segunda-feira, 29 de março de 2010

A arrogância de Jesus


Tudo indica que este ano será o ano “encarnado”. O Benfica nunca se sentiu tão poderoso: a equipa joga bem, o plantel demonstra de facto ter uma qualidade acima da média, a identidade e modelo de jogo benfiquista solidificam-se e com isto a cultura vencedora acentua-se, resistindo a qualquer oposição. Todo este sucesso obviamente contagia toda a comunidade encarnada que finalmente após muito tempo voltam a sentir-se como os legítimos donos do futebol português, sentimento expresso em verdadeiros discursos de confiança por parte dos adeptos, jogadores, staff e direcção.

Por entre os inúmeros discursos de confiança benfiquista, destacam-se as palavras de Jorge Jesus. As suas palavras nas conferência de imprensa deixam passar uma mensagem de que está tudo controlado, de que “a equipa respira saúde “ e que nunca esteve tão confiante. Nota-se sempre um discurso protector da equipa e mesmo que eventualmente omita ou desvalorize um qualquer problema ou uma pior prestação da equipa, é um discurso inteiramente compreensível e inteligente a meu ver.

Mas o que é polémico em Jesus são as suas palavras de valorização e mérito pessoal que incluem também ataques directos aos seus colegas. O exemplo mais recente foram as suas afirmações de que ele de uma certa forma é um dos principais responsáveis pela boa forma do Braga, envolvendo directamente o mérito de Domingos. Foram palavras que obviamente caíram mal ao treinador arsenalista e que eram de todo evitáveis, mostrando ao mesmo tempo uma imagem a de que muitos chamam de pura arrogância. No entanto, o que muitos chamam arrogância para mim não passa de uma pura jogada baseada em “mind games” com o objectivo de desestabilizar o adversário. Assim, à semelhança de Mourinho, acredito que para Jesus um jogo de futebol começa na conferência de imprensa que antecede a partida e acaba na conferência de imprensa que a sucede.

Muitos questionam também se os discursos “arrogantes” de muitos treinadores de futebol não serão pouco éticos e desrespeitosos perante os adversários, devendo estes ser humildes e com “fairplay”. Eu não vejo assim. A arrogância é apenas um risco assumido por um treinador que não tem medo de elevar as expectativas, no entanto, se falhar, a queda será muito maior e a sua descredibilização será muito mais intensa. Para mim, treinadores arrogantes que no fim realmente vencem merecerão sempre todo o meu respeito.

3 comentários:

  1. Boas! Primeiro que tudo não concordo apenas com uma coisa. Arrogância. Não é arrogância, é um facto. Domingos jogava em 4x3x3 na Académica e em Braga não. Ao chegar, e tarde, pelos motivos que conhecemos, a demora de Salvador em libertar Jesus, quando já todos sabíamos quem iría para onde, Jesus para a Luz e Domingos para Braga, e ao tentar, à pressa, impôr o seu sistema, por azar, fracassou frente ao modesto Elfsborg, que agora dizem que era isto e aquilo porque a época ía a meio. Tanto foi isto verdade que Domingos voltou ao que os jogadores sabiam, e, curiosamente, começou a dar resultados, no campeonato, pois já não havia nada para disputar naquela altura, e, então, se há mérito dele em impor uma cultura vencedora, há mérito de Jesus por ter colocado a equipa a saber o que sabe hoje. Posto isto, é de acrescentar, que Jesus disse, ainda em Braga, que este ano era para lutarem pelo campeonato, palavras dele.
    Assim sendo, não considero então arrogância, mas simplesmente uma constatação da realidade.
    Tirando isso, parabéns ao Braga por estar a fazer uma belíssima época, a melhor deles de sempre, mas que seria sempre mais importante não entrarem na onda da choradeira, como o Domingos, aliás, o Choramingas, e fazerem simplesmente juz ao que valem, sem precisarem de estar com subterfúgios.

    Abraço

    Márcio Guerra, aliás, Bimbosfera

    http://Bimbosfera.blogspot.com

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  2. Não estou de acordo. Primeiro, tal como o poster anterior referiu, a pré-poca em termos de resultados do SC Braga foi péssima, sendo eliminado da Liga Europa, etc, só depois perto do inicio da Liga começou a melhorar. Então, se Jesus tem mérito nisso, e a equipa estava já preparadinha, o lógico era na pré-época estar a equipa já encaminhada e ter aocntecido o contrário, a equipa ter se qualificado pra Liga Europa e depois como domingos meteu seu dedo a equipa ter descido de rendimento. Quanto a isso, peço desculpa caro colega de comentários, mas enterrou-se no seu post.

    Depois, a questão também ressalvada de que Domingos alterou o sistema...e depois?? Os treinadores sempre dizem que aplicam os sistemas consoante o plantel e as caracteristicas dos jogadores, Mourinho alterou o seu sistema até em anos diferentes no Chelsea. Não é por aí.

    Seguindo, este sábado, segundo me constou, o raga tinha no seu 11 titular 5 jhogadores escolhidos por Domingos...mais um facto a reter.

    Finalizando, cheira-me que toda esta polémica surgiu devido a palavras na pré-época, em que Domingos disse que o Braga tinha obrigação de fazer melhor na época anterior, palavras estas que caíram mal em Jesus, que coitado, tinha referido o mesmo em relação ao Benfica de Quique pouco tempo antes, dizendo que o benfica tinha obrigação de fazer melhor na última época e que com ele iam jogar o dobro, ou algo assim...logo perde a moral de julgar as palavras de Domingos.

    É apenas o meu comentário.

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  3. Olá de novo!
    É um justo comentário, mas discordo de si. Parece-me muito bem que ele quisesse, Domingos, por a equipa a jogar consoante aquilo que ele sabia/queria. Daí ter mexido tarde e a más horas, próximo da competição, e não ter tido sorte com isso, tanto mais que voltou ao esquema habitual.
    Deixe-me só dizer-lhe que o facto de eu pensar assim se deve a consultar com frequência um blog sobre táctica e treino, e isso ter sido abordado ao longo do tempo/época.
    Há mérito de Domingos, mas nas palavras de Jesus, este ano, aquele Braga, iria lutar para ser campeão, isto com ele lá ainda. Logo, a equipa tinha potencial, isto na boca de Jesus.
    Quanto a mudar de sistema, bem, a pré-época é a altura em que tal se treina, e, sem tempo, parece-me acertado, após a eliminatória, ter voltado atrás ao que a equipa sabia, tanto mais que Jesus também frisou isso, ao dizer que fazem tudo como ele deixou.
    Sobre o Mourinho e a mudança de esquem táctico durante a época, sem nada a dizer. Um grande jogador não é só grande por saber fazer «fintas», é porque tem cabeça, e a sua compreensão do que lhe é pedido, tipo Rúben Amorim, é deveras importante.
    São opiniões, no entanto, e até acho que a minha foi bem defendida, mas respeito a sua.

    Abraço

    Márcio Guerra, aliás, Bimbosfera

    http://Bimbosfera.blogspot.com

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