quinta-feira, 30 de junho de 2011

Ponto de Situação


Numa altura em que o ritmo das contratações parece novamente acelerar, é tempo para fazer um ponto de situação das três principais equipas portuguesas. Estará a balança a ficar mais equilibrada?
Comecemos pelo campeão. Queira-se ou não reconhecer, parece-me que a propalada saída de AVB acabou por abalar um pouco a aparente imparável muralha portista. A aposta na continuidade da equipa técnica acrescida à imensa qualidade do plantel portista e à estrutura azul e branca faz com que o FCP parta como claro favorito. Afinal de contas, Pinto da Costa é o principal treinador.
Tal como referido no post anterior, também eu considero que o Benfica está a cometer os mesmos erros do passado. Se Rui Costa diz que o “Benfica não esbanja dinheiro” quem sou eu para o contrariar… Mas não é isso que está aos olhos de todos! Acredito que no meio de todo aquele contentor de contratações, estarão 2/3 jogadores com efectiva qualidade mas não acredito ser essa a política que um clube deve seguir.
Embalado no tema passo a bola para o Sporting. Mais do que ajustar o plantel, os novos responsáveis leoninos parecem estar a efectuar uma reestruturação profunda que, simultaneamente, tem sido efectuada sem levantar grandes ondas. Nas contratações já tornadas públicas nota-se critério, rigor e uma análise anterior que não anda ao sabor do vento. Boas novas portanto!
Em suma, verifica-se um aumento do equilíbrio entre os três grandes e isso parece-me claro. Todavia, a qualidade do plantel portista e da estrutura do próprio clube permitem-me colocar o campeão nacional na pole position. Se tivesse que hierarquizar, colocaria Sporting em 2º e Benfica em 3º.
Palpites?

terça-feira, 28 de junho de 2011

Mais do mesmo?

O Benfica perdeu tudo o que tinha para perder esta época que passou. A qualidade de jogo dos encarnados sofreu um autêntico revés com a saída de alguns jogadores importantes e o modelo de jogo imposto por Jorge Jesus simplesmente não funcionou.

O fraquíssimo começo de campeonato, as incríveis humilhações a que o clube foi sujeito pelo rival, o autêntico fracasso na Champions, as gafes cometidas na contratação de certos jogadores como Roberto, Menezes, Airton, etc são argumentos mais que suficientes para dar um abanão na estrutura encarnada e pensar numa diferente filosofia de gestão do clube.

Porém, numa altura em que acaba de começar oficialmente a fase de pré-época, nenhuma mudança se vê no mundo benfiquista. Os reforços que estão confirmados e que ainda estão por confirmar levantam sempre sérias suspeitas de que serão mais do mesmo. São rostos desconhecidos ou então jogadores jovens que se somam à imensidão de caras que compõe o plantel encarnado neste momento.

O dirigente encarnado mantém o mesmo diálogo, Rui Costa apresenta a mesma postura, as contratações seguem o mesmo rumo, certamente que o modelo de jogo de Jesus não fugirá muito ao que tem apresentado. A estratégia e estrutura mantêm-se as mesmas, mesmo após terem dado provas de fracasso. A confiança do benfiquista reside principalmente na crença de que não haverá um super Porto esta época. Será verdade?

sábado, 25 de junho de 2011

Villas-Boas - Contradições


Pinto da Costa dizia: “Primeiro, André Villas-Boas não quer sair. Se ele não tivesse a mesma paixão que eu tenho pelo FC Porto, estou convencido que era capaz de sair. Mas mesmo com uma cláusula de 15 milhões, que para determinados clubes não é significativo, tenho a certeza de que se vierem cá não vai sair» 23/5/11

«Os verdadeiros vencedores são os que se reinventam na sede do sucesso. Vamos definir novos patamares para continuarmos na rota do sucesso, sempre com o campeonato como objectivo mais importante e com a missão de chegar o mais longe possível na Liga dos Campeões» 13/5/11

