quinta-feira, 15 de julho de 2010

Um líder de amores e ódios

Se há pessoa que em Portugal consegue rivalizar com o nosso Primeiro-Ministro nos sentimentos contraditórios que provoca nos portugueses, essa pessoa será certamente Pinto da Costa. Alvo de louvores excessivos por uns e de ódio por outros, Pinto da Costa é um líder controverso, decidido e intransigente. Se as sucessivas conquistas ao leme do FCPorto lhe permitiram atingir o devido reconhecimento, os últimos dois anos da sua vida pessoal e profissional deixaram, no entanto, uma mancha negra que a história não apagará.

Com uma missão de vida clara – fazer do clube que dirige o expoente máximo do futebol nacional –, nem sempre utilizou os meios adequados para a prossecução desse seu objectivo e isso está bem visível/audível (afinal de contas o segredo de justiça (?) sempre permitiu que todos tivéssemos a oportunidade de testemunhar o triste espectáculo das escutas não é verdade?).

No meio de toda esta turbulência, Pinto da Costa tem, no entanto, mantido intacta uma das virtudes que lhe consigo reconhecer – a sua capacidade negocial! Quando digo capacidade negocial digo-o em sentido lato e não em sentido estrito. Mais do que ser capaz de negociar o preço, as condições de pagamento e as questões mais “financeiras” das transacções, Pinto da Costa tem acima de tudo a capacidade de persuasão e de sentido de oportunidade que mais nenhum presidente de clube nacional parece ter.

O negócio de João Moutinho não foi mais que um culminar de um longo namoro e de sucessivas “facadas” nos seus rivais que só o Sporting parece ainda não ter entendido como tal. A forma oportuna como PdC atacou o jogador convencendo-o a ser ele a pressionar a saída, mantendo sempre o Sporting com a ideia de que o FCPorto não iria estar a forçar uma situação de conflito, é reflexo de que sabe negociar como poucos. Só em 6 meses consegue, subtilmente, desviar Ruben Micael, André Villas-Boas e João Moutinho ao Sporting. Acrescendo a isto, e num contexto em que o Benfica se sagra campeão e que surge como uma montra para os jogadores, consegue convencer James Rodriguez a assinar pelo clube azul e branco. Coincidências? Não me parece!

Desenganem-se aqueles que querem tapar o sol com a peneira. Pinto da Costa é daqueles dirigentes que deixará um legado forte, uma imagem de verdadeiro líder e com uma habilidade negocial fora do vulgar. Quando pensamos que está a ficar velho, que os seus pensamentos estão direccionados para assuntos extra-futebol ou que o seu clube parece estar à deriva, lá aparece um coelho da cartola, um sinal de força para os seus concorrentes.

Afinal de contas, num clube de futebol, tal como numa empresa não é isso que se pede a um líder?

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