terça-feira, 29 de junho de 2010

Espero que não muito a quente...


Desculpem-me os leitores começar da maneira que vou fazer. Mas tem de ser assim, não ficava bem comigo se não o fizesse, ficava com alguma coisa entalada cá dentro. Por isso , vou escrever uma parte deste post sem cuidado, dizendo tudo o que me vai na alma depois do que vi acontecer hoje na África do Sul durante e após a eliminação de Portugal frente à Espanha.

É verdade que me fazia fastio ver a grande maior parte dos portugueses criticar Cristiano Ronaldo e idolatrar Messi. Nenhum é inferior ao outro na globalidade, têm é particularidades diferentes. Nunca "mandei vir" com Ronaldo, sempre o defendi mesmo nas exibições menos conseguidas. Mas há limites... Ronaldo hoje ultrapassou em larga escala os limites da arrogância (não deve ter aprendido o hino nacional na escola), ultrapassou os limites do individualismo e perdeu a noção da responsabilidade que é ter uma braçadeira de capitão e ser o simbolo de um país. Dentro de campo Ronaldo não jogou nada, nem deixou os companheiros jogar muitas das vezes. Quis marcar todos os livres, mesmo não conseguindo colocar uma bola na área ou na baliza (excepto uma acho eu) e tem a distinta lata de resolver adornar jogar quando Portugal estava a perder e precisa de futebol prático para rapidamente chegar ao golo. Achando isto pouco, ao saír do estádio sacode toda a água do capote e atira as culpas para o seleccionador. Muito digno daquela que é a nossa maior estrela... Como se não bastasse perder, tanto ele como Deco resolver ainda aumentar o "circo". Pronto, estou melhor depois destes desabafos...

Posto estas palavras duras, é altura de acalmar. Falando do jogo, tiro o chapeu à maneira como Queiroz monta a equipa na primeira parte. Sólida a defender, recupera do um início a toda a velocidade da Espanha e bate-se de igual. A segunda parte começa igual, faltou só a estrelinha (ou quem sabe Nossa Senhora do Caravaggio). Queiroz tira Hugo Almeida, opção bastante discutivel a meu ver, pois o "Panzer" estava a fazer um belo jogo. Sofre o golo logo a seguir, fora de jogo que nenhuma repetição quis mostrar (mas as teorias da conspiração sobre ser vantajoso para a FIFA a Espanha seguir em frente ficam para depois) e começa o descalabro. Faltou a estaleca, o descernimento, o sangue frio e um Ronaldo (sim, nós precisamos dele) em condições para virar o resultado.

É tudo o que me apraz dizer neste momento, ainda estou a digerir a derrota. Mas fiquei com uma ideia, que sei que vai ser polémica, mas que quero partilhar com os leitores. Queirós com um pulso firme e com jogadores com cabeça e que sintam a camisola (grande Eduardo, Coentrão, Bruno Alves...) tem todas as condições para continuar. É preciso que nós e os jogadores o ajudem. Todos temos a ganhar...

PS: Por mim Ronaldo volta à Selecção. Mas so depois de pedir desculpa. Vai-lhe fazer bem descer o ego à terra... Faz-nos falta o Ronaldo da foto, o Ronaldo que sentia que podia ser o melhor do mundo na NOSSA SELECÇÃO...

sábado, 26 de junho de 2010

Mundial 2010: um palco onde se testam os melhores


O melhor profissional no mundo em qualquer profissão tem que ser alguém que domine o seu ofício como ninguém. Alguém que perante circunstâncias adversas e em novas situações consiga adaptar e despontar o seu incomparável talento diferenciando-se dos demais, mesmo sob as condições mais intensas de pressão.

Um campeonato do mundo é um cenário perfeito para testar os candidatos a melhor jogador do mundo. Independentemente de na África do Sul ser Inverno, se jogue ou não em condições de altitude exageradas, se a nova bola Jabulani é melhor ou pior, se é insuportável o irritante som das vuvuzelas, o melhor jogador do mundo terá que lutar contra todas estas adversidades e mesmo assim destacar-se e empurrar a sua equipa para as vitórias.

