quarta-feira, 30 de março de 2011

O futebol como catalisador social

A magia do futebol reside nos golos, nos passes, nas desmarcações, nas discussões, nos debates, na polémica.

Reside também na possibilidade de alterar uma trajectória da vida.

Alguém nascido num meio pobre, com graves dificuldades financeiras, sem estabilidade familiar, sem uma referência, com sonhos, mas com muitos caminhos tumultuosos por onde é fácil ir; alguém a quem sempre foi difícil perceber o que quer dizer a palavra “pai”; alguém cujo meio envolvente nunca foi o mais propício a uma educação estável; alguém que, teoricamente, e por mera equação matemática, estaria condenado a um fim deplorável, pode ser ajudado pelo futebol? Pode!

Mesmo que para isso seja necessária uma experiência negativa além fronteiras; mesmo que para isso seja necessário ser capa dos jornais pelas piores razões; mesmo que isso envolva ser considerado uma das grandes promessas falhadas do futebol português; mesmo que durante muito tempo o apelido “eterno fracasso” pudesse ser aplicado.

Com talento nos pés, e equilíbrio na cabeça, é possível inverter o rumo de uma vida.

Toda esta teoria faz sentido.

Contudo, percebemos que é real quando falamos de Fábio Coentrão.

Que Coentrão seja apenas o expoente máximo daqueles que encontraram no futebol uma forma de escaparem a todas as adversidades com que se depararam ao longo da vida.

Coentrão teve sorte? Talvez. Mas a sorte dá muito trabalho. E ele foi capaz de fazer esse trabalho transformando a sua indisciplina em irreverência; a sua impetuosidade em agressividade; a sua revolta em garra; o seu temperamento em feeling; o seu querer e a sua vontade em sucesso.

Sim, teve as pessoas certas ao lado dele, teve a sorte do momento, teve oportunidades. Mas, não será justo ter isto tudo depois da infância/adolescência penosa por que passou?

Acredito que sim e penso que mais importante que os euros que aufere, é o facto de ter encontrado a estabilidade e o rumo que a sua vida necessita.

Afinal, aquilo que todos procuramos!

PS: Obrigado Artur Agostinho! Porque se enquadra, vou usar uma citação de Artur Agostinho para me referir a Coentrão: “a sorte bate à porta de todos, pelo menos uma vez na vida: é preciso é que esteja alguém em casa quando ela bate!”. O Coentrão estava.

Sem comentários:

Enviar um comentário