores que previnem a sua previsibilidade e destroem a organização defensiva da equipa adversária. Assim, toda a habilidade futebolística, inteligência táctica e capacidade de adaptação do jogador são postos à prova.

No Futebol Total, todo o futebol é visto como trabalho de grupo e não individual, e toda a estrutura assenta em valores fundamentais tais como a entreajuda e a confiança que cada jogador deposita no colega, sendo desta forma extremamente importante a presença de um bom ambiente de balneário e um bom líder para unir a equipa.

Alguns exemplos desta ideologia postas em prática pela famosa Laranja Mecânica podem ser vistas no youtube:








Actualmente, o Futebol Total já não é usado de forma tão pura como foi usada pela escola holandesa nos anos 70, havendo já uma mistura de elementos desta técnica com outro tipo de princípios essencialmente virados para uma preocupação de cariz mais defensivo. No entanto as influências deixadas por esta corrente futebolística no estilo de jogo de equipas como Barcelona, Manchester United e Arsenal por exemplo, são notórias.




quinta-feira, 28 de janeiro de 2010

FCP: o alvo a abater

E, de repente, o FCP tornou-se no alvo a abater. Porquê? Porque tinha uma hegemonia consolidada, porque dominava o futebol português, porque se encontrava a anos-luz de qualquer clube português em termos de liderança, organização, profissionalismo, gestão e sentido de responsabilidade.
Foi assim nos últimos dez anos: foram dez anos brilhantes para o FCP e inevitavelmente para o homem que conduz os seus destinos, Pinto da Costa (PC). Contudo, convém lembrar que foram anos que a Lei dizia que em caso de dúvida, se beneficiava sempre o FCP. Não quero tirar mérito à hegemonia do FCP, mas também não quero que se acredite que o sucesso desportivo era apenas consequência do que se passava dentro do terreno de jogo, e que palavras como “fruta”, “café com leite”, entre outras, foram inventadas e o PC é um coitado que está a ser vítima de uma enorme calúnia.

Pese embora tudo isto, quero dizer que da mesma forma que não concordei e me revoltava imenso a forma como o FCP era ajudado, levado ao colo, protegido e controlador, custa-me a entender a forma como hoje, todo o mundo quer prejudicar o FCP a todo o custo. Mais do que dentro do campo (foras de jogo mal tirados, decisões muito duvidosas, já que agora, a Lei, prejudica sempre o FCP), estão a tentar derrubar o FCP fora do campo, senão vejamos: as escutas do PC aparecem por acaso? Envergonha-me ouvi-las e saber o que lá é dito, mas envergonha-me ainda mais saber que todos os presidentes o fazem e só o PC é alvo de processos; a justiça desportiva iliba o PC no processo com Carolina Salgado, querem julgá-lo em praça pública? Agora, foi condenado a 3 meses de suspensão mais 1.500 euros de multa… O Pepe no Real Madrid, pontapeou de forma bárbara um jogador e apanhou 10 jogos de suspensão, enquanto o Hulk e o Sapunaru por terem feito algo que ninguém sabe muito bem o que foi, equaciona-se a possibilidade de serem suspensos por seis (!!!) meses?

Não é prejudicando o FCP nem beneficiando-o descaradamente, ajudando-o a conquistar títulos como no passado, que o futebol português evolui.

Será possível pedir rigor, isenção, justiça mas sobretudo, transparência, para que daqui por 10 anos, se possa afirmar que determinado clube dominou o futebol português sem influências e sem ajudas externas ao terreno de jogo? Quero acreditar que sim, para bem de todos, e sobretudo, para que todos acreditemos que futebol é só e apenas o que se passa dentro das 4 linhas!

Assim, iremos também acreditar que café com leite e fruta, são apenas e só elementos indispensáveis a um pequeno-almoço saudável…

terça-feira, 26 de janeiro de 2010

São os “bufos” de Lisboa

Muitas vezes conotado como a “caixa forte” de uma equipa, o balneário costuma ser um local quase sagrado aos olhos de quem dirige. Dali não pode sair nada e livre-se de quem alguma vez se descair. Este é aliás um tema que todos nós gostamos de falar/especular mesmo que nada de relevante se conclua. Vem este meu post a propósito do recente episódio a que (tristemente) assistimos no Sporting. Afinal de contas como deve ser gerida esta área de uma equipa de futebol?

Fazendo uso do folclore habitual, a imprensa desportiva usa na perfeição esta temática para vender e criar polémica. Tornar público eventuais episódios, desavenças ou palestras, é estar a atingir o interior da equipa e isso pode ter consequências sérias no desempenho futuro. Acredito que grande parte do que sai cá para fora é mentira mas, o que é certo, é que há meios informativos que conseguem obter informação tão pormenorizada que me leva a concluir que alguma coisa de errado se passa. Serão os “bufos”?!