No entanto, a adaptação mais importante e determinante que um jogador de futebol terá que fazer é a sua adaptação a uma nova equipa, a um novo grupo de trabalho, a um novo treinador e a uma nova ideologia táctica. A enorme disparidade de rendimento do Cristiano Ronaldo ao serviço de um clube e de uma selecção é por demais evidente que há qualquer coisa que falha em Ronaldo para ser considerado definitivamente como o melhor jogador do mundo. Já Messi, consegue de alguma forma atenuar muitas vezes esta disparidade, sendo no entanto muitas vezes criticado por não ser tão influente na selecção Argentina.

Não será difícil de concluir da minha parte que o verdadeiro candidato a melhor do Mundo desta vez será Maicon. Num ano em que um jogador ganha tudo que havia para ganhar a nível de clubes, e mesmo assim consegue para já manter os seus índices de rendimento ao serviço de uma selecção que se afigura como um dos principais condidatos ao título mundial é obra. Para além disso, o prémio a Maicon seria um verdadeiro reconhecimento da importância cada vez mais preponderante que a posição de lateral tem assumido no futebol moderno.

Por fim, afastando-me um bocadinho do tema, gostaria de destacar o verdadeiro fiasco que está a ser a iniciativa da FIFA em atribuir o poder de decisão sobre o melhor jogador em campo aos visitantes do seu site. Algumas escolhas absurdas que temos visto para MVP claramente são uma prova que o excesso de democratização permitido pela Internet pode levar a decisões irracionais e sem sentido.

quinta-feira, 24 de junho de 2010

Acham que sabem jogar?

23 jogadores, de Nacionalidade francesa, candidataram-se recentemente a um concurso realizado na África do Sul denominado “Acham que sabem jogar?”

O concurso era organizado por uma entidade que pouco percebe de futebol, mas muito de negócios, mais preocupada em ganhar milhões do que garantir espectáculo; mais preocupada com os patrocinadores do que com a segurança de adeptos, jornalistas e até os participantes no concurso.

Juntamente com este grupo, participam no concurso outros grupos de 23 candidatos, sendo que todos têm que ser da mesma nacionalidade – regra básica do concurso.
Supostamente todos os grupos têm um líder, acontece que os franceses não o tinham. Aquando da realização de cada prova, que dura 90m, nunca mostraram ser uma equipa, apresentando uma dose intratável de individualismo e falta de crença e ambição.

No primeiro teste pensava-se que eram os nervos iniciais mas o segundo e o terceiro testes revelaram-se ainda piores. Pelo meio, os concorrentes recusaram-se a treinar e no último dia, (dia da última prova) alguns recusaram-se inclusive a participar.
Como devem perceber, não passaram a primeira fase do concurso, regressaram ao seu país onde foram crucificados pela imprensa tendo inclusive o Presidente solicitado uma reunião com o capitão do grupo de concorrentes.

Auto intitularam-se de favoritos, apuraram-se com irregularidades, com uma mão escandalosa do seu capitão, mas quando chegou a hora de puxar dos galões, mostraram ser um grupo fraco, ao nível dos piores, sem um líder e com participantes que não souberam honrar nem o país que representavam nem a sua própria imagem e orgulho.
Face ao ridículo em que caíram, resta-lhes continuar a tentar para o próximo “Acham que sabem jogar?” a realizar em 2014.

terça-feira, 22 de junho de 2010

Apreciações e expectativas: versão 2010/2011

Em tempo de Mundial todos nós temos descurado um pouco os clubes nacionais e, curiosamente, essa “ocupação” de todos tem-se reflectido no menor número de nomes lançados pela comunicação social como reforço dos diversos clubes. Até para desanuviar um pouco deste ambiente tenso que o Mundial origina, vou tecer algumas considerações sobre o que esta pré-pré-época nos tem revelado.

