segunda-feira, 8 de novembro de 2010

As Lideranças Invisíveis


Para quem já teve oportunidade de estudar os diferentes tipos de estruturação de uma organização, sabe que esta pode assumir duas tipologias no que diz respeito à sua gestão interna: “bottom-up” e “top-down”. Em termos genéricos, a primeira defende os colaboradores como pilar da organização e, por seu turno, a segunda assume que é a partir do líder que a organização se desenvolve.

Embora seja apologista de um modelo organizacional suportado na força dos colaboradores (não fizesse eu parte deste grupo!), considero que é no segundo modelo que se deve basear todo e qualquer clube de futebol. Certamente que nomes como Peter Hill-Wood, Martin Broughton, Khaldoon Al Mubarak e Sheik Abdullah Al-Thani, não diz nada a nenhum de nós. Pois bem, são, respectivamente, os presidentes de Arsenal, Liverpool, Manchester City e Málaga e representam exactamente o papel de um líder sem nunca o ser verdadeiramente. Se os dois primeiros são exemplos de presidentes de grandes clubes que não o são no campo, os dois últimos representam exemplos paradigmáticos de que o futebol se tornou numa verdadeira indústria à qual os investidores multimilionários estão atentos.

Nenhum destes consegue ser identificado como um verdadeiro líder, capaz de promover uma estratégia e de promover consenso entre os adeptos.

Mais do que em qualquer outra área, considero que num clube de futebol é essencial haver uma voz de comando única e claramente identificada que personifique a identidade de um clube. Por muito dinheiro que possa haver, por muitos adeptos que um clube possa ter, só poderá ter sucesso se essa liderança estiver bem vincada. Por estar “bem vincada”, não digo que deva estar constantemente a intervir em praça pública ou ser um líder intransigente. No entanto, deverá ser alguém que intervenha quando tem que intervir e que seja respeitada por todos no seu universo.

Um presidente não pode simplesmente “passar” pelo cargo de forma invisível. Tem que ser activo, perspicaz e com capacidade para unir. Embora o futebol também seja uma verdadeira economia, a “mão invisível” de Adam Smith não se pode aplicar ao mundo futebolístico. Ao contrário do que este defende para as economias de mercado, um clube não se faz sem “uma verdadeira entidade coordenadora”.

E essa entidade tem que ser, sem dúvida alguma, o Presidente!

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