Michel Platini pode ter sido um dos jogadores lendários na história do futebol, mas tal feito no currículo não o habilita necessariamente a ser um bom líder de uma organização que tutela o futebol na Europa.
É inquestionável a sua vontade de mudar as regras no mundo futebolístico. Uma das suas posições que mais se demarcam é a sua luta contra um futebol cada vez mais capitalista e liberal nos seus mercados. Tem sido patente o seu apoio à promulgação de leis que imponham tectos salariais e limitações nos gastos em transferências. Também tem marcado posições forte contra as transferências de jogadores menores de idade e à livre utilização de jogadores estrangeiros nos clubes.
Todas estas ideias são perfeitamente legítimas e do meu ponto de vista até saudáveis para lutar contra a mercantilização no futebol. No entanto tenho sérias dúvidas que Platini tenha capacidade para as pôr em prática. Por mais nobres que sejam as intenções, é uma figura que não consegue reunir consenso, a sua personalidade não cativa e não torna convincente a sua luta.
Provas recentes foram as suas declarações completamente descabidas, acusando as equipas portuguesas do Braga e mais ainda o Fc Porto de apostarem pouco no uso de jogadores nacionais. Ora este exemplo dado por Platini torna-se anedótico tendo em conta os rácios de utilização de jogadores nacionais nas equipas da Premier League, Serie A e na La Liga.
Tornam-se também suspeitas estas declarações, dadas as divergências que Platini teve com o Fc Porto no passado derivado da sua inclusão na Liga dos Campeões. É um dirigente com ressentimentos para um clube específico e isso torna-se perigoso.
Por fim, são palavras que perdem enorme credibilidade quando se verifica que vêm de uma personalidade cujo sucesso no futebol foi atingido em grande parte pelas suas prestações num clube estrangeiro, a Juventus.
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