"O momento do jogo em que me diverti mais foi a ovação do Santiago Bernabéu a uma recuperação de bola do Di Maria (…) Este estádio não gosta só de magia, também gosta de trabalho. Isso para mim foi um momento importante, e quero passar essa mensagem aos meus jogadores."
José Mourinho
(na conferência de imprensa após o jogo contra o AC Milan)
José Mourinho
(na conferência de imprensa após o jogo contra o AC Milan)
Há algo de importante a crescer para os lados de Madrid. Todo um clube e provavelmente toda uma instituição se encontram numa discreta mas rápida metamorfose. Aos poucos, há um plantel, um staff, um público e até mesmo uma imprensa que está sendo modelada e tratada pelo que é, para mim, um dos melhores “psicólogos” do futebol moderno: José Mourinho.
Para mim, uma das melhores metáforas que se pode utilizar na forma como podemos ver uma equipa de futebol é vê-la toda como um organismo, como um ser individual com uma mentalidade e personalidade próprias. Assim, da mesma forma que num extremo temos equipas cautelosas e muito rígidas nos seus métodos de trabalho e de jogo no outro extremo conseguimos ver equipas demasiadamente expansivas e “lunáticas” que conseguem alternar gordas vitórias com derrotas inexplicáveis.
A verdade é que penso que as equipas orientadas por Mourinho não caiem em nenhum dos dois extremos. São equipas que dadas as circunstâncias de jogo sabem muito bem num momento acelerar e aumentar o caudal ofensivo para logo no momento seguinte de forma pertinente baixarem o ritmo e comportarem-se de forma mais cautelosa. A estas equipas que se auto-regulam, que se adaptam rapidamente e cujos jogadores se comportam todos de forma uniforme e consciente gosto de lhes chamar de equipas emocionalmente inteligentes.
Aos poucos o Real Madrid está a ser transformada numa dessas equipas e esta evolução está ser muito interessante de se acompanhar. Ser emocionalmente inteligente implica resistir aos nossos impulsos e adiar a gratificação de forma racional. Assim quando vejo jogadores como Ronaldo a resistir ao impulso de driblar um adversário e a dar a bola para ajudar a sua equipa a manter a sua posse ou quando vejo um Di Maria a correr desenfreadamente lutando para roubar a bola a um adversário e a manter um pressing eficaz, são tudo sinais de uma equipa que se sabe esforçar, sabe sofrer, sabe trabalhar, muitas vezes em detrimento do futebol fácil e bonito que apenas se desenrola quando têm a bola nos pés.
Lentamente os adeptos de Bernabéu vão-se apercebendo destas mudanças e por isso aplaudem, com razão.
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