Se há coisa que sempre admirei no FCPorto foi a capacidade de gerir todos os temas de forma interna. Por mais delicados que eles sejam, por mais especulações que possam haver, o balneário do FCPorto funciona mesmo como uma caixa forte. A tal organização de que muitos falam parece começar pela forma hábil como é gerido o que se passa entre jogadores, equipa técnica e dirigentes. Por seu turno, o Benfica tem a meu ver conseguido normalizar esta situação, embora que de forma intermitente. José Veiga primeiro e Rui Costa mais recentemente, têm conseguido devolver uma certa estabilidade que não deve ser fácil, dado todo o destaque que é dado ao clube.

Finalmente o Sporting. Embora muitas vezes tenha sido vítima de notícias que visam claramente desestabilizar o clube, o Sporting tem sido a meu ver mais culpado que vítima. Tem-se tornado mais que evidente que a estrutura directiva leonina não está a conseguir manter o balneário blindado, existindo pessoas a falar depressa e demais. É muito estranho saber-se de forma tão “natural” e rápida tudo o que se passou entre quatro paredes onde (digo eu) só estariam jogadores, equipa técnica e alguns dirigentes. Não adianta estar a especular quem possa ser o “fala barato(?)” porque isso em nada contribui. Importa antes de mais olhar para dentro, perceber que medidas podem ser tomadas e ponderar muito bem cada passo que é dado no clube.

Por tudo isto começo a acreditar no que Paulo Bento defendia!

Eu não acredito em “bufos” mas que os há…

segunda-feira, 25 de janeiro de 2010

Il Speciale ou The Special One ??


Na linha do último post, venho aqui levantar aos leitores uma outra questão: Terá Mourinho em Itália o esplendor de outros tempos?

Comecemos por analisar os factos. Falando a um nível mais pessoal, Itália é o país da "bella vita", é um país com glamour, charme, pessoas que gostam de vestir bem. Ou seja, um país fascinante para quem gosta de aproveitar a vida e uma vida de luxo. Tendo como vizinhos no Lago Como, exemplos como George Clooney, Mourinho, juntamente com a família, estará certamente a levar uma vida de sonho.

A um nível futebolístico, Itália sempre foi o maior desafio para um treinador. Itália é o país da táctica, o país onde se desenvolveu essa táctica matreira denominada Catenaccio. É o país do futebol calculista, dos 4-5-1 defensivos. Apesar disso, é o país campeão do mundo com jogadores a actuar quase todos no campeonato interno. Ou seja, todo a favor de mais uma etapa para Mourinho fazer aquilo que mais gosta: mostrar que é o melhor.

Mourinho chegou, viu e venceu. Pensando bem devo acrescentar as palavras "a nível interno". Mourinho ganhou o campeonato Italiano, mas na Champions teve das suas piores prestações.

É aqui que surge a minha questão... Terá Mourinho o esplendor de outros tempos? A suas últimas atitudes têm respondido a minha pergunta. Mourinho sente falta de Inglaterra. A impressa Italiana é agressiva mas a Mourinho não lhe dá tanto gozo confronta-la como à imprensa inglesa. Mourinho também não tem um plantel como os das equipas inglesas e o dinheiro para contratações também não abunda. Ele próprio sabe que Inglaterra é o seu habitat natural...

Não está aqui em causa a capacidade de Mourinho como treinador e de se relacionar com os seus jogadores, que toda a gente sabe que é única no mundo. Trata-se da maneira como Mourinho vive o futebol.
Mourinho vai regressar a Inglaterra. Só falta saber se com escala em Espanha, pois é sabido que Mourinho quer ser rei nos três maiores campeonatos europeus...

sábado, 23 de janeiro de 2010

Mago ou Mito?

Outrora havia um mago de futebol de enormes poderes. Os seus dribles aterrorizavam qualquer oponente, os seus remates e cruzamentos assumiam muitas vezes uma forma bela e peculiar, mas incrivelmente eficientes. Mas mais do que isso a sua imprevisibilidade e irreverência transformavam o relvado num palco de magia, daquela magia que nos atrai e que prende a nossa atenção de forma quase infantil, fazendo-nos ansiar por um novo truque, um novo feitiço.