Comecemos pelo Benfica. Se o clube foi capaz de quebrar a malapata e o jejum dos últimos anos no que diz respeito à conquista do título de campeão nacional, não me parece estar a ser capaz de contrariar a tendência de insatisfação de alguns jogadores quando a época acaba. Cardozo e Luisão são exemplos notórios. Ainda que a perda de Di Maria se venha a verificar considero que o clube se precaveu de forma antecipada e adequada, revelando perspicácia que não lhe era reconhecida anteriormente. Parte, a meu ver, como candidato número 1 uma vez que mantém treinador, estrutura táctica e certamente grande parte da espinha dorsal da equipa.

O vice-campeão nacional Braga tem prosseguido nesta pré-pré-época com uma estratégia já mantida nos últimos anos – contratar jovens jogadores com grande potencial a um preço acessível (casos de Collado e Echiejile), conjugando com a aquisição de jogadores já adaptados ao campeonato nacional que tenham demonstrado ao serviço de outros clubes capacidades mais que notórias (casos de Salino, Keita e mesmo Lima). A manutenção de Domingos e a aquisição de Quim constituem-se como dois grandes trunfos. Todavia, para bem do futebol nacional, espero que às saídas de Evaldo, Eduardo, H.Viana e Luis Aguiar não se venham a juntar outros como Alan. Espera-se um Braga competitivo e para isso não pode desfazer-se dos seus melhores jogadores.

O FCPorto teve uma época à qual já não estava habituada e, como é habitual, o treinador foi o mais responsabilizado. Considero a aposta em AVB simultaneamente arriscada mas algo que era necessária já que parece querer fazer uma ruptura no futebol por vezes demasiado calculista do antigo treinador. Parece querer estar a impor as suas ideias e isso já se tem vindo a reflectir em pequenos detalhes como as chamadas de Ukra, Castro e André Pinto, bem como na contratação de Souza, um trinco que segundo descrições que chegam, não se limita ao processo defensivo da equipa. Auguro bom futebol, ideias novas e talvez alguns erros por parte de AVB no seu processo natural de crescimento. A ver vamos se essas falhas não poderão ser comprometedoras.

Também o Sporting viveu alterações na sua equipa técnica. Paulo Sérgio dá sinais de ser capaz de marcar uma ruptura no tipo de treinadores que têm passado pelo clube, conjugando o melhor dos dois últimos. Alia um discurso directo, frontal e é disciplinador (características de Paulo Bento) a conhecimentos tácticos reconhecidos nos clubes por onde tem passado (Carlos Carvalhal). Tudo parece estar bem delineado na cabeça do novo treinador e a recente entrevista é sinal disso mesmo. A contratação de Maniche permitirá transmitir a experiência que o clube bem necessita e sobretudo numa zona do terreno onde a juventude predomina. O estigma de ser um clube há muito no “quase” tem que sair da cabeça dos jogadores e essa é a principal alavanca que o clube necessita para estabilizar nas conquistas.

E o leitor, que palpites tem?

segunda-feira, 21 de junho de 2010

O esperado ou uma desilusão?


A segunda jornada do Mundial está quase no fim e gostaria aqui de fazer com os nossos leitores um balanço do que foi o Mundial até agora. Tanto nos aspectos desportivos como nos aspectos extra-desportivos, que cada vez mais são inerentes a competições desta envergadura.

Olhando para os resultados, salta a vista a falta de uma selecção dominadora que tenha jogado e convencido. Itália, Espanha falharam redondamente nos primeiros jogos. A Alemanha convenceu no primeiro, desiludiu no segundo. As selecções sul-americanas (Brasil, Argentina e Uruguai) e a Holanda vão ganhando sem serem brilhantes, sendo o Uruguai talvez a meia-surpresa da prova. Portugal joga hoje uma cartada decisiva. As outras selecções vão fazendo pela vida. Até agora tem sido um Mundial abaixo das minhas expectativas, mas acho que com a 3ª jornada e as eliminatórias isto vai mudar e a qualidade vai aumentar.

Por falar em qualidade, tinha de falar na qualidade que os guarda-redes africanos têm apresentado neste mundial. Dantes, faziam apenas valer-se pelo seu tamanho mais do que pela técnica. Agora, o guarda-redes africano faz-se valer da sua genética que lhe permite ser maior que os outros e de uma técnica cada vez mais trabalhada para se afirmar um valor seguro a defender a sua baliza. O expoente disto tem sido Vicent Enyeama, guardião da Nigéria, que tem rubricado excelentes exibições.

