sábado, 31 de julho de 2010

Carlos Queiroz – até quando?


Ponto prévio: não acho que Carlos Queiroz tenha perfil nem qualidades para continuar a ser o seleccionador nacional.

A nossa qualificação roçou o desastroso, apuramo-nos milagrosamente, e o desempenho no Mundial, analisado fria e racionalmente, foi muito pobre: empatamos com a Costa do Marfim, goleamos uma das piores selecções em prova e contra o Brasil fomos medricas. Contra a Espanha, fomos medricas novamente e viemos para casa com a sensação de dever cumprido, porque nunca fomos capazes de pensar em grande…

Segundo ponto prévio: a Federação quer despedir Carlos Queiroz.

Parece óbvio para todos que a FPF quer despedir o seleccionador. Ninguém viu Gilberto Madail vir a publico defender Carlos Queiroz, e quanto à continuidade de Carlos Queiroz, limitou-se a dizer: “não sei, vamos ver…”
Assim, parece-me claro que a FPF quer fazer o mais correcto, mas não da forma correcta.

Facilmente chegamos à conclusão que Carlos Queiroz foi incompetente, tem margem de manobra reduzida, não tem o apoio dos jogadores e já teve mais do que tempo para montar uma selecção forte, não tendo sido capaz de o fazer pelo que penso que, se fosse Homem com aquele H, já se teria demitido.

Contudo, uma palavra amarga para a Federação por não ter sido capaz de assumir a sua vontade clara de mandar embora o seleccionador e ter enviado para a comunicação social informação que deveria ser interna de forma a arranjar argumentos para despedir o seleccionador.

Resumindo: concordo e acho bem (apesar de tardia) a decisão de despedir o seleccionador. Não concordo com a forma como o processo está a ser conduzido e estou bastante desiludido com a forma como o Carlos Queiroz está completamente agarrado ao lugar pois tem a noção que o único lugar onde será aceite será como adjunto do sábio Sir do United…

quarta-feira, 28 de julho de 2010

Palpites 2010/2011


Tal como a palavra da semana no “5 para a Meia Noite” também eu vou aqui Palpitar. Numa altura de pré-época, todos nós acabamos por conjecturar diversos cenários e apontar forças e fraquezas aos clubes. Anseia-se por cada jogo para analisar se a equipa evoluiu, se afinal aquele reforço é mesmo craque ou não passa de um flop. Afinal de contas, qualquer tema de conversa parece conduzir a futebol e à análise da constituição dos plantéis por essa Europa fora.

Assumindo este nosso estatuto de “adepto”, vou usá-lo e fazer as tais apostas, muitas vezes guiadas apenas por um feeling. Quem irá triunfar nos principais campeonatos europeus? Deixo a minha aposta para os três primeiros lugares de cada um dos campeonatos que mais interesse me suscitam.


Espanha

1º Barcelona
2º Real Madrid
3º Atlético Madrid
Será o campeonato da moda este ano! Por muito que cada um de nós queira puxar a brasa à nossa sardinha, não consigo imaginar o Barcelona a não revalidar o campeonato. Jogam de olhos fechados, não perderam nenhum jogador titular de caras e ainda se reforçaram com um jogador de topo do futebol mundial que nunca jogou no Barcelona e parece encaixar naquele modelo de jogo como uma luva. Penso que se Mourinho contrariar isto, será mesmo um dos seus maiores feitos na carreira. Como o Special One já nos habitou a tudo e mais alguma coisa, é melhor estar sempre de pé atrás.

Inglaterra
1º Chelsea

2º Manchester United

3º Liverpool
Aposto no Chelsea atendendo à consistência que apresenta desde há alguns anos a esta parte, mantendo estrutura técnica e o plantel quase intacto. Por seu turno, aos red devils parece-me faltar qualquer coisa que já o ano transacto faltava. Não sei se será o vazio que Ronaldo deixou mas dá a sensação de faltar algo àquela equipa. Apesar da forte aposta do Man. City, não creio que chegarão ao pódio. Torres e Cª serão capazes de melhorar a prestação do ano transacto?

Itália

1º Inter

2º Roma
3º Génova

Embora me pareça que Benitez não trará benefícios substanciais ao clube, penso que o Inter será novamente campeão. Possui uma equipa perfeitamente conhecedora de todos os seus processos e não perdeu nenhum jogador fulcral, acrescentando ainda a promessa Coutinho. Basta Benitez aproveitar o que foi feito e não terá grandes problemas. A inconstância de Milan e Juventus nas últimas épocas levam-me a apostar na Roma para o 2º lugar. Aposto ainda no Génova para uma surpresa, tendo em consideração os reforços garantidos (Eduardo, Toni, etc), os que estarão para chegar e à evolução registada nos últimos anos.