Fora dos palcos, revelava uma imagem tímida e tranquilamente pacata, dentro deles, exprimia-se verdadeiramente como um espírito livre, sem regras, espalhando o terror nas equipas adversárias. Porém, por vezes a magia tornava-se ausente, e muitos afirmavam que afinal tudo não passava de uma ilusão, de uma alucinação e de repente todo o futebol voltava ao normal, pairando a desconfiança que afinal era tudo senão um mito. Mas de repente a magia voltava, os dribles fabulosos, os passes geniais e os seus remates e cruzamentos inconfundíveis surgiam eficientemente belos. Afinal era verdade, havia ali qualquer coisa de diferente que o mundo inteiro precisava de saber…

Ambicioso, o mago decidiu viajar para outras paragens, experimentar novos públicos e novas experiências. Mas rapidamente descobriu que nem todos os palcos são iguais, e que a sua magia afinal não é eficiente em todo o lado. Por incrível que pareça, o agitar da sua varinha resultava apenas num escasso fumo vazio que desiludia tristemente o público sedento no meio de enormes expectativas. Aterrorizado, também descobre que afinal toda a sua magia afinal não aparecia inexplicavelmente, mas era antes movida e criada por uma força que escasseava cada vez mais dentro de si, no acreditar em si próprio. Todo o seu poder adormeceu gradualmente e quase como acorrentado foi-se perdendo naquelas terras agrestes e longínquas, que decididamente não era o seu habitat natural.

O tempo passa, e a tua magia teima em não regressar. Mas no entanto nas memórias ficam golos fantásticos, jogadas fabulosas e uma criatividade única que o teu público não esquece. Paira a crença que um dia a tua força voltará e regressará imponente mostrando a tudo e todos a tua verdadeira natureza e nesse momento voltarás ser um espírito livre.
Não passará de um mito?Penso que não…

quinta-feira, 21 de janeiro de 2010

Vitória de Guimarães – uma religião!

Falar do Vitória, é falar de um povo que sabe estar na vida de forma única, de um povo que vive o futebol como se fosse a sua família, a sua casa. Costumo dizer que ser Vitoriano é pertencer a uma religião e não é Vitoriano quem quer: é preciso senti-lo.

Não aprecio certos comportamentos que alguns adeptos do Vitória têm mas, de uma forma geral, aprecio e invejo a forma como apoiam a equipa, como empurram a equipa para a frente e a forma como só eles conseguem transmitir aquele sentimento nobre de gostar do clube porque é o “nosso” clube, como eles tão orgulhosamente dizem…

Pessoalmente, conheço muitos Vitorianos e, só falando com eles sobre o clube , vendo o brilho deles nos olhos, sentindo a emoção deles ao recordar determinado encontro, o orgulho que sentem ao exibir o cartão de sócio, conseguimos ter um pouco a noção do que é afinal ser Vitoriano. Na minha modesta opinião, são a melhor e mais verdadeira (em termos de sentimentos) massa associativa em Portugal! (peço desculpa a todos os adeptos, inclusive os adeptos dos não sei quantos milhões, que se dizem o maior clube de Portugal e arredores mas, sejamos unânimes: não há povo como o Vitoriano).

Outro aspecto que me faz inveja (sim, confesso, às vezes gostava de saber o que é ser Vitoriano!) é a forma contagiante como quem trabalha ou trabalhou lá sente o clube. O mais recente exemplo é Manuel Cajuda, alguém que fez um trabalho notável no clube. Apesar de ter saído do clube de uma forma algo turbulenta, ainda hoje demonstra um especial carinho por aquele clube nas entrevistas que dá. Aliás,tem orgulho em dizer que, tal como os Vitorianos entoam numa das músicas mais fantásticas que deles conheço (e que só faz sentido ser cantada por eles…), “aconteça o que acontecer, somos Vitória até morrer!”. Todos pensamos que estaria a fazer bluff mas, de facto, passado este tempo todo, o Vitória continua bem dentro dele e sobretudo não esquece o povo Vitoriano. Fala destes adeptos com um carinho e uma admiração únicas, com saudade, e com vontade de regressar um dia a uma casa onde alguém viveu o futebol de forma mais intensa do que ele.

PS: aproveito apenas para dizer que referi sempre Vitória pois sei que é assim que gostam de ser tratados. Sei que, uma vez, um membro da claque do Vitória ficou extremamente chateado quando o adjunto de Cajuda, numa conferência de imprensa, se referiu ao clube como “Guimarães”. Para eles o clube é o Vitória e não o Guimarães.
PS1: Pese embora o grande respeito que tenho por todos os leitores que nos seguem, não sintam ciúmes e inveja com este texto que é inteiramente dedicado aos Vitorianos. Apenas quero prestar a homenagem devida pela forma como vivem o clube.

Com todos os excessos e loucuras, admiro-vos assim!