Fora de campo, não posso deixar passar em branco a selecção francesa. Esquecendo a forma como foram qualificados para este Mundial, resolveram ainda "ajudar mais à festa" tornando-se a chacota do mundial com actos de indisciplina, expulsões, acusações e demissões. Que bem que estaria a Irlanda nesta competição por vez dos gauleses...

Gostaria também de fazer um reparo a Deco. Um jogador com aquela experiência sabe que numa competição desta não pode ter aqueles desabafos para a imprensa. A moral da selecção e dos adeptos anda na corda bamba, não são precisas mais achas para a fogueira...

quinta-feira, 17 de junho de 2010

Mundial 2010: Apreciações


Após uma primeira ronda do mundial recheada de calculismo e cautelas de grande parte das equipas, acabo de ver a Argentina trucidar uma Coreia do Sul impotente com um sorriso nos lábios. Jogadas de ataque bem desenhadas, um futebol ofensivo intenso e uma liberdade criativa dos talentos naturais que são Messi, Tévez, Higuain e Di Maria do plantel argentino são uma quebra da monotonia e da rigidez táctica que tem estado presente nestes primeiros jogos da mais importante competição de futebol do mundo. Depois disto, só posso ver a Argentina de Maradona como uma lufada de ar fresco e um pequeno reviver de velhos tempos de quando o futebol não era tão científico e era em muito guiado pela fé e moral transmitida por líderes de personalidades "loucas" e carismáticas.

Já sobre Portugal, apenas uma palavra: confirmação. Confirmação de que há muito que não há uma personalidade no estilo de jogo da selecção portuguesa, de que não há planos alternativos a utilizar em pleno jogo (Liedson jogou o jogo todo sozinho na frente completamente anulado e nada se fez), de que não há confiança no treinador, e mais preocupante ainda de que o "líder" Queiroz continua com um discurso de vítima perante um jogo considerado mau por parte de todos que o viram.

Por outro lado, pudemos verificar que a máquina alemã continua bem calibrada e sólida mostrando-se como um dos favoritos a conquistar o troféu, mas iremos ter oportunidade de comprovar esse facto agora perante um adversário de nível mais ameaçador que é a equipa Sérvia e que se encontra bem apetrechada em termos de jogadores.

Uma desilusão já esperada por muitos: a França. Com um plantel recheado de potencialidades pelos menos a meu ver, foi certamente doloroso para os adeptos franceses testemunhar a falta de atitude e organização da equipa cujos jogadores tem mostrado rendimentos incrivelmente abaixo daquilo que fazem nos clubes, tendo Domenech muitas culpas no cartório.

No Mundial ainda só vamos no início, muitas surpresas virão ainda, só nos resta continuar a acompanhar um dos eventos mais bonitos do mundo (agora muito mais bonito com o som das vuvuzelas filtrado pelos diversos canais televisivos).

segunda-feira, 14 de junho de 2010

Mago ou mito?


Podia falar de vuvuzelas, de frangos, da África do Sul, dos assaltos ou do poderio alemão… Podia falar do Ronaldo, da lesão (?) do Nani, da recuperação que afinal só demora uma semana, do talento de Ji-Sun-Park ou até da pancadaria nos treinos de África do Sul e Brasil…

Mas, prefiro falar de algo que um dia o meu grande amigo e camarada Cacha escreveu, começando exactamente com o título que ele começou: mago ou mito?

Escrevo, tal como ele, sobre Ricardo Quaresma.

Próxima paragem: Besiktas.

Cada vez custa mais a acreditar que poderá ser um grande jogador. Cada vez custa mais a acreditar que não passará de um simples malabarista que tem um enorme talento nos pés mas que nunca será capaz de triunfar num campeonato mais exigente que o nosso, de ser capaz de ultrapassar as limitações que o seu feitio demasiado introvertido implicam, de ter personalidade suficientemente capaz de se adaptar a outro país que não Portugal, enfim, de ser um grande jogador.