Portugal

1º Porto
2º Benfica
3º Sporting
Apesar de ser o campeonato que vivemos com mais intensidade, é aquele que mais dúvidas nos suscitam na altura de apostar em algum dos candidatos e, certamente aquele que gerará maior diversidade de opiniões. Parece-me que estão os três planteis fortes e muito bem orientados e não duvido que este será um campeonato disputado entre os três grandes (espero enganar-me e o Braga entrar na luta). Analisando racionalmente, embora o Benfica parta em clara vantagem, o facto de se apresentar com sangue novo e com renovada vontade de vencer, pode conduzir à reconquista por parte do FCPorto do ceptro que no ano passado fugiu (merecidamente) para o Benfica. Quanto ao Sporting, espera-se uma equipa superior e talvez menos inconstante em relação ao ano passado mas que já nos habitou a claudicar em momentos chave e, por vezes, nos jogos mais fáceis.

Digam de lá os vossos palpites!

segunda-feira, 26 de julho de 2010

O peso da Jabulani



Neste início de época, analisando as prestações de alguns jogadores, venho aqui levantar um tema, embora de uma forma metafórica. Será que a Jabulani, a famosa bola do Mundial alvo de críticas por meio mundo, pesa muito?

Senão vejamos. Roberto, guarda-redes contratado por uma transferência record em Portugal, vem rotulado de guarda-redes com grande potencial. Investigando sobre ele (vulgo, ver alguns videos no youtube) vê-se que é capaz de muito, tem potencial. Nos treinos evidencia-se, nos jogos tem tremido como varas verdes. Balboa, jogador quase detestado pelos adeptos, tem conseguido arrancar aplausos durante os treinos com o seu empenho e o seu jogo. Nos jogos tem sido quase um elemento neutro, sem nada trazer de novo à equipa. Postiga, no Sporting, também não tem conseguido confirmar o futuro auspicioso que toda a gente lhe augurava. Tão pouco Valeri no Porto não conseguiu ficar no plantel.

Trata-se, indubitavelmente, de jogadores que já mostraram ter valor e ainda o podem tornar a fazer. Falta-lhes a regularidade de alguns dos grandes jogadores da nossa praça. Será que, por alguma razão, actualmente a bola lhes pesa muito nos pés?

sexta-feira, 23 de julho de 2010

Todos virados para La Liga


É um fenómeno interessante. A migração de certas personalidades do futebol que nos despertam o interesse chama-nos a atenção para a realidade de diversos campeonatos lá fora que antes não acompanhava-mos com tanto entusiasmo. Estas personalidades são essencialmente hoje em dia sem dúvida Mourinho e Cristiano Ronaldo.

Nos últimos dois anos, tenho a certeza absoluta que nunca tantos seguidores de futebol portugueses conheceram tanto sobre a Serie A italiana. Tudo se deveu a uma única razão: a presença de Mourinho. A sua presença carismática e a sua abilidade para abalar qualquer estrutura de futebol enraizada levou-nos a seguir com entusiasmo todas as jornadas da liga italiana, curiosamente uma liga conhecida por um futebol menos atraente e espectacular.

Ainda nem há muito tempo também, todas as atenções se centravam na Premier League de uma forma quase tão intensa como no nosso campeonato português. Quando Mourinho assumia a liderança do Chelsea rivalizando com a forte presença de Cristiano Ronaldo, ninguém conseguia resistir à tentação de seguir o romance delineado através das emocionantes jornadas do futebol inglês marcado por um contexto muito próprio e por uma presença muito forte e interventiva da imprensa.

Assim, este ano a liga que estará bem na moda sem dúvida que será a Liga espanhola. Os dois grandes chamarizes da nossa atenção estarão todas reunidas numa única equipa: Real Madrid. Será bem interessante ver o que poderá fazer Mourinho com um plantel repleto de recursos e de qualidade de sonho. Para além disso, iremos seguir atentamente a modelação gradual da personalidade e maturidade de Cristiano nas mão de um treinador tão bem conhecido por fazer ressaltar as melhores características de um jogador. Adicionalmente, acredito que o Real terá um rival com um nível de qualidade ainda mais superior agora com o apoio de David Villa e possivelmente outros jogadores de alto calibre como Fabregas, tornando as coisas bem difíceis para o Special One, onde cada derrota poderá ser determinante para o arrecadar do troféu.