Continuem, o Futebol precisa de vocês!

segunda-feira, 18 de janeiro de 2010

Um clarão nas bancadas

Sou uma daquelas pessoas que considera que bons espectáculos estão intimamente ligados à presença de muitos adeptos. Só esporadicamente, um estádio praticamente vazio dá origem a jogos interessantes. Inversamente, estádios cheios conduzem a mais exigência para com os jogadores, mais vontade e motivação destes. A atmosfera é completamente distinta, é inevitável! Basta cada um de nós colocar-se nestes dois cenários distintos enquanto jogadores.

Considero que, atendendo aos recursos financeiros de que as equipas portuguesas dispõem, o nosso campeonato até tem uma qualidade razoável. Tem, inclusivamente, tido a capacidade de não só formar jogadores de topo, como também de trazer jogadores já consagrados. No entanto, um problema tem vindo a agravar-se: a mobilização de adeptos! Porquê?

Embora sejam vários os factores que contribuem para esta constatação, começo por um que me parece evidente: em Portugal gosta-se mais do clube do que propriamente de futebol! Sempre foi assim e sempre será! Dir-me-á o leitor que nos outros países acontece o mesmo. Sim, é verdade mas com uma diferença muito significativa: no nosso país são raros os adeptos que são da equipa local de forma fervorosa. Excepção feita a Braga, Guimarães e outrora o Salgueiros, Boavista e Farense, poucos são os clubes com capacidade para mobilizar adeptos locais em número significativo.

Igualmente decisivo para este cenário foi o advento da tecnologia. Hoje em dia, podemos assistir a um sem número de jogos sentados confortavelmente no sofá, pagando um determinado montante por mês. Talvez reflexo de uma sociedade cada vez mais conformista e preguiçosa, o que é certo é que acabamos por preferir esta opção. Nisso faço mea culpa.

Outro dos grandes problemas está (inevitavelmente) ligado ao preço dos bilhetes e nisto, não consigo deixar de responsabilizar as opções estratégicas dos clubes. Não compensará não só financeira como desportivamente colocar os bilhetes mais baratos, atraindo mais gente e possivelmente atingindo receitas superiores? Tenho quase a certeza que iriam aparecer mais rapidamente 20 pessoas dispostas a pagar 1€ do que uma a pagar 20€.

Muito mais haveria a dizer mas concluo com uma ideia comum: os adeptos são verdadeiramente o 12º jogador, são a razão de ser do futebol e o motor dos clubes, queira-se ou não. Transmitem a paixão do futebol, contagiam os intervenientes de um jogo e isso deve ser preservado. Não consigo identificar um único culpado para este vazio nos estádios, mas sim um conjunto deles: desde dirigentes à federação, passando inevitavelmente por nós, adeptos!

Deixo só este vídeo como recordação de bons velhos tempos: dois clubes de meio de tabela, jogo à tarde, famílias a ver o jogo, estádio cheio…emoção no relvado:)


domingo, 17 de janeiro de 2010

Se eu soubesse...



Outro dia via o Angola-Malawi para a CAN quando, já na segunda parte, Manuel José chama Pedro Mantorras para entrar. A multidão põe-se de pé e aplaude freneticamente...

Apesar da grave lesão e recaidas, Mantorras tentou sempre voltar e foi ele que deu o último título aos benfiquistas, com os seus golos tardios. Talvez por isso os benfiquistas não o esquecem, vibram com ele e sempre que ele se levanta para aquecer, a multidão põe-se de pé e aplaude freneticamente...

Não sou daquelas pessoas que ficam a pensar no "se isto tivesse acontecido...", mas há casos em que pensar desta forma é inevitável. O caso de Mantorras é um destes casos. Onde estaria agora este jogador que genuinamente adora o futebol e que sempre lutou contra todas as adversidades que lhe surgiram, se não se tivesse lesionado daquela forma? Lembro-me de Mantorras quando começou a jogar no Benfica. Lembro-me dos 3 golos ao Setubal sendo um deles um livre do meio da rua a fazer lembrar, se os leitores me permitem, Eusébio. Mantorras tinha tudo, talento, força, técnica, faro de golo. Tudo para se tornar, talvez, o melhor jogador africano e uma referência a nível mundial. Mas uma lesão roubou-lhe tudo isto de uma forma inglória.

Mesmo muitas vezes objecto de gozo por parte de adeptos de outros clubes, que se calhar nunca tiveram no seu clube um jogador que amasse tanto o futebol, Mantorras segue o caminho possível da sua carreira, mesmo conhecendo as suas limitações e fraquezas. Acredito que Mantorras seria um prodígio a nível mundial e não me importo que venham aqui gozar com a minha opinião e com a que muita gente partilha.