Começa a ser tarde, cada vez mais tarde, para acreditar que Quaresma poderá ser um grande jogador. Depois dos falhanços em Milão, Inglaterra e Espanha, vai jogar para o 4º classificado da Turquia, sem possibilidade de disputar a Champions. Torna-se difícil perceber duas coisas: o que quer para a sua vida (excluindo os milhões da parte económica, obviamente…) e como tenciona chegar (não vou usar a palavra voltar, pois para mim, nunca esteve no topo do futebol europeu…) à ribalta do futebol europeu.

A Seleccção é cada vez mais uma miragem e, com todo o respeito por todos os outros treinadores, se nem Mourinho fez dele jogador, quem vai fazer? Não basta ter talento e fazer coisas bonitas nos treinos, é preciso mais, muito mais…

Por isso, deixem passar o mito que o mago nunca existiu…

sábado, 12 de junho de 2010

Tuga de bancada

Aviso desde já que me vou armar em seleccionador nacional por breves instantes. Vou vestir o fato de treinador e ser um verdadeiro “tuga de bancada”. No fundo vou colocar por escrito aquilo que todos nós já pensamos e já falamos com a família, amigos, etc. Qual a equipa que consideramos ideal para enfrentarmos o mundial?

Na baliza Eduardo é cada vez mais uma certeza. Aquela insegurança que transmitia aos portugueses tem vindo a esmorecer-se ao longo do tempo. Cada vez mais seguro entre os postes e fora deles, tem igualmente conseguido transmitir confiança à restante equipa e isso é notório. Não será por aqui que ficaremos a perder, a meu ver.

Na defesa, considero os centrais um dos grandes pilares da nossa selecção. Bruno Alves parece estar mais concentrado e quando assim é torna-se um central quase inultrapassável. Por seu turno, Ricardo Carvalho é um central que o complementa de forma quase perfeita, compensando a sua menor estatura com antecipações perfeitas. São por isso uma dupla que oferece todas as garantias. Nas laterais as nossas maiores fraquezas a meu ver. No entanto, neste momento escolheria Paulo Ferreira e F. Coentrão. Se o primeiro é garante de estabilidade e regularidade (embora não sendo exuberante), o segundo embora ainda “verdinho” a defender, pode ser capaz de transmitir à equipa a irreverência e dinamismo igualmente necessário numa equipa. Penso que a lesão de Nani, contribuiu ainda mais para a necessidade de termos no onze um jogador capaz de imprimir outro dinamismo.

No sector intermédio não haverá muito a dizer. Na posição 6, não havendo Pepe (para mim a opção mais adequada) o lugar caberá de forma natural a Pedro Mendes. Tendo uma óptima capacidade de passe, penso que não possui as qualidades de trinco puramente defensivo que a selecção precisaria dado o estilo de jogo de Portugal. A ver vamos. Raul Meireles na sua posição natural de 8, parece estar em melhor forma do que ao longo de toda a época no seu clube. Pode ser uma arma importante na medida em que consegue aparecer de forma fácil e discreta na zona de finalização, uma vez que os focos de atenção dos adversários não estão muito centrados neste jogador. Deco, é inevitável. Os seus passes de ruptura são cruciais e a sua magia será fundamental. Só me assusta quando aos 70/75 min não aguentar mais. Quem é capaz de o render? Não vejo ninguém.

Na frente de ataque e ao contrário do que tem vindo a ser ensaiado por Carlos Queiroz, considero que a melhor opção neste primeiro jogo principalmente seria optar por uma frente de ataque mais versátil. Simão, Danny e C. Ronaldo seriam as minhas opções. Simão dá consistência táctica à equipa, transmitindo igualmente experiência. Danny e C. Ronaldo seriam as duas peças que poderiam desequilibrar o adversário – o primeiro por estar numa forma física claramente acima da média e o segundo…por ser ele, o melhor!

Aqui ficam as minhas opções de forma esquemática:

Boa sorte Portugal!!

quinta-feira, 10 de junho de 2010

Aí está ele...


