sábado, 27 de fevereiro de 2010

Um mergulho para a imoralidade


No futebol, assim como no desporto em geral, jogar com fairplay é considerado uma qualidade respeitável, no entanto, infelizmente, ainda não é uma qualidade vencedora. Em boa verdade, e na minha perspectiva, o respeito pelo adversário por mais que seja promovido numa equipa torna-se muitas vezes um dos princípios mais difíceis de respeitar em campo. Bons exemplos são os clássicos como o Benfica-Sporting ou um Porto-Benfica em que o espírito de rivalidade imposto pela sociedade, imprensa e adeptos atinge uma dimensão tal que a carga emocional que atinge os jogadores se torna muitas vezes incontrolável. Do difícil controlo emocional patente nestes jogos e da urgência de chegar à vitória custe o que custar, surgem faltas despropositadas, discussões, agressões, insultos aos juízes, manobras de perdas de tempo e os bem famosos mergulhos para o relvado.

Pegando no último ponto do parágrafo anterior, os chamados “mergulhos” são um fenómeno já bem impregnado na cultura futebolística portuguesa. Vemos jogadores importantes a jogar em Portugal e a fazê-lo constantemente: Liedson, Moutinho, Di Maria, João Pereira, Christian Rodriguez, etc. Também um pouco por todos os campeonatos europeus iludir o árbitro é uma prática comum profundamente enraizada, provavelmente muitas vezes incutida pelos próprios treinadores. Mais importante ainda os melhores jogadores do Mundo e verdadeiros modelos de referência no futebol, tais como Cristiano Ronaldo e Messi, são bem conhecidos também pelas suas manobras de teatro.

Para além dos “mergulhos”, outras acções de anti-jogo saltam à vista em inúmeros jogos tais como a provocação dos jogadores adversários de forma a serem expulsos, a simulação de pedidos de assistência médica com o propósito de perder tempo, as demoras de reposição da bola em jogo, entre outras. Verifica-se assim toda uma geração futebolística que vê esta prática como normal e até mesmo como parte integrante do jogo e estrategicamente importante. Será este um bom caminho?

No futebol moderno é visível a filosofia de que tudo vale para chegar à vitória até porque se não é a nossa equipa a fazê-lo outras o farão e os perdedores acabarão por sermos nós. A verdade é que o anti-jogo muitas vezes resulta e dá campeonatos e troféus e o que ficará para a história serão as vitórias, toda a gente esquecerá os “mergulhos” imorais. Deverão as leis do jogo ser mais rígidas para com os infringimento do fairplay? Ou deveremos conformarmo-nos com o facto de que o futebol afinal de contas é um jogo inventado por homens e os homens como sabemos nunca serão puros? Lanço a questão.

2 comentários:

  1. Para mim as leis deveriam ser mais rígidas e com isso acabavam-se as simulações.
    Saudações desportivas.

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  2. Não acho que seja questão de serem leis mais ou menos rijas.
    Acho que a coisa está em haver fiscalização das leis. Há leis que simplesmente não são cumpridas, e o pessoal não acha que haja mal nisso e que siga o jogo.Quando o adversário marca golo como o incumprimento da tal lei que nunca é respeitada, então cai o Carmo e a Trindade.
    Como exemplo,basta ver o comportamento dos jogadores nas combranças dos pontapés de canto ou de livres quando é para centrar a bola.
    Chega ao ponto de haver jogadores que em pontapés de canto andam de mãos dadas para formar parede e ninguém passar por la(ou isso ou uma mini gay-parade,não sei).
    Será isto legal?
    Não deve ser menos legal que muitos agarranços que verificamos por lá,mas pronto isto sou eu a dizer.

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