domingo, 12 de fevereiro de 2012

Quando o relógio deixa de ser suíço



Nestes tempos recentes temos assistido a uma máquina quase divinal no futebol. A perfeição do jogo culé tem roçado a satisfação do ideal utópico de muitos amantes do desporto rei.

Os toques rápidos constantes, o domínio avassalador na posse de bola, as constantes desmarcações que criam múltiplas linhas de passe, o sufoco do pressing no portador da bola, a subida rápida de uma segunda vaga que encosta e "enjaula" a equipa adversária, são apenas algumas características de uma máquina como um cérebro pensante, que têm vida própria como um todo e que se auto-disciplina. Essa máquina é o Barcelona.

No entanto, estou em querer que toda esta máquina e o seu funcionamento se assemelha a um relógio suíço. Toda a fluidez e eficiência da máquina depende  largamente da qualidade ultra-refinada das suas peças únicas e exclusivas que a integram. Bastará a substituição de uma peça-chave para provocar o desmoronar de todo um sistema.

Ontem Pep Guardiola surpreendeu tudo e todos com um alinhamento inicial estranho e arriscado. Certamente com o jogo da Champions em mente e talvez já com um espírito de rendição no campeonato, optou por deixar de fora duas peças-chave vitais do relógio suíço, Xavi e Iniesta, substituindo-os por produtos de grande potencial mas visivelmente inacabados, Thiago Alcântara e o “canterano” Sergi Roberto.

O resultado esteve à vista. A quantidade de passes falhados no meio-campo fez o Barça assustadoramente parecer uma equipa banal e, embora também o relvado e as condições meteorológicas não tenham sido as mais favoráveis, a ineficiência no sector médio acabou por se alastrar a todo um sistema, intranquilizando a defesa e fazendo desesperar as peças ofensivas. A consequência foi a entrega quase definitiva do campeonato aos Blancos.

Tudo isto reforça a tese de que por mais que perfeita seja a ideologia de um treinador e os seus processos de treino, os resultados estão longe de ser garantidos se a qualidade de certos jogadores com funções-chave não corresponder, pois como numa orquestra, o treinador agita a batuta, mas são os jogadores que verdadeiramente fazem a música.

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