É vespera de início de Mundial. Tocou-me a mim o privilégio de colocar o post nesta data. Confesso que no meio de tanta coisa sobre as quais poderia escrever, foi difícil escolher sobre o que trataria o meu post.

Podia falar de quem será o provável vencedor da competição. Uma competição deste nível, com eliminatórias de uma só mão é sempre imprevisível. Mas à partida diria que Brasil e Espanha partem favoritos. Vejamos se o favoritismo se confirma.

Depois há ainda os duelos individuais. Comecemos pelo inevitável Ronaldo vs Messi. Do que tenho lido e observado, em termos de mediatismo, Cristiano Ronaldo está claramente na liderança. Mas poderá isto ser um handicap para a vertente desportiva? Messi fez uma época claramente melhor que a de Ronaldo. Conseguirá fazer um Mundial a este nível ou será desta que Ronaldo faz uma grande competição de arrasar?

Nos Mundiais surgem sempre revelações. Quer dizer, nunca serão verdadeiras revelações porque, à partida, para estar num Mundial é preciso ter provas dadas. Pronto, nos Mundiais surgem sempre confirmações. Neste caso creio que será o Mundial de Sneijder, Di Maria, Elano e David Silva. São estas as minhas apostas para trazer cor a este Mundial.

Mas mais que uma competição, um Mundial é uma época de festa. Tal como no Natal nos reunimos com a família, num Mundial reunimo-nos com família, com amigos, com vizinhos, com conhecidos e desconhecidos. Tudo para ver o nosso País, a nossa Bandeira desfraldada num território longínquo. É um clima diferente que se vive. Olha-se com ânsia o horário dos jogos, planeiam-se as vidas para às horas marcadas estar em frente a um ecrã.

Tão difícil foi escolher o tema para o meu post que acabei por divagar e escrever um pouco sobre vários temas. O Mundial é isto mesmo. Um misto de culturas, de cores, de sensações. Um misto do Mundo...

segunda-feira, 7 de junho de 2010

Queiroz: o eterno adjunto?


Tendo um passado muito ligado à selecção nacional, Carlos Queiroz como treinador principal viveu os seus tempos de maior sucesso ao comando da selecção sub-20 portuguesa onde foi campeão do mundo por duas vezes consecutivas, tendo às suas ordens nessa altura muitos dos melhores jogadores portugueses que viriam mais tarde constituir a tão denominada “Geração de Ouro”.

De resto, para além de também de ter conseguido qualificar a África do Sul para o Mundial 2002, pouco mais de registo teve Queiroz como treinador, sendo bem conhecido de toda a gente o fracasso obtido ao comando da selecção principal ao não qualificar-se para o Mundial 94, a escassez de títulos conseguidos com o Sporting, assim como também a sua rápida aventura falhada como técnico do Real Madrid.

Porém, há todo um mérito reconhecido do trabalho de Queiroz nas suas funções de “backoffice”, ou seja, de apoio técnico ao treinador e à equipa como Alex Ferguson tão bem apreciou. Os seus muitos anos no apoio ao Manchester United e as suas passagens pelo desenvolvimento do futebol nipónico, norte-americano e africano conferiram-lhe certamente conhecimentos globais e diversificados.

Acredito profundamente que Queiroz no mundo do futebol é um profissional de enorme competência e grande mais-valia técnica para uma equipa de futebol, mas sinceramente, não como treinador principal. Sendo líder de uma equipa, as ideias de um treinador terão que ser bem claras e definidas com pulso firme aos olhos de todos e, no entanto, a verdade é que ainda hoje, após todo o processo doloroso que foi a qualificação e estando prestes a iniciar o mundial, ainda temos dificuldades em saber o que pretende Queiroz da equipa portuguesa, quais as suas ideias e filosofias, que rumo pretende impor a esta selecção?

Para além disso, os diálogos serenos e muitas vezes supérfluos de Queiroz para a imprensa e para os adeptos são todos eles uma incógnita que parecem esconder uma realidade, apoiando-se também muitas vezes num papel de vítima perantes os fracassos que para mim não convencem nem entusiasmam.

