terça-feira, 15 de março de 2011

Desgaste físico: inevitável?

Num dia em que o FCPorto deu um passo significativo para a conquista do ceptro de campeão nacional que o ano passado foi (merecidamente) conquistado pelo Benfica, irei centrar este post sobre o desgaste físico dos jogadores que tem sido particularmente relevante no clube encarnado.

Comecemos pelos factos:

- O FCPorto apresenta um modelo de jogo que privilegia a posse de bola com passes curtos e de forma relativamente pausada; a sua intensidade do jogo varia conforme os momentos do jogo e de acordo com as necessidades que o próprio jogo apresenta;


- O Benfica aposta numa intensidade de jogo sempre elevada, privilegiando sobretudo os corredores com os seus laterais e médios-ala a apresentarem-se sempre a rotações elevadíssimas; por norma, procura dilatar o marcador mesmo que o jogo e o calendário possa aconselhar um abrandamento;


A estes factos junto uma outra consideração que me parece ser a mais relevante de todas – as diferenças que Jorge Jesus e André Villas-Boas apresentam ao nível do conceito “gestão do plantel”.

Desde cedo, AVB foi mexendo de forma cirúrgica nos mais diversos sectores do terreno. Ora jogava Fucile, ora jogava Sapunaru. Maicon e Otamendi foram rodando com frequência. James alternava com Varela e Guarín com Fernando. Ao apostar na rotatividade progressiva e sustentada, permitia não só envolver os jogadores menos utilizados com os titulares (minimizando o risco e maximizando o sentimento de partilha), como também ter esses mesmos jogadores preparados para a fase mais adiantada da época.

Por outro lado, também um pouco fruto dos deslizes iniciais, assim que Salvio adquiriu a forma suficiente, Jorge Jesus jamais arriscou na mudança de elementos no onze (excepção feita à posição 10). Fossem jogos para a Taça de Portugal, Taça da Liga ou Campeonato, JJ foi “desgastando” ao máximo aqueles onze jogadores, tentando não perder o andar da carruagem. Ao fazer (finalmente) a rotatividade do plantel, fá-lo de uma assentada e de forma radical. Como seria de esperar, falhou!

Pior que isso, transmite uma ideia de falta de qualidade das segundas linhas do Benfica quando, na realidade, isso até pode nem ser verdade. Bastava esta gestão ter sido efectuada de forma equilibrada.
Assim, considero que o tal desgaste que tanto se fala nos jogadores do Benfica é uma falsa questão. Resulta do estilo de jogo mais agressivo e menos racional do Benfica quando comparado com o do Porto mas é, sobretudo, consequência da gestão do plantel menos eficiente de Jorge Jesus em comparação com o seu rival André Villas-Boas.

PS: Reparemos no jogo de hoje: o FCP acabou o jogo sem Sapunaru, Otamendi, Fernando, Moutinho, Varela e Falcao. Não deixou de fazer a sua gestão… mas fê-la de forma mais equilibrada.

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