Estaremos bem atentos para o que virá! Isto promete.

domingo, 18 de julho de 2010

E o melhor de 2010/2011 será…

Agora que a época se está prestes a iniciar, é a altura certa para efectuar previsões, palpites, apostas…

Assim, irei efectuar o meu palpite sobre aquele jogador que será o melhor de 2010 /2011.

Hulk, o incrível.

Tem todas as características de um jogador fora de série (força, velocidade, remate,) e tem, dentro de si, a revolta e a frustração de o ano passado ter sido impedido – justamente diga-se… - de mostrar todo o seu futebol e ajudado a sua equipa a atingir os seus objectivos.

Não me quero alongar muito sobre a justiça ou não do castigo: pareceu-me justo que Hulk fosse castigado, como me pareceria justo que outros também o fossem, a menos que alguém acredite que Hulk andou à pancada sozinho e a insultar as paredes…

Para além das características dele, parece-me que terá este ano uma equipa melhor à sua volta, que terá mais protagonismo, onde existirá ainda um treinador hiper motivado em apresentar resultados e que de certeza que já percebeu que Hulk será parte indispensável do seu sucesso.

Para mim, será uma confirmação daquilo que todos sabemos. Penso que ninguém põe em dúvida o valor de Hulk, podemos questionar a sua maturidade enquanto Homem e jogador, o seu rigor táctico, a sua disciplina e o seu temperamento.

Contudo, acredito que este será o seu ano.

E para vocês, quem será o melhor de 2010/2011? Apostem, e vejam se acertam…

quinta-feira, 15 de julho de 2010

Um líder de amores e ódios

Se há pessoa que em Portugal consegue rivalizar com o nosso Primeiro-Ministro nos sentimentos contraditórios que provoca nos portugueses, essa pessoa será certamente Pinto da Costa. Alvo de louvores excessivos por uns e de ódio por outros, Pinto da Costa é um líder controverso, decidido e intransigente. Se as sucessivas conquistas ao leme do FCPorto lhe permitiram atingir o devido reconhecimento, os últimos dois anos da sua vida pessoal e profissional deixaram, no entanto, uma mancha negra que a história não apagará.

Com uma missão de vida clara – fazer do clube que dirige o expoente máximo do futebol nacional –, nem sempre utilizou os meios adequados para a prossecução desse seu objectivo e isso está bem visível/audível (afinal de contas o segredo de justiça (?) sempre permitiu que todos tivéssemos a oportunidade de testemunhar o triste espectáculo das escutas não é verdade?).

No meio de toda esta turbulência, Pinto da Costa tem, no entanto, mantido intacta uma das virtudes que lhe consigo reconhecer – a sua capacidade negocial! Quando digo capacidade negocial digo-o em sentido lato e não em sentido estrito. Mais do que ser capaz de negociar o preço, as condições de pagamento e as questões mais “financeiras” das transacções, Pinto da Costa tem acima de tudo a capacidade de persuasão e de sentido de oportunidade que mais nenhum presidente de clube nacional parece ter.

O negócio de João Moutinho não foi mais que um culminar de um longo namoro e de sucessivas “facadas” nos seus rivais que só o Sporting parece ainda não ter entendido como tal. A forma oportuna como PdC atacou o jogador convencendo-o a ser ele a pressionar a saída, mantendo sempre o Sporting com a ideia de que o FCPorto não iria estar a forçar uma situação de conflito, é reflexo de que sabe negociar como poucos. Só em 6 meses consegue, subtilmente, desviar Ruben Micael, André Villas-Boas e João Moutinho ao Sporting. Acrescendo a isto, e num contexto em que o Benfica se sagra campeão e que surge como uma montra para os jogadores, consegue convencer James Rodriguez a assinar pelo clube azul e branco. Coincidências? Não me parece!

Desenganem-se aqueles que querem tapar o sol com a peneira. Pinto da Costa é daqueles dirigentes que deixará um legado forte, uma imagem de verdadeiro líder e com uma habilidade negocial fora do vulgar. Quando pensamos que está a ficar velho, que os seus pensamentos estão direccionados para assuntos extra-futebol ou que o seu clube parece estar à deriva, lá aparece um coelho da cartola, um sinal de força para os seus concorrentes.