O mundial será mais uma oportunidade para Queiroz mostrar o que vale como líder de uma equipa, no entanto pressinto também que será uma oportunidade de mostrar que o lugar que ocupa não é certamente o seu lugar natural no futebol. Por favor, convençam-me o contrário!

sexta-feira, 4 de junho de 2010

Entrevista a Sérgio Pereira (Maisfutebol)

Apresentamos de seguida a entrevista a Sérgio Pereira, jornalista do site Maisfutebol e autor do espaço "Box-to-Box".

1. Como começou a carreira jornalística? Era um sonho de sempre, ou surgiu por mero acaso?
Por um mero acaso. Tirei a licenciatura em Ciências da Comunicação, vertente Publicidade. Tentei entrar no meio, mas nunca consegui. Mas nem tudo foi mau. Acabei o curso em 2000, o que coincidiu com o nascimento de uma série de jornais online. A partir daí foi um tiro de sorte. Enviei o currículo para o sítio certo na hora certa: o Desporto Digital.

2. O Maisfutebol tem vindo a crescer no número de leitores de forma assinalável. O que considera que o diferencia dos restantes jornais desportivos online?
Em primeiro lugar, é o único que faz verdadeiramente jornalismo online. Os jornais desportivos têm sites, mas as redacções dos sites não fazem reportagens, não dão notícias, não vão aos sítios: limitam-se a transcrever o que sai nas agências, o que passa nas rádios ou o que publicaram na edição papel. Em segundo lugar por perceber exactamente as especificidades do jornalismo online, que deve ter uma vertente mais leve, mas ao mesmo tempo ser mais rigorosa porque vive num espaço (a Internet) sem rei nem roque. Em terceiro lugar, porque tem bons jornalistas, gente que gosta muito da profissão.

3.Numa crónica de um jogo, o texto é elaborado pelo Sérgio Pereira jornalista, imparcial, descritivo, emocionalmente aniquilado. E num artigo de opinião, por exemplo, no Box-to-Box, quem escreve: o Sérgio jornalista ou o Sérgio adepto?
Emocionalmente aniquilado, também não... (risos) Escreve sempre o Sérgio jornalista. Mas escreve sempre o Sérgio jornalista num artigo de opinião ou numa crónica de jogo. Hoje em dia as pessoas vêem os jogos praticamente todos na tv e depois vão ler a crónica aos jornais. Portanto já sabem o que se passou, não vale a pena ser descritivo. O jornalista têm de ler o jogo, interpretá-lo e analisá-lo. O que exige uma opinião.

4.Simão Sabrosa disse um dia que muitos jogadores possuem relações privilegiadas com alguns jornalistas, o que é bom enquanto eles estão na mó de cima. Todavia, quando a situação se inverte, os jornalistas podem “arruinar” um jogador. Quem precisa mais de quem: o jogador do jornalista, ou o contrário? E até que nível existe a promiscuidade entre ambos?
Acho que promiscuidade é uma palavra forte. Existem jogadores que têm relações com muitos jornalistas, existem jogadores que têm relações com poucos jornalistas e existem jogadores que não têm relações com jornalistas. A maior parte das vezes são relações de amizade, em que nem sequer é obrigatório que alguém tenha alguma coisa a ganhar para além da própria amizade. A promiscuidade pode existir a um outro nível: sobretudo entre dirigentes e empresários.

5.Nos tempos actuais, não existe um grande clima de confiança em torno da selecção nacional, como no último mundial. Acha que a imprensa tem culpa nesta situação? Acha que a imprensa pode unir e empolgar a população em torno da selecção?
Não. A imprensa pode ser um veículo, mas não mais do que isso. A Selecção e o seleccionador é que têm de transmitir carisma. Foi o que aconteceu com Scolari e não acontece com Queiroz. Mas acredito que se a Selecção fizer um bom trabalho na África do Sul, crescerá naturalmente uma empatia com o público.

6.Em muitas actividades profissionais, os trabalhadores têm uma referência, um exemplo. Tem algum jornalista referência?
Santiago Segurola, director-adjunto da Marca. Pela cultura geral, que não se esgota no desporto, pela capacidade de análise, pela escrita e pelo equilíbrio de raciocínio.

