sexta-feira, 10 de dezembro de 2010

O Futebol segundo Wenger


A Premier League representa uma filosofia de viver o futebol. Paralelamente a muitos outros aspectos da sociedade inglesa, os ingleses apresentam um campeonato muito próprio e distinguem-se simplesmente por serem diferentes na forma como abordam o jogo, a sua gestão e a sua envolvência.

Em Inglaterra não há treinadores mas sim “managers”, o que significa que por eles passam não só a orientação dos treinos e a preparação dos jogos em si mas também tem uma voz importante nas decisões de alto nível no que toca a políticas de contratações e de formação, remodelações das infra-estruturas de treino, definição da equipa técnica, etc.

Assim em volta da figura de um “manager” muito facilmente se poderá formar uma certa aura representativa de uma filosofia de jogo que se demarca das restantes e que perduram no tempo independentemente dos sucessos e insucessos. E é este pormenor que também ajuda o futebol inglês a revelar-se fascinante.

Um exemplo muito claro é o Arsenal de Arsène Wenger. Foi em 1996 que o manager francês assumiu a liderança dos gunners e dali nunca mais saiu. Com base numa mentalidade fixa e determinada, lançou uma estrutura de base sólida e dali construiu um projecto coerente que, com todos os seus defeitos, se manteve no tempo e atingiu os seus sucessos. O Arsenal de Wenger não gosta de contratar estrelas já feitas, antes prefere moldá-las desde jovens. O estilo de jogo arsenalista sempre se demarcou pela sua grande velocidade aliada à técnica, passes rápidos, grande mobilidade e uma mentalidade ofensiva ininterrupta. As vantagens mostram-se claras aos nossos olhos quando vemos um futebol vistoso, eficaz, e cuja máquina quando bem oleada chega a assustar qualquer adversário. No entanto as desvantagens também se tornam evidentes quando surgem algumas derrotas inexplicáveis muito devidas a alguma falta de rigor defensivo e escassez de espírito resultadista.

No entanto, o que gostaria de salientar, é que o império de Wenger nunca se desmoronou, continua vivo. Por mais anos que passem, mesmo longe dos títulos, existe uma veneração, um respeito e uma paciência perante um projecto que se vai desenvolvendo com os seus altos e baixos. Os adeptos e todo o resto da comunidade gunner sabem esperar e também sabem que o futebol muitas vezes faz-se por ciclos, em que após o sucesso há tempos de acalmia e de um baixar de hostes. Entretanto, desfrutam do seu futebol, da sua filosofia, do seu modo de vida, produzindo e ajudando a formar inúmeras estrelas que singram no futebol mundial. Um verdadeiro exemplo para determinadas culturas futebolísticas onde a chicotada psicológica é sempre a solução número um.

1 comentário:

  1. eu acho que o arsenal ja se assumiu cm equipa que joga para o espectaculo, esquecendo-se muitas vezes do resultado.
    Não me parece é que estejam a caminhar em direcção a alguma coisa.. o que eles andaram a construir é o que tem agora e, com aquela mentalidade, dali nao vao sair.

    p.s. eu nao fico satisfeito se a minha equipa ganhar a jogar mal mas acho que o jogar bem deve ser um meio e nao um fim.

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