quinta-feira, 8 de julho de 2010

Fica Queiroz!


E cá está, o Mundial está prestes a terminar. Esperaremos com ansiedade o confronto interessantíssimo entre uma Laranja Mecânica cuja escassez de títulos é um pecado para o mundo do futebol e uma equipa espanhola cuja filosofia culé se encontra impregnada em todo o seu tiki taka. No entanto, para nós Portugueses que ilações poderemos retirar sobre o futuro da nossa selecção?

Sinceramente não consigo avaliar a prestação portuguesa de forma concreta. Todo o caminho que Portugal traçou nesta competição foram todos feitos a partir de jogos com um contexto muito específico e muito próprio. O jogo contra a Costa de Marfim foi para mim um bocado decepcionante, já contra a Coreia do Norte Portugal desmesuradamente impressionou. Face ao Brasil tivemos uma prestação positiva mas tudo num contexto de conformismo em que a passagem estava plenamente assegurada para as duas equipas. Por fim a aventura sul-africana acaba perante uma Espanha cuja força e competência acabam por ser uma óptima e óbvia justificação para a eliminação portuguesa. Acabou por ficar um gostozinho amargo na boca porque estávamos à espera de mais.

Tudo o que posso concluir sobre esta performance é que uma única particularidade se destacou na selecção portuguesa: bipolaridade. Portugal demonstrou fases bem positivas alternadas com fases muito negativas, mesmo decepcionantes. O jogo da Espanha é talvez o jogo mais ilustrativo da situação da nossa selecção. A primeira parte impressionou muita gente com uma mentalidade certa e uma certa coerência na abordagem táctica, inexplicavelmente na segunda parte assistimos a um Portugal um bocado deprimente e sem soluções.

Perante esta realidade que fazer de Queiroz? Poderemos apontar-lhe as culpas de tudo que aconteceu de negativo na selecção, no entanto penso que se o demitirmos todas essas culpas voltarão a recair todas sobre nós portugueses, pois continuaremos a alimentar uma cultura baseada na chicotada psicológica fácil e precipitada. Talvez a passagem da bipolaridade à consistência é dar tempo ao tempo e ter paciência. Por isso por mais que Queiroz não vá muito de encontro ao meu perfil de treinador favorito, penso seriamente que deveríamos promover a sua continuação como seleccionador. Não por uma mudança revolucionária da selecção, mas apenas por uma mudança de mentalidade no futebol português. Dar tempo ao tempo.

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