quarta-feira, 29 de fevereiro de 2012

Frases feitas



As palavras sempre foram e serão sempre um instrumento importantíssimo, e quem domina o dom de as expor de forma correta, adequado, e na hora certa, concerteza ganha vantagem sobre qualquer adversário, concorrente ou rival, seja em que área da vida for. Neste contexto, o desporto, e o futebol em particular, não foge à regra, pois todas as semanas vemos declarações de treinadores, dirigentes e jogadores, umas vezes tentando motivarem-se a si próprios e aos seus, outras desculpando-se de eventuais erros, outras tentando colocar pressão sobre os seus adversários.

Não, neste artigo não vou comentar a fraca capacidade de comunicação de Vitor Pereira para o exterior, não vou comentar os erros de gramática de Jorge Jesus, nem a falta de sentido de oportunidade que algumas das suas declarações denotam (recentemente viu-se isso), nem sequer a pronúncia ou modo de falar do nosso seleccionador Paulo Bento; vou falar das frases feitas, aquelas que em alguns casos se aplicam, noutros nem por isso, noutros reflectem falta de imaginação, noutros inteligência, noutros criatividade (quando são os autores originais das mesmas), noutros simplesmente porque não há mais nada a dizer...
 
Vou enumerar algumas conhecidas, esperando que os leitores possam colocar mais que se lembrem, e os contextos em que elas são bem ou mal aplicadas e que transmitem inteligência ou falta dela:

"É um jogo para ganhar..." - Há jogos para perder?

"Vai ser um jogo difícil..." - Contra o Pêro Pinheiro (com todo o respeito) também?

"Ontem não éramos os melhores do mundo, hoje também não somos os piores..." - Após derrotas categóricas…sempre.

"As finais não se jogam, ganham-se..." - Depois de Mourinho dizer isto de forma brilhante, todos passaram a dizer...

"Vamos trabalhar mais..." - Quer dizer que até agora não deram tudo?

"Vamos ter X finais até ao fim..." - Não posso ouvir esta...

"Não nos deixaram ganhar..." - Para a próxima peçam ao adversário que vos deixem ganhar...deve ser mais fácil...

"O campo estava inclinado..." – Solução? Contrata-se um engenheiro em vez dum tratador de relva…


Luís Miguel Duarte 




Agradecemos ao Luís a sua colaboração no nosso blog. Aproveitamos mais uma vez para relembrar e convidar todos os nossos leitores a participar e a mostrarem a sua visão do futebol. Este é o vosso espaço. Enviem os vossos textos para futebolstorming@gmail.com

segunda-feira, 27 de fevereiro de 2012

SC Braga – o meu ódio de estimação eterno.

Outro dia, o meu melhor amigo disse-me: “vais ter que mudar a tua opinião acerca do Braga”
 
Errado. Já aqui escrevi e repito: não gosto do Braga. Acho que nunca vou gostar.
Não gosto do clube, abomino o seu presidente e a sua falta de desportivismo, revolta-me que sempre que percam seja por culpa do árbitro, acho naturalíssimo que se coloquem fotos dos erros dos árbitros por debaixo da porta ao intervalo dos jogos e revolta-me considerarem-se grandes apenas no que às vantagens desse estatuto diz respeito.
 
Contudo, admiro-os. Se calhar até os invejo.
 
Admiro a sua estrutura forte – apenas comparável, internamente, com a do FCP -, admiro terem uma voz de comando, um estádio fabuloso, uma capacidade de reabilitar jogadores supostamente já acabados, um talento para tornar jogadores desconhecidos em craques e o facto de a Pedreira ser um local temido.
 
A maior qualidade, para mim, é o facto de qualquer pessoa que se sente no banco de suplentes com uma braçadeira no braço a dizer “treinador”, ser considerado genial.
Carvalhal, Jesualdo, Leonardo Jardim, Jorge Costa, etc., são expoentes máximos disso.
 
Não é que eles não sejam bons. Mas em Braga são-lhes atribuídas qualidades que eles na realidade não têm.
 
Parece que são bons porque a estrutura do clube é fortíssima, bem gerida e com uma enorme vontade de crescer.
 
Desculpem a embirração, mas eu continuo a não gostar deles. Não sei se ajuda, mas também não gosto do Barcelona.
 
Talvez exista uma diferença entre o Barcelona e o Braga: o Barcelona é considerado um grande. E não tem medo de o afirmar.

sexta-feira, 24 de fevereiro de 2012

Carisma não se compra… mas vale muito dinheiro!

Se é verdade que na indústria do futebol as capacidades e aptidões técnicas dos treinadores são vitais para atingir o sucesso, importa não desvalorizar a importância que deve ser atribuída a outros factores. Na realidade, existe um conjunto de aspectos que não podem ser adquiridos mas que, não raras vezes, se constituem como elemento crucial.
 
Refiro-me especificamente ao carisma – um activo intangível de valor incalculável. Não se tratando de uma conquista mas sim de um talento (inato, muitas vezes!), é uma qualidade marcante que gera magnetismo, propaga entusiasmo e promove adesão.
 
