Mourinho neste momento é mais que um nome. Para muita gente, o simples soar da palavra “Mourinho” apela a uma associação emocional automática às seguintes qualidades: sucesso, vitória, gestão de topo, liderança, assertividade, competência.
Esta associação não se fez de um dia para o outro, mas quase. É o resultado de anos consecutivos de sucesso estrondoso que um treinador de futebol nos tem presenteado desde 2002.
Um dos seus pilares mais importantes na sua filosofia é jogar para a vitória e para tal Mourinho e a sua equipa técnica analisam detalhadamente cada adversário, e modelam a forma de jogar da sua equipa de acordo com as diferentes circunstâncias, obtendo sempre uma resposta adequada e perfeita por parte dos seus jogadores. Funcionou no Porto, funcionou no Chelsea, funcionou no Inter, mas para já ainda não funcionou no Real.
Vivem-se momentos de dúvida e de descredibilização do fenómeno Mourinho. Um Real repleto de estrelas futebolísticas, que já teve mais que tempo de se desenvolver, criar rotinas e operacionalizar o seu método de jogo continua desesperadamente impotente perante um adversário de consistência, eficácia e qualidade praticamente intransponíveis como o Barcelona.
O estilo futebolístico do Barcelona está a conseguir deitar por terra o paradigma Mourinho. Uma equipa que simplesmente não altera a sua forma de jogar independentemente do adversário, pouco se transforma durante o jogo, sempre fiel ao seu tiki taka e muitas vezes alavancada pelos momentos geniais de Messi, Xavi e Iniesta está a conseguir mais que o método trabalhoso e minucioso do planeamento jogo a jogo, dos powerpoints detalhados de Rui Faria, dos treinos quase científicos de preparação dos momentos de jogo.
O Real inicia uma época de tudo ou nada. Os adeptos merengues anseiam por algo estrondoso este ano, tendo por isso as suas expectativas bem no topo. Tendo em conta este contexto, será de esperar algum cuidado por parte de Mourinho no seu discurso e comportamento. Já por isso revelo que fiquei um tanto surpreendido com os episódios recentes que envolveram Mourinho na Supertaça espanhola, primeiro porque a competição em causa não têm a importância suficiente para iniciar já uma polémica de agressões e de vitimizações, segundo por que a própria atitude de agressão física poderá levar a uma banalização e desmistificação da figura Mourinho.
Entretanto, parece que o episódio foi ignorado em Bernabéu. Todos os adeptos continuam a apoiar cegamente José com cânticos e faixas de apoio de entre as quais uma me chamou a atenção: “Mou, o teu dedo assinala-nos o caminho.” Assim nascem as religiões.
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