Afinal de contas, num clube de futebol, tal como numa empresa não é isso que se pede a um líder?

segunda-feira, 12 de julho de 2010

Acabou o mundial. E agora?











Pois é, acabou o mundial. Ganhou a melhor selecção, pois todos sabiamos que a Holanda, apesar do bom futebol que pratica, era inferior à Espanha e só poderia vencer se os seus maiores nomes, Sneijder e Robben estivessem ao seu melhor nível e fossem acompanhados por uma exibição de gala dos seus companheiros. Tal não aconteceu, ganhou a Espanha, ganhou o futebol bonito de Iniesta, Xavi e Villa.

E agora que acabou o mundial? Caso algum dos leitores não tenha reparado, durante o mundial os clubes portugueses começaram a trabalhar e com algumas mudanças de fundo (algumas de todo inesperadas). Moutinho mudou-se para o Porto, sabia-se que já não estava bem no Sporting, e mudou-se para um clube um terá tudo para voltar à sua melhor forma. Falta saber se terá o espírito guerreiro que lhe faltou nos últimos tempos, a força e o gosto de jogar a bola. Não terá muita margem de manobra, esperemos para ver o que dará.

Por falar em margem de manobra, Roberto, o guarda-redes mais caro da história do Benfica (porque não foram buscar Eduardo e ainda poupavam 2 milhões de euros??) começou com o pé errado no Benfica. Peso do valor da transferência ou falta de adaptação à defesa subida do Benfica? Pelos golos sofridos, não tenho dúvidas que é esta última opção. Acredito em Roberto, quando melhorar o seu timing de saída da baliza e o adaptar à defesa do Benfica.

Quanto ao Sporting, não tendo a pressão dos últimos anos (já ninguém o põe ao mesmo nível na partida em relação a Porto e Benfica) e mantendo os seus jogadores e tendo-se reforçado razoavelmente (até se fala em Drenthe) pode vir a dar luta aos seus arqui-rivais.

Uma palavra também ao Braga. Pelo menos para já, não houve a anunciada debandada de jogadores (exceptuando Eduardo, Evaldo e Hugo Viana) pelo que poderão repetir uma boa prestação no campeonato.

E o leitor, que conclusões começa a retirar desta pré-época?

quinta-feira, 8 de julho de 2010

Fica Queiroz!


E cá está, o Mundial está prestes a terminar. Esperaremos com ansiedade o confronto interessantíssimo entre uma Laranja Mecânica cuja escassez de títulos é um pecado para o mundo do futebol e uma equipa espanhola cuja filosofia culé se encontra impregnada em todo o seu tiki taka. No entanto, para nós Portugueses que ilações poderemos retirar sobre o futuro da nossa selecção?

Sinceramente não consigo avaliar a prestação portuguesa de forma concreta. Todo o caminho que Portugal traçou nesta competição foram todos feitos a partir de jogos com um contexto muito específico e muito próprio. O jogo contra a Costa de Marfim foi para mim um bocado decepcionante, já contra a Coreia do Norte Portugal desmesuradamente impressionou. Face ao Brasil tivemos uma prestação positiva mas tudo num contexto de conformismo em que a passagem estava plenamente assegurada para as duas equipas. Por fim a aventura sul-africana acaba perante uma Espanha cuja força e competência acabam por ser uma óptima e óbvia justificação para a eliminação portuguesa. Acabou por ficar um gostozinho amargo na boca porque estávamos à espera de mais.

Tudo o que posso concluir sobre esta performance é que uma única particularidade se destacou na selecção portuguesa: bipolaridade. Portugal demonstrou fases bem positivas alternadas com fases muito negativas, mesmo decepcionantes. O jogo da Espanha é talvez o jogo mais ilustrativo da situação da nossa selecção. A primeira parte impressionou muita gente com uma mentalidade certa e uma certa coerência na abordagem táctica, inexplicavelmente na segunda parte assistimos a um Portugal um bocado deprimente e sem soluções.