Os treinadores com este activo valioso são reconhecidos por uma determinada identidade – boa ou má – mas que inspira confiança não só nos adeptos e nos jogadores, como na opinião pública em geral. Olhamos para Jorge Jesus e vemos que, para além das “notas artísticas”, tem um traço forte de personalidade que gera confiança. Observamos André Villas Boas e vemos alguém com um discurso sereno, ponderado e, sobretudo, confiante. Olho para Vítor Pereira e não vejo nada disso. Isso diz muito.
 
No mundo de treinadores, os principais vencedores serão aqueles que conseguirem transformar este carisma em sucesso. Neste transfer, outras qualidades marcarão a diferença. É aí que entram as designadas soft skills – capacidade de liderar, de comunicar, de influenciar.
 
Em suma, vejo poucos treinadores que agregam todos estes elementos/capacidades. Como (quase) todos concordaremos, o expoente máximo mora para os lados de Madrid…

quarta-feira, 22 de fevereiro de 2012

Os maestros


Eles são o cérebro da equipa e os verdadeiros comandantes dentro de campo. São também a tranquilidade em pessoa que cuja calma e sensação de controlo irradia-se para toda a equipa.

Falo mais propriamente daqueles jogadores que só correm quando necessário, em que cada passe tem uma intenção assertiva, em que escolhem quase meticulosamente o timing certo para o passe em profundidade ou para avançar com a bola controlada, ou então mantém a posse de bola esperando que os colegas à sua volta se organizem.

Por intermédio da sua habilidade de teleguiar a direcção da bola, surge por arrasto uma capacidade de remate de meia-distância fortíssima. Eles são os jogadores mais completos de um plantel.

Claro que poderia exemplificar com os clássicos Xavi, Sneijder, Scholes, Pirlo, etc. Mas prefiro realçar aqueles que temos cá dentro, porque também os temos.

Lucho



Aimar




Hugo Viana

 

sábado, 18 de fevereiro de 2012

Os jornalistas, o bom senso e as (falsas) fontes de informação

Não conheço o código deontológico dos jornalistas nem tão pouco faço ideia sobre as regras a que estão obrigados a circunscrever a sua atividade. Contudo, existirá sempre, em qualquer atividade, algo que não vem escrito nos códigos nem está tabelado e que se chama bom senso!

“O Jogo sabe…”, “Conforme Record apurou…”, “Confirmou fonte próxima do processo à Lusa…” são expressões lidas todos os dias. E, no meio de montes de disparates, há sempre alguém que dá um tiro certeiro. Aí, não perde pela demora e faz capa com a seguinte notícia: “Conforme noticiamos há 3 semanas…”
 
Gostaria que tivessem este mesmo rigor com todas as notícias que avançaram “em primeira mão” e não se revelaram verdadeiras, vindo publicamente pedir desculpas aos leitores (sonhar não custa…).
 
Vem isto a propósito da credibilidade de cada órgão de informação e respetivos jornalistas que os constituem.
 
Vale mais uma notícia falsa em primeira mão, ou uma notícia verdadeira atrasada?
Sou um leitor assíduo do Maisfutebol e sei que, tudo o que leio lá, são notícias OFICIAIS. 

Nunca li lá nenhuma notícia que depois se viesse a revelar falsa.
 
O mesmo já não se passa com outros órgãos de informação que todos os dias fazem manchetes com notícias que são quase sempre falsas.
 
Sei que muitas vezes são notícias encomendadas em troca de informações privilegiadas, contudo, qual é o estado de espírito de um jornalista ao saber que está a publicar uma notícia falsa? Consegue dormir descansado? Consegue ter a consciência tranquila ao saber que mentiu deliberadamente?
 
Felizmente, com o passar do tempo, começa a ser fácil separar o trigo do joio e torna-se claro quais são os órgãos de informação competentes e os jornalistas fiáveis.
Dos outros, não rezará a história.
 
São fracos demais para ficarem perpetuados na memória de quem quer que seja.
Porque os cobardes, esses, morrem sempre sozinhos!

quarta-feira, 15 de fevereiro de 2012

Fanatismo? Não, obrigado!

O futebol é, por natureza, um desporto no qual as emoções estão à flor da pele. Presidentes, treinadores, jogadores e, acima de tudo, adeptos, vivem o seu clube de forma apaixonada e intensa. 

Ainda bem que assim é. Afinal de contas, é esse o encanto do futebol.
 
Todavia, confesso que fico verdadeiramente incomodado com o fanatismo desmedido que acaba por toldar o raciocínio, impedir a clarividência e, sobretudo, elimina a hipótese de uma discussão saudável sobre futebol. O fanático não se importa com o futebol como um todo, mas sim com o seu clube. Tudo o que o contrarie, deverá ser colocado numa de duas hipóteses – ou os restantes estão todos errados ou então é conspiração.
 
