Admiro imenso Domingos Paciência enquanto treinador. Tenho dúvidas quanto ao seu valor enquanto pessoa. Deve ser porque vê mal ao perto: enquanto treinador da U.Leiria, a agressão de Quaresma a um jogador seu quase lhe tocou mas ele disse que estava a olhar para o chão. Mas como não sou psicólogo, vou-me debruçar sobre o treinador.
Quando chegou ao Sporting, a grande questão era saber se Domingos seria capaz de fazer do Sporting uma equipa ganhadora ou se o Sporting seria capaz de fazer de Domingos (mais…) um treinador derrotado. Até à data, a resposta é óbvia: Domingos está com um pé dentro do cemitério de treinadores chamado SCP.
Domingos deixou-se absorver por características singulares do SCP: euforia fácil, desnorte, imprensa e arbitragens.
Iniciou a época a prometer mundos e fundos quando hoje admite a necessidade de redefinir objetivos; até ao jogo com o SLB, o SCP era quase imbatível, reinava a euforia e a confiança excessiva, Van Wolfswinkel era o novo Van Basten, Rui Patrício ia para o Manchester United, Polga poderia voltar à Seleção Brasileira e Insua tinha sido desaproveitado pelo Liverpool; de repente, após o primeiro percalço, não foi capaz de segurar as suas convicções e cedeu aos caprichos da imprensa alterando a equipa vezes sem conta, sem critério aparente (se bem que ele não tenha que justificar as suas opções em público). Contudo, parece-me que apostar em Renato Neto para trinco contra o FCP não deve ser um bom tónico no que a espírito de grupo diz respeito, já para não falar da motivação de André Santos e Carriço. Como um mal nunca vem só, Renato Neto passou de titular a não convocado.
Acresce o facto de Jeffren passar de não convocado a ponta de lança, Carriço segue o mesmo exemplo, Polga ser castigado num jogo crucial em Braga sendo lançado o eterno lesionado Rodriguez e Ribas ser uma espécie de tapa buracos que acabará como quase todos os pontas de lança do SCP: no esquecimento e emprestado a um clube de segunda linha.
Como se não bastasse, Domingos revela um descontrolo emocional ao mostrar que convive mal com a crítica – que conforme Luís Sobral escreveu, e bem, lhe foi concedida pela imprensa durante muito tempo, tendo nela um crédito que mais nenhum treinador tem (Vítor Pereira, por exemplo, é crucificado ao mínimo erro).
Ah, e depois, claro, os árbitros. Foi o árbitro que, “contra o Olhanense, através de faltas laterais sucessivas empurrou o SCP para a sua grande área”.
Misture-se a isto tudo Hugo Viana, Mossoró e “toma”, temos o resultado final: 4º lugar a 13 pontos do SLB.
Domingos só tem um caminho: esclarecer as suas crenças e as suas táticas e acreditar nelas, e nos jogadores, independentemente do que qualquer blogger ou jornalista possa pensar.
Assim, poderá alcançar o sucesso que teve no Braga. Caso contrário, irá ser mais um fantástico comentador televisivo ou um treinador admirado por esse mundo fora (na Índia ou na Grécia, por exemplo…).
Sem comentários:
Enviar um comentário