«Ambicionei esta posição de uma forma louca, cega. É o clube que defendo, onde cresci. Qualquer adepto de qualquer clube sabe o que sente pelo seu emblema. Eu faço-o com o mesmo fervor. Esta é a posição máxima que ambicionei.» 14/1/11

«É verdade que os jogadores têm ambições individuais, mas não as podem sobrepor ao objectivo colectivo. Eu já vivi experiências fora, mas o meu sentimento por este clube é fortíssimo. Não quer dizer que outros o partilhem. Eu não abdico desta cadeira por nada.» 12/11/10

«Estou farto de vos dizer que ambicionei esta cadeira por muito tempo e não vou abdicar dela por qualquer coisa.»

terça-feira, 21 de junho de 2011

A cor do dinheiro


O inesperado aconteceu. Contentamento para uns, desilusão extrema para outros.

Villas-Boas tornou-se na mais cara transferência de um treinador e na melhor contratação de Benfica e Sporting, renovando as esperanças dos dois clubes em chegar ao patamar de FCPorto. Além de contribuir para a subida de expectativas dos eternos rivais, a saída de AVB provoca um sério revés no planeamento portista e na motivação dos próprios jogadores.

Ao invés de continuar na sua “cadeira de sonho”, o agora treinador do Chelsea preferiu apostar na “carteira de sonho” rumando a Londres e deixando o clube do coração numa situação difícil.

Mesmo já sabendo que a indústria do futebol não é movida pelo amor ao clube por parte dos intervenientes, esta situação constitui-se como o exemplo máximo da força que o dinheiro tem. Mais do que se ser feliz, o ser humano é movido pela cor do dinheiro, mesmo quando dele não precisa no imediato.

A afirmação de que a sucessão estava preparada há um mês desde que AVB foi passar um fim-de-semana a Londres demonstra, mais uma vez, a sagacidade de Pinto da Costa. Por outro lado, permite sustentar a tese de que AVB não foi leal com o clube que o conduziu ao patamar que agora se encontra.

De facto,
“Um milionário deve sempre viver um pouco além de suas posses para manter a credibilidade.” Aristóteles Onassis

É assim que Abramovich actua e só quem é capaz de resistir ao apelo do dinheiro é que não acaba...blue!

domingo, 19 de junho de 2011

O descabimento de Platini

Michel Platini pode ter sido um dos jogadores lendários na história do futebol, mas tal feito no currículo não o habilita necessariamente a ser um bom líder de uma organização que tutela o futebol na Europa.

É inquestionável a sua vontade de mudar as regras no mundo futebolístico. Uma das suas posições que mais se demarcam é a sua luta contra um futebol cada vez mais capitalista e liberal nos seus mercados. Tem sido patente o seu apoio à promulgação de leis que imponham tectos salariais e limitações nos gastos em transferências. Também tem marcado posições forte contra as transferências de jogadores menores de idade e à livre utilização de jogadores estrangeiros nos clubes.

Todas estas ideias são perfeitamente legítimas e do meu ponto de vista até saudáveis para lutar contra a mercantilização no futebol. No entanto tenho sérias dúvidas que Platini tenha capacidade para as pôr em prática. Por mais nobres que sejam as intenções, é uma figura que não consegue reunir consenso, a sua personalidade não cativa e não torna convincente a sua luta.

Provas recentes foram as suas declarações completamente descabidas, acusando as equipas portuguesas do Braga e mais ainda o Fc Porto de apostarem pouco no uso de jogadores nacionais. Ora este exemplo dado por Platini torna-se anedótico tendo em conta os rácios de utilização de jogadores nacionais nas equipas da Premier League, Serie A e na La Liga.

Tornam-se também suspeitas estas declarações, dadas as divergências que Platini teve com o Fc Porto no passado derivado da sua inclusão na Liga dos Campeões. É um dirigente com ressentimentos para um clube específico e isso torna-se perigoso.