Perante esta realidade que fazer de Queiroz? Poderemos apontar-lhe as culpas de tudo que aconteceu de negativo na selecção, no entanto penso que se o demitirmos todas essas culpas voltarão a recair todas sobre nós portugueses, pois continuaremos a alimentar uma cultura baseada na chicotada psicológica fácil e precipitada. Talvez a passagem da bipolaridade à consistência é dar tempo ao tempo e ter paciência. Por isso por mais que Queiroz não vá muito de encontro ao meu perfil de treinador favorito, penso seriamente que deveríamos promover a sua continuação como seleccionador. Não por uma mudança revolucionária da selecção, mas apenas por uma mudança de mentalidade no futebol português. Dar tempo ao tempo.

terça-feira, 6 de julho de 2010

Ainda Portugal no Mundial...



Penso que não existe português que não esteja triste por Portugal ter sido eliminado no Mundial FIFA 2010, e penso também que poucos são aqueles que não estejam desiludidos pela prestação que a Selecção Portuguesa fez neste Mundial, e existe ainda uma minoria que já estava preparada para este resultado, apesar de haver sempre uma gotinha de esperança entre o nevoeiro.

Desde que se soube os 23 (ou 24) convocados muitos eram os que diziam que a Selecção nem dos grupos passava, e depois do primeiro jogo de preparação, com a Pequena Selecção de Cabo Verde, os que ainda acreditavam que estes jogadores iriam honrar a camisola, depressa pensaram o contrário. Mas sejamos verdadeiros, um típico português pensa sempre assim, e verdade seja, que quando a Selecção derrotou os Camarões passou do “8 ao 80”, e “A partir de agora é que vai ser…”

Mas existem aqueles que já estariam preparados para o que a Selecção estaria disposta a fazer na África do Sul. Ora vejamos então: dos 23 convocados finais estavam 3 guarda-redes, 9 defesas, 5 médios defensivos, um organizador, 3 alas, e 2 avançados. Digam se com esta escolha de jogadores haveria Selecção para atacar o Campeonato do Mundo! Atacar não, mas defender teríamos, tanto que o Professor Carlos Queirós tanto se orgulhava de ser a defesa menos batida, e repetia “…o melhor de Portugal ainda está para vir…”, e com isto resultou que o melhor marcador foi um médio, o melhor jogador um defesa, e o que queria mais jogar foi o guarda-redes, que se houvesse 10 iguais a ele, sem dúvida que ainda havia vuvuzelas a torcer por Portugal.

E para quê saber defender se não se sabe atacar?! Porque a verdade é que Portugal atacou com a modéstia Coreia do Norte, que, sem faltar ao respeito, apenas perdeu 3-1 com o Brasil, e 3-0 com a Costa do Marfim, mas sem dúvida que não tinham mais que obrigação em ganhar. O ex-melhor jogador do mundo, nada fez para merecer esse título. Não sei se lhe foi pedido, ou autoproclamou-se, mas não precisávamos de ter um jogador que carregasse a Selecção às costas, um mártir, não havia qualquer necessidade. Não existiu equipa, desde o inicio estava previsto este desfecho: “I Gotta a Feeling”, promessas, lesões, contradições, desrespeito, falta de humildade, e muito mais, foi o que restou aos ditos “Navegadores”, que meteram tanta água na sua Caravela, como Ketchup.

O Futebol Português não está habituado apenas em defender, até porque a defesa portuguesa sempre foi considerada das melhores do Mundo. Há muito que estamos habituados a jogar um futebol bonito, fazer grandes jogos sem medos nem receios, ganhámos a equipas de topo como a Inglaterra, Holanda, Alemanha, Espanha, Brasil, entre outras, e foi assim que conseguimos o respeito de todas. Assim não consigo perceber o que havia de tão mal para que fosse necessário ter um projecto para alterar esta Selecção?!

Apenas me resta acreditar que a Grande Selecção Portuguesa irá retornar aos melhores mares, apanhar as melhores correntes, contornar os piores cabos, e atingir novamente os melhores destinos. Porque eu sou Português, e como tal acredito.

Força Portugal


Agradecemos ao Tiago a sua colaboração no nosso blog. Aproveitamos para lançar o repto outra vez e convidar todos os nossos leitores a participar.

domingo, 4 de julho de 2010

Penalties…

Até o Mundial acabar, vai ser complicado não continuar a falar dele… Assim, hoje vou falar de “grandes penalidades”, os tais lances que quando são convertidos, podem transmitir e representar a alegria exponencial; quando falhadas, podem-se converter em lágrimas difíceis de controlar pois muitas vezes representam a eliminação de um país, de um grupo, de um povo!

