O futebol não é só um desporto. Hoje em dia é um espectáculo de tal forma mediatizado que garante milhões em rendimentos gerados por audiências. E em como todos os negócios relacionados com o espectáculo, grande parte da ciência está em inventar estrelas que na realidade nunca o foram.
O guarda-redes Ricardo transferiu-se para o Sporting na época 2003/2004 deixando o Boavista, clube onde actuou com relativo sucesso e conquistou o carinho dos adeptos. Uma vez no Sporting atingiu o seu auge na sua carreira futebolística de clubes quando chegou à final da taça Uefa no bem famoso ano do “quase” (2004/2005) onde o Sporting para além de ter perdido a final da taça Uefa, deixou escapar o campeonato para o Benfica.
Ricardo conseguia realizar de facto exibições de qualidade em certos jogos, no entanto o que me mais marcou sobre ele foi a sua instabilidade emocional que demonstrava e que por isso o tornava incompatível com as qualidades exigidas para um guarda-redes de topo. Toda a gente se lembra dos monumentais frangos que Ricardo conseguia dar quando vestia a camisola leonina. As suas saídas à bola perante cruzamentos e cantos do adversário conseguiam também arrepiar qualquer um. A fragilidade de Ricardo chegou mesmo a ser tema de debates televisivos com psicólogos que opinavam que o melhor método seria o afastamento temporário do guarda-redes da titularidade.
Perante tudo isto, a visibilidade da carreira de Ricardo ficaria por aqui se não fosse a teimosia de uma figura importante: Luiz Felipe Scolari. O ex-seleccionador português mantinha firme a decisão de lhe atribuir a responsabilidade de defender as redes da selecção. Impulsionado e alavancado por uma equipa de sonho de uma certa forma feita à imagem de “Mourinho”, Ricardo e um indiscutível instinto para defender grandes penalidades foi protagonista de um momento único, ao ser determinante na eliminação da Inglaterra com uma defesa sem luvas, digna de um momento heroíco que normalmente é desfecho num filme de Hollywood. As imagens correm mundo e de repente Ricardo é visto como uma estrela, um guarda-redes de topo.
Contudo, uma coisa é certa neste mundo. O estrelato não merecido é incrivelmente efémero e em 2007 sai do Sporting para o Real Bétis, onde sem Scolaris e sem momentos hollywoodescos perde a titularidade e é remetido para o esquecimento. O Bétis desce de divisão e hoje Ricardo está no “desemprego” procurando novo clube enfrentando o seu verdadeiro eu.
Das coisas que nos recordaremos dele irão ser sem dúvida o momento emocionante da defesa sem luvas que fez tanto Eusébio chorar por todos nós, assim como o spot publicitário hilariante de que foi protagonista:
Decadente, queres tu dizer...
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