Perante o cenário nos jogos de Angola e do Benfica em que Mantorras está presente eu pergunto: estará tanta gente equivocada ao apoiar um jogador destes? Onde estaria Mantorras SE não se tivesse lesionado?

quinta-feira, 14 de janeiro de 2010

CAN: Cada vez mais europeizado?

Realizando-se desde 1968, a Taça das Nações Africanas é uma competição onde o continente africano, todo ele apaixonado pelo futebol, se revela ao mundo e mostra a sua interpretação muito própria do nosso desporto-rei. Sempre vi o futebol praticado nesta competição com a ideia de estar a ver o futebol no seu “estado mais puro”. De uma certa forma fascinava-me ver a forma como as equipas africanas com a sua dose de ingenuidade táctica, se moviam com uma grande liberdade dentro de campo jogando um futebol ofensivo, alegre, combinado com uma componente física enorme que desembocava espontaneamente nos seus potentíssimos remates.

Chegou o CAN 2010, e quando ligo para a Eurosport (emissora que têm transmitido integralmente esta competição), prendo-me ao ecrã para seguir alguns dos interessantes jogos que têm sido transmitidos. No entanto após o acompanhamento de algumas das partidas fico com aquela sensação de que aquele futebol exótico que me fascinava vai desaparecendo.

O Burkina Faso, orientado pelo nosso Paulo Duarte, perante uma Costa de Marfim poderosa montou uma autêntica muralha defensiva praticamente impenetrável que ofuscaram super estrelas como Drogba, Yaya Touré e Kalou conseguindo finalmente o tão almejado 0-0. Foi certamente uma estratégia inteligente e eficaz, mas também ao estilo de um jogo europeu.

Já no Grupo D assistiu-se à inesperada derrota dos Camarões perante um “outsider” Gabão. Aos 17 minutos a estrela gabonesa Cousin dá vantagem à sua equipa e a partir daí organiza uma defesa cerrada que funcionou perfeitamente para segurar a vantagem. Tipicamente europeu.

Num total de 16 treinadores que competem no CAN, 10 são europeus e juntando ao facto de que mais de metade dos jogadores da competição jogam na Europa, teremos então que aceitar e conformar-nos com o facto de que esta competição perdeu rapidamente a “pureza” do seu futebol.

quarta-feira, 13 de janeiro de 2010

Novas Tecnologias? Os leitores decidem!

Na sequência do último post, deixamos aberto um espaço para votação para que possam dizer de vossa justiça. Sim ou Não? Os leitores têm a decisão!

Concorda com a introdução de novas tecnologias no futebol?
Sim
Não
jewelry

terça-feira, 12 de janeiro de 2010

Tecnologias? Não obrigado!

Definição de futebol: desporto disputado por duas equipas de 11 jogadores cada, com um intermediário – árbitro. Estando a falar de algo que envolve pessoas, humanas, de carne e osso, obviamente estamos a falar de possíveis erros que nunca poderão ser evitáveis.

Assim, imaginemos o seguinte cenário:
Golo do David Luiz contra o Braga o ano passado. O público vibra, a equipa sente, o adepto aplaude mas, de repente, alguém se lembra de usar as “novas tecnologias” e ir a uma cabine ver na TV que David Luiz tinha a unha do dedo grande do pé à frente da linha defensiva do Braga: o golo não é legal. Anula-se o golo, o g.redes repõe a bola com um pontapé de baliza.
Perde-se a espontaneidade do grito, a loucura do golo, o orgasmo da vitória.

Mas iremos apenas recorrer à televisão para ver os lances que dão golo? E aqueles que não dão golo mas que foram mal invalidados? Ah, aí passaríamos a ir ver à TV cada lance do jogo. Ou seja, cada jogo teria a duração de aproximadamente 240 minutos.
E depois? Quem me garante que a linha que marca a unha do dedo grande do David Luiz não pode ser desviada para trás ou para a frente, dois centímetros, conforme a cor clubísitica do informático? E um penaltie? Como vamos avaliar se a carga do Miguel Vítor sobre o jogador do Rio Ave é penaltie? Para mim é claro como água que não é, da mesma forma que em jogada corrida o penaltie do Yebda sobre o Lisandro é penaltie e não podemos criticar o árbitro por o ter marcado… Em jogada corrida, e sem repetições, até o Eusébio admitiria que é penaltie…

Os lances têm que ser avaliados em jogada corrida… Na TV? Depende! O jornal “O Jogo” tem 3 árbitros a opinar sobre jogadas polémicas e nunca os 3 estão em consenso.
Para mim, futebol é uma definição que implica erro, polémica, discussão… Quando isto lhe faltar, o futebol será apenas um conjunto de robots que farão tudo o que estiver pré-programado. Porque não haverão erros, falhanços, esquecimentos, azelhices ou enganos… E quem me diz que isto é adulterar a verdade desportiva das duas uma: ou não sabe o que é o futebol no seu estado mais puro, ou tem muita necessidade de auto propaganda, de se mostrar, de se fazer ouvir e de ter a mania que é superior aos outros, não é Sr. Rui Santos?

