domingo, 7 de março de 2010

Que pasa Porto?

Este é um ano de futebol nacional verdadeiramente atípico: Braga a surpreender com uma época notável, Sporting em total crise de confiança e o Benfica com visíveis melhorias em relação a anos anteriores. Confesso no entanto que o que mais me espanta nesta época é a instabilidade que o FCPorto tem apresentado.

Se puxarmos a cassete dos últimos três anos atrás, verificamos que o FCPorto é uma equipa que raramente começa a disparar todas as balas que tem no início do campeonato. É sim um conjunto que, tradicionalmente, vai crescendo ao longo da época, agigantando-se à medida que aumentam os desafios e dificuldades e que mais tarde ou mais cedo começa a distanciar-se dos seus adversários. Mais que emocional é um clube racional: fazem a festa, preparam o ano seguinte e assim sucessivamente.

Por tudo isto, se todos os que gostam de futebol e têm amor ao seu dinheiro, fossem obrigados a apostar num vencedor no início do ano certamente a maioria apostaria no Porto. Mesmo considerando a habitual fuga de jogadores fulcrais no onze e o avultado investimento efectuado pelos seus rivais, ninguém esperaria que, neste momento, o clube estivesse tão atrás e que o 2º lugar não fosse mais que uma miragem quando ainda faltam 8 jornadas para o fim. Seria capaz de apontar várias razões para este insucesso no campeonato mas vou ficar pelas três que considero que tiveram mais preponderância.

Antes de tudo mais, penso que houve mau planeamento na definição do plantel não no que ao onze diz respeito mas ao nível das chamadas “segundas linhas”. Quando foram precisas raramente conseguiram responder a um nível aproximado dos titulares e numa prova que premeia a regularidade, estas deverão estar (ou ser?) mais que capazes de se assumirem como alternativas válidas. Outro ponto mais que discutido está no substituto de Lucho. Se Álvaro Pereira e Falcao encaixam que nem uma luva, o mesmo não se pode dizer de Belluschi (um bom segunda linha, não um titular). Ruben Micael não estava mesmo ali à mão desde o início do campeonato?

Se é certo que havia desequilíbrios no plantel, também deveremos ser justos e analisar os factos. Jesualdo raramente conseguiu manter um onze em duas jornadas seguidas. Tenha sido por lesões, castigos ou suspensões o treinador portista raramente teve oportunidade de consolidar processos (como tão bem faz) e fazer crescer a equipa para patamares superiores. Penso que a lesão de Fernando antes do jogo do Sporting é o melhor exemplo para o que acabei de dizer.

Por fim, considero que a vertente psicológica teve muita importância no desfecho desta época portista. Passo a explicar. No que aos jogadores diz respeito, foi notória a falta de estímulos que estes sentiam em alguns jogos, o acomodamento ao pensamento “mais para a frente do campeonato isto vai-se resolver”. O que é certo é que os adversários não perdiam pontos e o Porto parecia continuar com este pensamento. Por outro, considero que definitivamente estalou o verniz na relação Jesualdo/Adeptos, chegando a um nível de saturação ao qual nem o próprio treinador parece ter forças para combater.

Restam três competições nas quais o clube tentará salvar a época, sendo a mais aliciante jogada já esta terça-feira. Conseguirá o clube conquistar algo capaz de superar a desilusão dos seus adeptos pelo falhanço do Penta?

2 comentários:

  1. O que se passa é simples, o porto esta mais fraco e que não venham com desculpas do sistema porque essa conversa só se for para aquela gentinha tapadinha do porto.

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  2. O que "pasa" caro Ricardo, é precisamente o que disseste logo no início, subida surpreendente do Braga e sobretudo do Benfica que melhorou e muito o plantel e a organização. A contratação de Jesus, a par da melhoria do plantel, foi fundamental. Porquê, porque Jesus além de muito competente, conhece como ninguém o futebol português. Noutras épocas o Benfica deu avanço contratando técnicos estrangeiros que pouco conheciam o futebol português nos bastidores. O único que se "safou" foi Trapattoni porque é uma velha raposa e teve por trás um director profundamente conhecedor dos meandros, José Veiga.
    Nas últimas épocas o Porto ganhou não por ter grandes equipas (no ano passado a do Benfica e até do Sporting não eram inferiores) mas por falta de "estofo" dos rivais que ao perderem dois jogos iam abaixo e nesse aspecto o Porto tem sido superior. Como isso ia acontecendo, o Porto continuou vendendo confiante que a equipa chegaria sempre para consumo interno.
    Abraço.

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