Foi o melhor jogador e o goleador da Ligue 1 em 2008 com apenas 21 anos. A sua técnica é inquestionável, já no entanto o mesmo não se pode dizer da sua estabilidade emocional, compreensível aliás perante a situação de jovem jogador que sente a pressão para se afirmar e levar ao peito o símbolo de um clube lendário. Karim Benzema sente isso mesmo, a pressão para mostrar resultados, marcar golos e combater a sua inércia preguiçosa e indisciplinada que talvez tenha sobrado de uma adolescência rebelde.
O que é certo é que tem sido interessante de acompanhar o progresso de Benzema esta época. De frágil jogador assustado e assombrado pelas inevitáveis comparações com Higuain e agora Adebayor, têm-se visto uma notável evolução na sua entrega e disponibilidade para a equipa. A técnica está lá aos olhos de todos, de entre todas as dúvidas que pairam sobre ele, Benzema consegue surpreender com pormenores de génio e que mais recentemente até tem decidido jogos. Mas os hábitos preguiçosos também continuam presentes e também se notam cada vez que Benzema não se antecipa ao adversário ou não é rápido o suficiente na percepção das jogadas.
Preservar e melhorar a auto-estima de jovens jogadores como Benzema requerem treinadores especiais, que sejam não só bons no ensinamento técnico e táctico ao jogador mas essencialmente que sejam um “pai” que o acompanhe e que o discipline emocionalmente e o ajude a lutar contra os seus próprios receios. Assim como um verdadeiro professor, um treinador de futebol tem que assumir um papel de psicólogo.
Hoje, noite de Champions, pudemos ver exactamente a dupla faceta de treinador e psicólogo de Mourinho. Ao lançar Benzema em substituição de Adebayor, para além do sinal de confiança que demonstrou ao jogador, o golo que se seguiu constituiu um momento capaz de inverter a auto-estima de qualquer receoso. E são estes os pequenos pormenores que fazem um Special.
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