Mas afinal, alguém acredita que com as novas tecnologias a polémica irá acabar? Eu não!!! Prefiro que os erros aconteçam, porque o erro, faz parte da vida…
Informática? Tecnologia? Obrigado por tudo, mas não no futebol.

domingo, 10 de janeiro de 2010

Jornalismo (des)informativo

Já lá vão os tempos em que acordava e ansiava por comprar um jornal. Ler as notícias desportivas de fio a pavio. Notícias com algo para ler, imparciais e rigorosas. Talvez fosse a minha inocência de adolescente que me levasse a pensar que os cronistas eram imparciais, que as linhas editoriais não obedeciam a interesses mais ou menos mascarados e que o facto de aparecer a capa sempre com a mesma cor…eram meras coincidências.

Admito que, influenciado pela facilidade promovida pela internet, hoje em dia limito-me a ver as capas de jornais. O conteúdo já se depreende de que espécie será. A imagem que passa para cá para fora é a de que alguns jornais funcionam como porta-vozes oficiais de clubes que, na tentativa de lançar a público determinadas mensagens, o fazem por intermediários. Aqui entram os jornais desportivos, os interesses que os leitores não controlam e que têm de aceitar porque não há escolha possível. Já nem falo de darem destaque ao Braga (bem merece!) ou a outras modalidades que suscitam muito interesse e que porventura têm mais sucesso que o próprio futebol. Deve ser um problema crónico, não adianta estar a chover no molhado por muito que não concorde.


Concretizemos. Em Portugal existem três jornais desportivos de “referência” (?): O Jogo, A Bola e o Record. Independentemente da nossa cor clubística, penso que é demasiado óbvio que dois desses jornais são completamente dominados pelos clubes da capital. Por outro lado, quando quisermos saber se determinado jogador vem ou não para o FCPorto, é só ver se aparece na capa do Jogo. Todavia, até este jornal já se subjugou aos interesses da “maioria”, possuindo duas capas distintas, uma no Norte e outra no Sul. Não digo com isto que os clubes que mais são noticiados saiam beneficiados disto tudo mas, tal como em todas as profissões, também o jornalismo deveria primar por obedecer ao Código Deontológico do sector. Não me interessa saber se o Aimar já tem as malas prontas, se o Miguel Veloso mudou de penteado ou se o Pinto da Costa já começou a disparar para todos os lados. Interessa-me sim saber de futebol no seu estado puro! E isso escasseia nos jornais desportivos.

Por tudo isto sou neste momento um incondicional fã de sites que primem por este tipo de informação. O Maisfutebol é um exemplo claro disso.

Isenção e rigor precisam-se senhores jornalistas!

sábado, 9 de janeiro de 2010

Contradição Confluente



Eu sou um daqueles adeptos de futebol que torce um bocado o nariz quando o seu clube contrata jogadores estrangeiros desconhecidos, cuja qualidade não está ainda confirmada e suscita até algumas dúvidas. Para isso, penso eu, mais valia apostar na prata da casa, nos jovens jogadores portugueses que por aí despontam um pouco por todo o lado.

No entanto, há casos que me fazem pensar em rever esta posição, e começar a dar o benefício da dúvida aos jovens estrangeiros que por cá aparecem. Não pense o leitor que não gosto de ver um clube com muitos jogadores portugueses e saiba que sou até apologista do número mínimo de jogadores portugueses na ficha de jogo ou ate no onze titular. Não é isso.

Casos como os de Deco (um jovem que jogava nas divisões inferiores brasileiras e que resultou num dos jogadores mais marcantes dos últimos anos no futebol português) e agora de David Luiz fazem-me pensar que, se calhar, vale a pena também apostar na prospecção de jovens lá fora.