Por fim, são palavras que perdem enorme credibilidade quando se verifica que vêm de uma personalidade cujo sucesso no futebol foi atingido em grande parte pelas suas prestações num clube estrangeiro, a Juventus.

quarta-feira, 15 de junho de 2011

Coentrão: um exemplo de (má) educação

Não vale a pena estar aqui a dizer o que acho de Coentrão enquanto jogador: fabuloso! Não será exagerado classifica-lo como um dos melhores do Mundo na sua posição.

Contudo, tudo o que tem de sobra enquanto futebolista, falta-lhe enquanto Homem.

É mais do que legítimo querer sair para o Real Madrid, querer ganhar mais dinheiro, ter maior visibilidade, jogar ao lado de galáticos, ser treinado por Mourinho, etc…

Não critico a sua vontade, critico e condeno a forma como está a pressionar toda a gente para que a sua vontade se concretize, ignorando por completo os interesses de quem lhe deu a mão e o ajudou a ser alguém no mundo do futebol.

Sim, por muito que Coentrão diga que andou com o Benfica às costas esta época (facto irrefutável!), esqueceu-se rapidamente de quem lhe deu a mão quando ele era pura e simplesmente um marginal do futebol que só aparecia nas capas dos jornais quando agredia seguranças de discotecas, tinha acidentes porque vinha de directa para o treino, andava à pancada com colegas, etc…

Quer JJ quer o Benfica deram-lhe a oportunidade de se mostrar, de voltar a ser um jogador de futebol na verdadeira acepção da palavra, a oportunidade de mostrar todo o seu talento.

Infelizmente para ele, há algo que nem o Benfica, nem JJ nem ninguém lhe poderão dar: educação, valores e princípios!

Esses não se compram!

PS:  Manuel Fernandes, jogador do Valência, disse recentemente que “gostaria de voltar ao Benfica!”. Que Coentrão olhe para este exemplo e se lembre que, o Benfica que Manuel Fernandes falava, devia ser o Benfica de Castelo Branco, certamente…

segunda-feira, 13 de junho de 2011

Sem perder o Norte

Genericamente falando, a Região Norte não possui o mesmo tipo de apoios e benefícios que desaguam na capital do país. Ainda assim, a grande maioria dos leitores será capaz de reconhecer o Norte enquanto uma região de gente que faz muito com poucos recursos.

Acredito que isto não acontece por acaso. De facto, seja no domínio empresarial ou na vertente desportiva, considero que é na escassez de recursos que se aprende a gerir de forma mais eficaz, racionalizando e maximizando estes.

A capacidade que esta região tem demonstrado nas diversas vertentes tem vindo a reflectir-se igualmente no panorama futebolístico nacional. Basta atentarmos no número (sete) de equipas nortenhas que para o ano disputarão a principal liga de futebol nacional para percebermos a mudança de paradigma que ao longo dos anos se tem vindo a acentuar.

Se a isto acrescermos as finais 100% nortenhas que presenciamos a época transacta, torna-se visível esta nova realidade.

Com esta constatação não se diminui a importância dos dois grandes clubes da capital do país. A grandeza e qualidade destes são indiscutíveis, bem-vindas e inevitáveis.

No entanto, os factos não desmentem - as segundas e terceiras linhas do futebol português estão cada vez mais voltadas para Norte.

terça-feira, 7 de junho de 2011

Afirmações perigosamente desnecessárias


A comunicação que se tem com os media é uma ferramenta demasiadamente forte para ser descurada. Com base numa simples entrevista que se dá a um jornal, rádio, site, canal de tv, etc, pode-se criar um efeito devastador na imagem e nas relações que se mantém com os adeptos, direcção, clubes adversários e um sem número de possíveis intervenientes mais.

Muitos jogadores e treinadores sentem que é perfeitamente aceitável e de valor fazer transparecer tudo o que vai na sua alma perante os microfones e as câmaras. A realidade pode não ser bem assim.

Ultimamente temos testemunhado declarações do Fábio Coentrão que, mantendo ainda um vínculo contratual ligado ao Benfica, expressamente tem afirmado que quer sair do clube para o Real Madrid. A vontade é de facto inquestionável e as probabilidades da transferência se concretizar são até elevadas, no entanto, a forma como Coentrão abertamente tem lidado com o assunto poderá virar-se contra ele.