Infelizmente, este modo de pensar e agir é recorrente e é possível observar nos mais variados domínios da nossa vida – no nosso trabalho, no nosso grupo de amigos e mesmo nos espaços televisivos. Uns dirão que é natural que assim aconteça. Outros, por seu turno, defenderão a inutilidade a que isso conduz. Incluo-me, naturalmente, neste último grupo.
 
Sendo óbvio que cada um de nós defenda “a sua amada”, considero que deixa de ser assim tão natural quando esta defesa é cega e efectuada sem qualquer critério. Assim acontece com muitos.
 
Abram-nos os olhos!

domingo, 12 de fevereiro de 2012

Quando o relógio deixa de ser suíço



Nestes tempos recentes temos assistido a uma máquina quase divinal no futebol. A perfeição do jogo culé tem roçado a satisfação do ideal utópico de muitos amantes do desporto rei.

Os toques rápidos constantes, o domínio avassalador na posse de bola, as constantes desmarcações que criam múltiplas linhas de passe, o sufoco do pressing no portador da bola, a subida rápida de uma segunda vaga que encosta e "enjaula" a equipa adversária, são apenas algumas características de uma máquina como um cérebro pensante, que têm vida própria como um todo e que se auto-disciplina. Essa máquina é o Barcelona.

No entanto, estou em querer que toda esta máquina e o seu funcionamento se assemelha a um relógio suíço. Toda a fluidez e eficiência da máquina depende  largamente da qualidade ultra-refinada das suas peças únicas e exclusivas que a integram. Bastará a substituição de uma peça-chave para provocar o desmoronar de todo um sistema.

Ontem Pep Guardiola surpreendeu tudo e todos com um alinhamento inicial estranho e arriscado. Certamente com o jogo da Champions em mente e talvez já com um espírito de rendição no campeonato, optou por deixar de fora duas peças-chave vitais do relógio suíço, Xavi e Iniesta, substituindo-os por produtos de grande potencial mas visivelmente inacabados, Thiago Alcântara e o “canterano” Sergi Roberto.

O resultado esteve à vista. A quantidade de passes falhados no meio-campo fez o Barça assustadoramente parecer uma equipa banal e, embora também o relvado e as condições meteorológicas não tenham sido as mais favoráveis, a ineficiência no sector médio acabou por se alastrar a todo um sistema, intranquilizando a defesa e fazendo desesperar as peças ofensivas. A consequência foi a entrega quase definitiva do campeonato aos Blancos.

Tudo isto reforça a tese de que por mais que perfeita seja a ideologia de um treinador e os seus processos de treino, os resultados estão longe de ser garantidos se a qualidade de certos jogadores com funções-chave não corresponder, pois como numa orquestra, o treinador agita a batuta, mas são os jogadores que verdadeiramente fazem a música.

sexta-feira, 10 de fevereiro de 2012

David Luiz – porque o Benfica também faz bons negócios…



“Excelente David Luiz a recuperar em antecipação! Sai a joga e, finta um, dois, três mas perde a bola...“
O que se sucede a seguir?

      a) Golo na baliza de Peter Cech.

      b) Amarelo (ou vermelho...) para David Luiz.

Quando saiu do Benfica, toda a gente achou que era um negócio relativamente bom, contudo, todos eram unânimes em dizer que o Benfica ficou claramente a perder e que dificilmente iria arranjar um substituto que fizesse esquecer David Luiz.
O que se constata hoje, é que David Luiz é notícia constante. E, quase sempre, pelos piores motivos.
Ou porque AVB sente necessidade de vir dizer pela enésima vez que David Luiz vai ser dos melhores centrais do Mundo, ou porque David Luiz sente necessidade de se justificar/defender das críticas, relativamente às suas saídas de bola como se fosse Maradona.
Ora, posto isto, considero que LFV tem aprendido alguma coisa com Pinto da Costa.
Fez um negócio brilhante e tenho a certeza que se fosse hoje, com o valor pago pelo Chelsea, o Benfica estaria também disposto a ceder Djaló.
Não estou a dizer que David Luiz é o principal ou sequer o único responsável pelo momento que o Chelsea atravessa. Contudo, a sua quota-parte é bastante elevada, sendo diretamente proporcional ao dinheiro que custou.
Se David Luiz pode um dia vir a ser o melhor do mundo? Tenho dúvidas.
Apesar de reconhecer que tem características físicas e aptidões enquanto defesa central que lhe podem permitir aspirar a tal, penso que apresenta um défice (quase tão grande como o da Grécia…) de estabilidade mental e inteligência que o fazem ter momentos em que nem ele próprio consegue perceber quais as finalidades dos seus raides inexplicáveis com a bola em direcção à baliza do adversário.
Assim, penso que o Chelsea se precipitou. A menos que queiramos acreditar que o defesa central brasileiro foi contratado como uma aposta de longo prazo, caso contrário, David Luiz não é uma solução para o imediato, para solucionar o aqui e o agora da defesa do Chelsea.
E, parecendo que não, o simples (?) facto de jogar com Luisão ao lado, pode transformar jogadores medianos em (eternos…) candidatos ao “melhor defesa central do mundo”, by AVB.