Antes de tudo, importa sublinhar um
facto indesmentível. Independentemente da qualidade apresentada, dos jogadores
que actuam ou do treinador que a dirige, a selecção nacional de futebol
consegue – verdadeiramente (!) – unir o povo português em torno de uma causa.
Unimo-nos de tal forma que se a vitória dependesse da nossa devoção à selecção,
os jogos estariam ganhos à partida.
Debruçando a nossa atenção sobre os
aspectos futebolísticos propriamente ditos, confesso que os dois jogos até
agora disputados me deixam com um misto de sensações. Sinto que não falta
querer, vontade e garra, mas ela só é visível a espaços durante o jogo.
Percebe-se que somos capazes de assumir o jogo mas só o fazemos quando
estritamente forçados a tal.
Por outro lado, ao longo da era Paulo
Bento, demonstramos sempre um bloco organizado e compacto, isto é, sem grandes distâncias
entre sectores. Todavia, agora, assistimos a largos espaços concedidos entre eles,
provocando calafrios constantes. No epicentro de toda a polémica está ainda
Ronaldo. O talento está todo lá – nós sabemos – mas simplesmente não é colocado
em prol da selecção, pese embora já tenha aparecido a espaços nestes dois
jogos.
A pró-actividade tem dado lugar a uma
atitude muito mais reactiva. De facto, pressionamos quando tivemos a perder com
a Alemanha, entramos fortes quando tínhamos que marcar à Dinamarca e voltamos a
ser incisivos quando procurávamos o terceiro golo. Acredito que esta não seja a
estratégia delineada e muito menos aquilo que os jogadores pretendem executar.
Ainda que estes factos sejam
preocupantes, considero que há aqui espaço para optimismo. O contexto dos dois
jogos levou a que Portugal tivesse esta atitude de maior reacção perante as
adversidades, levando-a a assumir uma postura que, no meu entender, não deverá
ser o comportamento padrão. Temos capacidade e qualidade para entrar
dominantes, para circular a bola como ninguém, para defender de forma compacta
(Ronaldo, não te esqueças!), para marcar e não baixar os braços.
Isso sim é Portugal e nós temos tudo o
que é preciso!
“Alma, garra e dedicação”. Assim se
faz um português. Assim se faz a nossa selecção!
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