sábado, 9 de julho de 2011

Sustentabilidade para o lixo?


Numa altura em que (compreensivelmente) “lixo” e “agências de rating” andam nas bocas do mundo, o mais recente estudo publicado sobre o futebol português atira a gestão financeira dos nossos clubes para patamar semelhante.
Mais do que ser encarado como consequência de uma conjuntura menos favorável, este estudo deixa transparecer uma realidade que deve preocupar todos os agentes do futebol – a pouca sustentabilidade financeira dos clubes portugueses.
Para quem ainda não teve oportunidade de ver, aqui ficam algumas das principais conclusões do estudo:

- O futebol representa 0,2% do PIB nacional;
- Entre 2000/2001 e 2009/2010 os proveitos totais aumentaram 161 milhões de Euros;
- Destas receitas, 70% estão concentradas nos três grandes;
- Nos últimos dez anos, os clubes duplicaram o seu activo sobretudo pela via de aquisição de jogadores e construção de infra-estruturas;
- Dívida aumentou 500 milhões de euros entre 2000/2001 e 2009/2010;
- Financiamento junto dos bancos passou a representar 54% do modelo de financiamento dos clubes, chegando aos 473 milhões de euros;
- Capitais próprios estão negativos em 17 milhões de euros, quando em 2000/2001 representavam 22% da estrutura financiamento que equivalia a 93 milhões de euros…positivos!


Torna-se fácil concluir que o futebol português tem-se conseguido regenerar ano após ano fruto de capitais alheios (os bancos). É igualmente evidente que numa altura em que os bancos nacionais vão certamente fechar a torneira, os clubes não possuem um modelo de financiamento alternativo que não esteja dependente em exclusivo destas entidades.
Mais do que um desafio, é um imperativo apostar noutros modelos. Tal como o mesmo estudo sugere, o futebol nacional deverá posicionar-se como um hub de criação e exportação de jogadores e treinadores.
Partilho desta visão e, sobretudo, acredito que temos as condições ideais para nos posicionarmos como tal: talento, histórico de vendas com sucesso e espírito de emigrante.

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