David Luiz chegou ao Benfica muito verde, mas aos poucos foi aprendendo o futebol europeu e foi crescendo. Foi crescendo, demonstrando sempre grande apreço pelo clube que o fez crescer e com vontade de mostrar a sua gratidão. Com isto e com vontade de singrar, foi-se tornando naquele que, se me permitem dizer, é actualmente o central em melhor forma no campeonato português e está a chegar ao nível dos melhores da Europa. Se o Benfica for campeão, creio que o seu salto para outro clube será inevitável e sairá deixando os cofres do seu clube bem recheados. Será um salto merecido e talvez não vá a tempo de dar um salto para este campeonato do Mundo. Mas Dunga, creio eu, não anda a dormir… São casos como o de David Luiz que me fazem achar que um grande clube deve fazer prospecção em todo lado. Dentro e fora de portas.

Reforçando o que eu disse, sobre a necessidade de conseguir conciliar talento português com estrangeiro, com a provavél saída de David Luiz, começam-se a abrir as portas a outro central de inegável potencial que é Miguel Vitor, ficando também Roderick Miranda e Fábio Faria á espera do seu lugar ao sol.

quarta-feira, 6 de janeiro de 2010

O Estratega Português


Ser treinador é mais do que definir a táctica e escolher os jogadores que vão actuar no próximo jogo, é mais que lançar substituições e no fim falar à imprensa. Por trás de um jogo de futebol existe todo um mundo invisível à maioria dos espectadores, um mundo onde se define os princípios de jogo, onde se criam rotinas, onde se estuda o adversário e se reajustam estratégias, esse mundo é o treino, e quem manda no treino é o treinador.

O treinador é então uma figura de responsabilidade ampla numa equipa de futebol, e na generalidade das vezes, é a sua competência que determinará o crescimento sólido de uma equipa.

Na Liga Sagres todas as dezasseis equipas escolheram treinadores portugueses para arrancar a época 2009/10, o que é um facto curioso pois é prova de que o treinador português está cada vez mais reconhecido e será talvez um sinal de que esta classe futebolística está em pleno crescimento.

Assim há semana e meia atrás lançamos uma curiosa questão sobre qual o treinador que actualmente actua na Liga Sagres revela maior competência para liderar um plantel. O vencedor foi Jorge Jesus com 38% dos votos, logo seguido de Jesualdo Ferreira com 28% e Domingos com 19%.

De facto o remodelado Benfica que se vai revelando esta época, constitui uma imagem de marca relativo a uma nova filosofia e estilo de jogo imposto por Jesus que aposta numa mentalidade atacante, pressão alta e ritmo de jogo alto, aproveitando também a diversidade de opções do plantel. Será desta vez que o Benfica conseguirá construir a tão desejada cultura vencedora que permitirá a regularidade de vitórias e o arrecadar de troféus? Os nossos leitores confiam que sim mas só o tempo o dirá. Obrigado pela vossa participação.

segunda-feira, 4 de janeiro de 2010

Portugal precisa de um Benfica forte

Ao olhar para a imprensa desportiva diária de hoje, saltou-me à vista a frase de Luís Filipe Vieira (LFV), com que o desportivo “A Bola” faz manchete.

Apesar de ao início me parecer um exagero, algo completamente descabido de qualquer sentido, após alguma reflexão, e depois de ler a entrevista completa, vejo-me obrigado a concordar com LFV.

Clubismos à parte, somos obrigados a concordar que grande parte do país é vermelho e, como diria alguém, quando o Benfica é campeão deixa de haver crise, ninguém se lembra das Euribors, da taxa do BCE, da prestação da casa e até os mercados bolsistas têm tendência a apresentar indicadores positivos.

Com isto tudo, quero lançar uma questão: qual a importância que o futebol tem, ou deveria ter, na sociedade? Tem o futebol a mesma importância em Portugal, Inglaterra, Espanha ou Itália? Podemos relacionar directamente a relação que tem a importância do futebol com o nível de desenvolvimento de um país?

Na minha opinião, o futebol deve ser um entretenimento, algo que nos faça relaxar, algo que nos faça aliviar o stress que o quotidiano nos proporciona e não mais uma fonte de stress, de fanatismo, de loucura e de extremos. Devemos ser capazes de ver um bom jogo de futebol, usufruir do que ele tem para nos dar e analisá-lo de forma civilizada e não de forma totalmente parcial.

Assim, não creio que possamos estabelecer uma relação directa entre o nível de desenvolvimento de um país e a importância que o futebol tem na sociedade – Argentina e Inglaterra, são dois países que se alimentam de futebol, mas que possuem níveis culturais e de desenvolvimento antagónicos - contudo, arrisco a afirmar que uma pessoa com menos habilitações literárias, vê o futebol de uma forma diferente de alguém mais desenvolvida intelectualmente.