7.Como é possível por vezes ler jornais desportivos em que o mesmo jogador num jornal tem uma classificação óptima, e no outro é classificado como dos piores em campo? É o futebol um desporto assim tão subjectivo?
O futebol é subjectivo, depende da interpretação de cada um. Quando um jogador atira uma bola ao poste, para uma pessoa pode ter falhado um golo e para outra pode ter criado uma situação de perigo. Mas não é só por isso. A verdade é que o futebol evoluiu muito mais depressa do que o jornalismo. As grandes empresas de comunicação enfrentam situações financeiras difíceis e faltam meios humanos aos jornais. Por isso, durante um jogo, um jornalista tem de fazer o trabalho de dois ou de três jornalistas. É natural que fique limitado por isso. É mau, mas é o reflexo de um país, e de um mercado, pequeno.

8.Os jornais desportivos (em papel ou online) guiam-se pelo mercado. Até que ponto a linha editorial é feita em função da dimensão de um clube, posição que ocupa, etc…?
A linha editorial não é feita pela dimensão ou posição de um clube. A linha editorial é uma coisa completamente diferente, é como o ADN de um jornal e que não muda ao sabor dos tempos. Naturalmente que a dimensão de um clube condiciona a quantidade de notícias que se faz. É normal seguir com mais atenção o Benfica do que a Naval, por exemplo. Em primeiro lugar porque o Benfica gera um maior número de notícias e em segundo porque interessa a um maior número de pessoas. Seguimos os dois clubes com o mesmo respeito, mas seguimos mais o Benfica porque o próprio público pede que o façamos.


9.Acha que a imprensa escrita tem os dias contados e será substituída apenas pela imprensa online? Acredita numa imprensa online paga pelo leitor através de uma assinatura mensal ou anual?
Nem uma coisa nem outra. Não acredito no fim da imprensa escrita. Haverá sempre espaço para jornais e haverá sempre espaço para o papel porque há coisas que a Internet não permite fazer. Podem é talvez ter de mudar, tornarem-se semanários, por exemplo, serem sobretudo espaços de análise, opinião e grande reportagem. Também não acredito em jornais online pagos. A democratização da Internet chegou a um ponto sem retorno.

10.No seguimento da pergunta anterior: a liberdade de imprensa existe, até que ponto? É o mercado um condicionante à liberdade de imprensa?
Não é o mercado que condiciona a liberdade de imprensa. Pelo menos no desporto não é. A liberdade de imprensa existe, claro, mas tem de ser cultivada. É necessário manter uma equidistância em relação aos clubes. O Maisfutebol é um exemplo paradigmático: não cultiva relações privilegiadas com ninguém, por isso tem liberdade em relação a todos. Às vezes isso custa-lhe determinadas informações, mas compensa pela credibilidade junto do público.

11.Como jornalista desportivo, qual foi para si o momento mais emocionante ou dos mais emocionantes que teve oportunidade de testemunhar e de transmitir aos seus leitores?
Provavelmente a final da Taça UEFA, em Sevilha, e a meia-final da Liga dos Campeões, na Corunha, quando o F.C. Porto ganhou com um golo tardio de Derlei. Mas também não esqueço o jogo do Boavista no Celtic Park, para as meias-finais da Taça UEFA, pelo ambiente absolutamente fantástico daquele estádio.

12.Como vê o número crescente de blogs em que toda a gente tenta ser “cronista”? Qual a sua opinião sobre o FutebolStorming?
É saudável. A beleza da Internet é mesmo essa, ser um espaço aberto à opinião e ao debate. Os blogs não ameaçam os jornais online porque o leitor sabe distinguir o que é feito com responsabilização editorial ou não. Gosto do FutebolStorming. Conseguem ter opiniões sérias, fundamentadas e feitas com um olhar responsável. Aliás, não sou o único a gostar, tenho um colega na redacção que é leitor assíduo do blog.

Em nome de todos os membros do blog, agradecemos toda a disponibilidade demonstrada, esperando que nos continue a deliciar com os seus artigos sempre pertinentes por muitos anos. Obrigado!