Está já em curso um processo disciplinar contra o jogador, logo as relações entre administração e jogador não são neste momento as melhores. Os adeptos talvez compreendam mas certamente não vêem com bons olhos certas afirmações reveladas tão abertamente e com demasiada determinação por alguém que supostamente deverá ter jogado com orgulho e amor à camisola.

Talvez teria sido melhor Coentrão ter optado por um discurso mais cauteloso e ter deixado correr as negociações de bastidores por si. Nota-se que a sua ânsia de ascensão têm-se reflectido em entrevistas onde a emoção tem dominado a razão. E quando o discurso para as câmaras e microfones se torna demasiado emocional, as consequências tornam-se perigosamente imprevisíveis.

domingo, 5 de junho de 2011

“No futebol não há amigos”

Não me condenem aqueles que gostam dos afectos, como eu. Não fui eu que proferi esta frase.
Quem  a disse foi o braço direito de José Mourinho: Rui Faria.
Lendo esta frase e tentando-a interpretar, percebemos claramente a ideia de que para Mourinho e seus parceiros, não existem regras e vale a pena quase tudo para se atingir os objectivos.
Mas, será que mesmo com a obsessão positiva de ganhar, com a ânsia de ser o melhor, com o desejo de triunfar, não é possível criar amizades no futebol? Ou será que esta visão dramática e exigente sobre as relações no futebol, são apenas um ponto de vista que pertence a Mourinho & Cª?
Na minha opinião, fico-me pela segunda hipótese. Pois dá-me a ideia que noutros clubes, noutras instituições, noutros países, mas, sobretudo, com outras pessoas, é possível que o futebol seja também um meio onde se criem amizades.
Porque o que fica na história são as vitórias e os títulos.
Mas o que fica para a vida e para mais tarde recordar, são os afectos, são os amigos, são, afinal, aqueles que Mourinho não quer criar no futebol.

quarta-feira, 1 de junho de 2011

Um campeonato alavancado?

Da Roménia chega uma notícia surpreendente relativamente à fragilidade de um clube. O Timisoara, vice-campeão romeno, numa questão de dias viu-se relegado para a segunda divisão devido ao pesadelo financeiro que o clube atravessa. Toda uma realidade de quase insolvência de um clube não foi o suficiente para se reflectir no rendimento desportivo da equipa. Um caso que certamente deixa-nos pensar.

Fazendo agora um paralelismo para o nosso campeonato, quantos clubes estarão neste momento com a corda no pescoço? Já vimos desaparecer num ápice clubes a que nos habituamos a acompanhar e a crescer com eles tais como o Boavista, Salgueiros, Estrela da Amadora, Farense, etc.

Até que ponto todo o rendimento desportivo do clube não estará a de uma certa forma a abafar e a esconder uma grave crise financeira? Muitos clubes da nossa primeira liga registam assistências baixíssimas e uma perda cada vez maior de associados. São cada vez mais escassos também os investidores que querem pegar num clube de futebol dado que a rentabilidade que poderá advir é praticamente nula.

Entretanto chegamos a uma nova fase de construções de plantéis para a próxima época. Todos os dias iremos ouvir novas contratações de novos jogadores, muitos deles brasileiros, outros argentinos, outros franceses, etc. Muitos jogadores que provavelmente virão recheados de claúsulas compremetedoras negociadas por intermédios de agentes e empresas intermediárias esfomeadas por um bom negócio. E muitos clubes medianos, ávidos por soluções rápidas para preparar a pré-época e para mostrarem trabalho aos adeptos, poderão acordar com contratos que nada poderão favorecer o clube quanto a um possível retorno financeiro futuro derivado à valorização do jogador.

Há-de chegar sempre o dia em que os clubes alavancados terão que prestar contas. Muitos que vivem acima das posses e completamente desfasados da sua realidade financeira nunca irão ter um futuro promissor. E esta dura realidade poderá não se aplicar só aos clubes modestos e de meia-tabela, como o exemplo romeno tão bem nos elucidou.