Assim, importa sermos capazes de admitir que o Porto tem sido a melhor equipa Portuguesa dos últimos 10 anos e tem levado o nome de Portugal além-fronteiras, da mesma forma que neste momento o SLB pratica um futebol entusiasmante, ao mesmo tempo que o SCP tem uma escola de formação ao nível das melhores do mundo e que o Braga está em primeiro lugar com inteira justiça. Não é por admitirmos isto, que defendemos menos o nosso clube do coração.
Da mesma forma que devemos ser capazes de admitir que Portugal, precisa de um Benfica forte…

domingo, 3 de janeiro de 2010

O cantinho da Choupana

Vivendo inicialmente na sombra do histórico Marítimo, o Nacional da Madeira tem sido um claro exemplo de sucesso que muitas vezes não tem sido devidamente reconhecido. Tendo regressado ao convívio entre os melhores clubes nacionais em 2002/2003, tem conseguido de forma brilhante passar a barreira da desconfiança inicial de que seria apenas mais um clube de altos e baixos no futebol nacional, cotando-se actualmente como um dos melhores e mais estáveis clubes portugueses. Presenças assíduas na Taça Uefa e com prestações de qualidade, têm permitido que o clube se comece a dar a conhecer por essa Europa fora.

Goste-se ou não do seu presidente, o que é certo é que este tem tido a notável capacidade de manter um estilo muito próprio e de liderança firme em defesa do Nacional. Na grande maioria das ocasiões é o próprio presidente que realiza a prospecção do mercado, deslocando-se aos diversos países, com especial incidência no Brasil. É aqui que, a meu ver, o Nacional tem obtido a base do seu sucesso. Para além de ter tido treinadores muito competentes (Manuel Machado é o expoente máximo do conjunto de treinadores que já passaram por aquela casa), o clube consegue todos os anos descobrir um ou mais novos talentos. Se repararmos o clube tem ainda procurado ser pioneiro na exploração de mercados aos quais os clubes nacionais não estão muito atentos, reflectindo-se na contratação de jogadores como o montenegrino Tomasevic ou o esloveno Pecnik.

Certamente que todos se recordam de Benaglio, Adriano, Maicon ou Nené. O que é certo é que o clube tem sido capaz de vender bem e contratar jogadores capazes de suprir estas ausências e reforçar outras posições. Esta época o plantel conta com jogadores de qualidade como Ruben Micael, Leandro Salino, Felipe Lopes, Bracalli e ainda o (resgatado) Edgar.

O Nacional é hoje em dia um clube que oferece todas as condições para um jogador profissional se desenvolver e se mostrar interna e externamente. Estável, bem liderado e bem orientado. Quem sabe se não poderá seguir um caminho de crescimento progressivo que o conduza a outros horizontes? Esperemos que sim, para bem do futebol português!

sábado, 2 de janeiro de 2010

O onze revelação


Decorrida quase toda a primeira volta deste campeonato, lançamos as nossas ideias relativamente aos onze jogadores que mais se revelaram neste período. Esperamos pelas vossas opiniões...

Ricardo
Guarda-Redes: Peiser (Naval)
Defesas: Mano (Belenenses), Fabio Faria (Rio Ave), G.Lazzaretti (V.Guimarães), Emidio Rafael (Académica)
Médios: André Santos (Leiria), Vitor Gomes (Rio Ave), Mossoró (Braga)
Avançados: Ukra (Olhanense), Carlao (Leiria), João Ribeiro (Académica)

Cacha
Guarda-Redes: Peiser (Naval)
Defesas: Fabio Faria (Rio Ave), Andrezinho (Vitoria Guimaraes), Rodriguez (Braga) e João Pereira (Braga)
Médios: Ruben Micael (Nacional), Hugo Viana (Braga), Javi Garcia (Benfica) e Varela (Porto)
Avançados: Edgar(Nacional) e Baba(Marítmo)

Tres
Guarda-Redes: Peiser (Naval)
Defesas: Fabio Faria (Rio Ave), Andrezinho (Vitoria Guimaraes), Rodriguez (Braga) e Diego Gaucho (Leiria)
Médios: Ruben Micael (Nacional), Roberto de Sousa (Marítimo), Miguel Pedro (Academica) e Varela (Porto)
Avançados: Carlão(Leiria) e Edgar Silva (Nacional)

Afonso
Guarda-Redes: Peiser (Naval)
Defesas: Andrezinho (V.Guimarães), Fábio Faria (Rio Ave), Filipe Lopes (Nacional), Evaldo (Braga)
Médios: Ruben Micael (Nacional), Tiero (Académica), Javi Garcia (Benfica)
Avançados: Carlão (Leiria), Edgar Silva (Nacional), Baba (Marítimo)