Vem isto a propósito de dois “azarados”, que recentemente ficaram inevitavelmente ligados às não-qualificações das suas selecções: Gyan e Cardozo. Ambos tiveram nos pés a possibilidade de fazer história pelo seu país, de ficar para sempre associados a momentos nunca antes vividos por um povo, neste caso os Ganeses e os Paraguaios.

Como é possível medir a pressão que um jogador sente naquele momento? Podemos afirmar categoricamente que um jogador é melhor ou pior que outro, simplesmente por ter marcado/falhado uma grande penalidade? Penso que não!
No momento da grande penalidade, passam provavelmente milhões de coisas pela cabeça de um jogador. Eu defino penaltie como um confronto momentâneo entre dois jogadores em que a pressão está exclusivamente de um dos lados (não acredito que o g.redes sinta alguma pressão… Se sofrer, nada a apontar… Se defender, é um herói!)

Outra questão que me intriga é: até que ponto ficarão os jogadores afectados por falhar o penaltie - isto é, conseguirá Cardozo obter força psicológica para ultrapassar este momento e voltar a ser o grande batedor de penalties no SLB? E Gyan? Sinigicará o penaltie que marcou imediatamente a seguir a ter falhado um, que a situação já se encontra ultrapassada? Ou será que as lágrimas que chorou no final do jogo, se vão para sempre sobrepor?

Ele teve a noção do peso que tinha sobre as suas costas: mais que uma equipa, um grupo, um país, ele levava sobre as costas todo um continente, todo um povo que esperava ver aquele bola balançar as redes e não apenas a trave, como aconteceu…

quinta-feira, 1 de julho de 2010

Porque às vezes também falha…

O futebol nacional tem vivido dias turbulentos para os quais em muito contribuíram os próprios envolvidos no Mundial da África do Sul. Este assunto já foi mais que discutido e aproveito para fazer um parênteses para dizer que concordo em absoluto com o que o meu amigo Afonso escreveu no último post. É inadmissível um capitão ter aquela atitude durante e após o jogo. Se quer ser mediático para umas coisas tem que saber dar a cara em momentos menos bons. E agora já o estou a dizer a frio…

Não fosse todo este acontecimento suficientemente marcante e mediático, assistimos recentemente a uma (triste) intervenção do melhor treinador do Mundo. Muitas vezes elogiado pelos diversos membros do FutebolStorming, considero que desta vez Mourinho agiu de forma precipitada e, acima de tudo, infundada. Passo a explicar.

Não sei se todos assistiram à conferência de imprensa de Simão Sabrosa que despoletou a intervenção de Mourinho. Todavia, como tive a oportunidade de a acompanhar por inteiro, posso falar de forma fundamentada (ao contrário do que Mourinho fez!). No habitual processo de pergunta e resposta entre jornalistas e jogador, houve um jornalista que questionou Simão, fazendo o próprio jornalista uma analogia entre a forma defensiva de Portugal e o Inter e entre o estilo de jogo ofensivo de jogo espanhol e do Barcelona. Partindo desta base, “será que se pode repetir o jogo Barcelona-Inter?” Foi este o contexto no qual o tema surgiu, ao qual foi respondido por Simão de forma politicamente correcta, sem ofender nenhuma das partes.

Todos sabemos o estilo protector que Mourinho adopta para com os seus jogadores e entendo que o propósito do seu comunicado tenha sido essencialmente proteger Ronaldo. Gosta de retirar pressão dos seus jogadores mais mediáticos e, eventualmente, isso até foi conseguido com esta sua afirmação. Precisamente por pensar que esse foi o principal objectivo das suas palavras e por surgir no rescaldo da eliminação da Selecção Nacional, considero que foi totalmente inapropriado e fora do contexto a alfinetada dada a Simão.

A menos que considere o Atlético de Madrid e Simão seus rivais directos no campeonato e esteja desde já a fazer os seus jogos psicológicos, Mourinho teve aqui uma das raras vezes em que, a meu ver, fazia melhor estar calado. Não se trata de não ter razão (porque em abono de verdade tem) mas comparar Simão com Etoo e indiciar que o jogador nacional tinha invocado o célebre Barcelona/Inter como paralelismo ao jogo Espanha/Portugal foi, no mínimo, imprudente e desnecessário.

Se tinha dito que não comentava o Mundial e apenas iria abrir excepções para falar dos seus jogadores deveria ter mantido a sua palavra. De qualquer forma, este episódio serviu para comprovar que às vezes até o melhor treinador do Mundo falha e isso afinal de contas é motivador para qualquer um…