sábado, 13 de novembro de 2010

Voltou o brio portista


Suspeitava-se que algo de especial poderia estar ali a nascer logo após a conquista da Supertaça perante o Benfica. Os primeiros jogos do campeonato não poderiam correr melhor, cujas vitórias permitiram o aproveitar dos deslizes precoces dos adversários directos. As vitórias continuaram, incluindo nos jogos europeus que apesar de não serem ao nível da Champions permitiram continuar a não conhecer o sabor da derrota. Vitória após vitória, a crença reforçava-se e para muitos no fim-de-semana passado confirmou-se com uma vitória retumbante perante o seu principal rival.

Uma coisa é certa. Já não há sinais de Jesualdo nesta equipa. Em lugar de uma aposta em transições rápidas, a equipa portista assenta numa inteligente construção mais lenta mas também mais madura do seu jogo. Alguns jogadores sem particular destaque no ano passado, surgem como uma surpresa positiva tais como Belluschi e Sapunaru. A verdade é que o plantel principal é praticamente o mesmo só com uma pequena grande diferença no meio campo, João Moutinho. Desde a saída de Lucho que o Porto já não tinha um jogador tão polivalente no meio campo. Moutinho faz o chamado “jogo invisível” com uma eficácia tremenda: compensa os espaços, pressiona bem os jogadores-chave do meio campo adversário, distribui bem o jogo, em suma, desempenha com alta eficácia as funções de um moderno número 10 que já não só se limita a distribuir jogo mas assume cada vez mais funções polivalentes no apoio ao ataque e à defesa.

Outro pormenor determinante é na forma inteligente como o Porto defende. É inevitável de uma certa forma elaborar aqui umas comparações com as equipas de Mourinho. Nota-se uma clara preocupação dos jogadores portistas em travar o mais rápido possível os movimentos do adversário formando uma pressão intensa que começa logo na área adversária e que muitas vezes obriga o iniciador da jogada da equipa contrária a não ter alternativa senão optar pelo passe directo.

Claro que toda esta máquina só é possível muito por culpa da qualidade técnica do plantel e da elevada forma que alguns jogadores têm apresentado. Um deles é claramente Hulk. O seu poderio, que assenta muito no físico é verdade mas deixa transtornado qualquer defesa e se bem que por vezes revele alguma imaturidade táctica, há momentos em acontece exactamente o contrário e nos surpreende. É por causa desses momentos que acredito que o Porto tem em mãos um jogador que, com algumas arestas limadas, tem tudo para atingir o topo do futebol mundial. Outro jogador obviamente será Falcão, que com toda a sua inteligência de posicionamento e desmarcação consegue ser uma ameaça constante.

Com toda a qualidade do plantel aliada a um treinador que apesar da idade não é de todo ingénuo e mostra escola, há razões aqui para considerar que o Porto voltou a redescobrir os seus valores, mas essencialmente um em particular: a cultura da vitória. Será cedo demais para falar? Terão os adversários capacidade para dar a volta? Não sabemos. No futebol tudo acontece.

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