sábado, 2 de abril de 2011

Um apoio descontrolado


O verdadeiro sentido de existência do futebol, como qualquer desporto, depende na sua globalidade da sua natureza competitiva que incute em quem o pratica e em quem o acompanha como adepto. Ora tendo como base este pressuposto indiscutível, nada é mais natural no futebol do que o nascimento de grandes rivalidades entre clubes. Aliás toda essa rivalidade corresponde à grande parte da emoção que o desporto rei nos dá o prazer de desfrutar.

Até aqui tudo bem. Ora o problema surge quando toda a rivalidade natural do futebol é, por assim dizer, usada e abusada por certas organizações cuja lógica de funcionamento e organização transformam a competição natural e saudável entre clubes em autênticas guerras perigosas perpetuadas entre facções organizadas. Falo claro está das claques.

Qual o verdadeiro sentido da existência de uma claque organizada no futebol? Organizações como os Super Dragões, Diabos Vermelhos, Juve Leo, etc têm toda a legitimidade para existir quando toda a essência da sua actividade é ajudar na organização e manutenção do apoio à sua equipa e, de uma certa forma, dar uma voz ao adepto anónimo. No entanto, quando uma claque se transforma em algo mais que isso, tudo se torna perigoso e descontrolado.

Quando se atiram pedras para cima de viaturas em plena auto-estrada, quando se incendeiam autocarros, quando se assaltam estações de serviços impunemente, quando elementos rivais se confrontam e se espancam violentamente, quando se levam constantemente materiais proibidos para as bancadas como petardos e bolas de golfe e ninguém dá a cara e se responsabiliza, tudo justificado com base no apoio e paixão incontestável pela sua equipa, toda a verdadeira essência de existência deste tipo de organização deixa de existir.

Uma claque tornou-se hoje em dia símbolo de delinquência e decadência, de actividades ilegais, de corrupção e favorecimentos, de estatutos e hierarquias rígidas que vivem num mundo aparte. Quando isto acontece, todo o mundo futebolístico se torna mais perigoso. É por isso que digo que grande parte das claques em Portugal deveriam ser erradicadas, pelo bem da transparência, pelo bem do desportivismo, pelo bem da preservação de certos valores civis, morais e éticos da nossa sociedade que nunca deveriam ser infringidos por causa de um desporto.

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