sexta-feira, 13 de janeiro de 2012

Indefinição portista


A forma como vemos uma equipa comportar-se em campo reflecte todo um conjunto de rotinas, filosofias e mentalidades que são incutidas nessa equipa tanto nas sessões de treino, palestras e momentos de balneário. O jogo que vemos em campo no estádio ou pela televisão é justamente o produto final desse trabalho de “bastidores”.

Ora o produto final que a equipa do Fc Porto tem apresentado ultimamente apresenta argumentos suficientes para desiludir muita gente. Provavelmente a culpa estará do lado de quem se ilude, pois sejamos sinceros, o universo portista encontra-se muito mal preparado e habituado para enfrentar ciclos negativos.

Apesar de manter um plantel extremamente competitivo, a equipa portista passa neste momento por uma espécie de crise de identidade no seu futebol. Ainda não consegui identificar qual é o estilo que faz a imagem de marca desta geração Vítor Pereira. Talvez uma mistura tosca do estilo de Villas Boas com um aroma de Jesualdo e as suas rápidas transições ofensivas. Independentemente do que seja, a verdade é que não está a funcionar e o Porto corre sérios riscos de atingir índices de mediocridade capazes de abalar intensamente a sua reputada estabilidade na Europa.

A desorientação portista nota-se a olhos vistos nas suas indefinições relativas à forma como ataca. O jogo paciente, racional e maduro já lá foi, o despejar de bolas para o vazio é constante, o posicionamento das peças ofensivas revelam uma descoordenação não muito habitual. A equipa portista ataca muito, é verdade, mas das trinta vezes que ataca apenas consegue criar uma ou duas situações de golo e este facto pode dizer muita coisa do que se anda a fazer nos treinos.

Para além do estilo de jogo, há certos pormenores que podem fazer uma grande diferença. Um dele é a evolução de Hulk. Simplesmente não existe. Aparenta ser um jogador de enorme potencialidade e de grande técnica, no entanto quanto à inteligência de jogo parece não amadurecer. Continua impulsivo e um pouco indisciplinado tacticamente, e de quando em vez, vem ao de cima a sua pitada de show-off irritante. Estes pormenores trabalham-se com a companhia de bons mentores, mas tal figura parece não existir no Dragão neste momento.

O Porto talvez se encontre numa fase natural de ressaca pós-sucesso muito habitual em equipas cuja estrutura técnica se desconfigura após uma época vitoriosa. Talvez o primeiro passo seja a contratação urgente de um homem golo, já o segundo passo terá que ser dado mais tarde e provavelmente passará por reequacionar a equipa técnica.

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